O HRC ontem e hoje
Por Francisco Cartaxo
O Hospital Regional nasceu pelas mãos da Diocese de Cajazeiras, quando o bispo era dom João da Mata Andrade e Amaral. O terreno foi adquirido pela prefeitura em 1937, conforme o livro História da Medicina em Cajazeiras (Editora Universitária, UFPE, 1995), de Luiz de Gonzaga Braga Barreto, que esclareceu: “Para dar andamento às obras, foi constituída uma comissão composta dos seguintes membros: dom Mata, padre Fernando Gomes (posteriormente sagrado bispo) e o médico Celso Matos”. Dificuldades financeiras, contudo, levaram a Diocese a negociar com o governo da Paraíba a continuidade do empreendimento, o que de fato ocorreu. Fez-se o ressarcimento das despesas realizadas, no valor de “vinte contos de reis”, pagos à Diocese, e o estado concluiu a obra, tanto que o “Hospital D. Alice de Almeida foi finalmente inaugurado em 6 de junho de 1941.”
Alice de Almeida foi o primeiro nome daquele hospital, em homenagem à esposa de José Américo de Almeida. Depois, “passou a se chamar em tempos seguintes de Hospital Regional de Cajazeiras e mais recentemente tomou o nome de Hospital Regional de Cajazeiras José de Souza Maciel, como uma deferência ao primeiro cajazeirense formado em medicina”, de acordo com o ilustre médico cajazeirense Luiz Barreto.
Ao longo de quase 70 anos, o HRC atravessou diferentes etapas. Logo no início, sofreu a influência benéfica de dois ilustres conterrâneos que exerciam atividades profissionais em Campina Grande: Vital Cartaxo Rolim e Francisco de Souza Assis. “A influência desses médicos, além de assistencial, está relacionada com o treinamento que eles deram aos médicos de Cajazeiras”, sobretudo, porque nas vindas periódicas “realizavam cirurgias, discutiam casos, apresentavam novas técnicas cirúrgicas e trocavam experiências clínicas.” Ainda segundo Luiz Barreto, esse treinamento em serviço beneficiou, diretamente, entre outros, os médicos Deodato Cartaxo, Otacílio Jurema, Waldemar Pires e Sabino Rolim Guimarães. Lembre-se que, nessa época ainda não existia curso de medicina na Paraíba.
Quer dizer que antigamente o Hospital era um mar de rosas? Nada disso. O HRC foi quase sempre instrumento de disputas políticas, em especial por ser o município de Cajazeiras governado por médicos, na maior parte dos últimos 60 anos, como analiso no livro Do Bico de Pena à Urna Eletrônica (Edições Bagaço, Recife, 2006).
As responsabilidades do velho HRC, hoje sob gestão tripartite (com as imprescindíveis parcerias com a Universidade Federal de Campina Grande e com a Faculdade Santa Maria), significam, também, uma espécie de retorno à missão didática dos primeiros anos de funcionamento. Agora, é claro, com mais amplitude, mais complexidade e em patamar superior.
Em nossos dias, o HRC é o centro do processo de mudança nos padrões gerenciais e do ensino na área de saúde. Basta citar as residências médicas. Com a gestão compartilhada (entre a União, o estado e o município) é necessário que injunções político-partidárias, sobretudo as de cunho nitidamente eleitoral, sejam eliminadas. Do contrário, perderá Cajazeiras a oportunidade ímpar de consolidar-se como moderno pólo de ensino e de prestação de serviços de saúde de dimensão regional. Este deve ser o anseio de todos.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário