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Maria do Carmo

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O letramento digital e suas contribuições no ensino de língua portuguesa

14/10/2015 às 17h09

Por Maria do Carmo de Santana
Licenciatura em Letras – UFCG Cajazeiras – PB
Pós – graduação Psicopedagogia – FIP- Patos- PB

RESUMO
O presente artigo possibilita ao educador uma reflexão sobre a mais recente linha pedagógica que pode contribuir para um trabalho atualizado no campo tecnológico. O Letramento Digital (Xavier 2002), “letrar digitalmente uma nova geração de aprendizes crianças e adolescente que estão crescendo e vivenciando os avanços das tecnologias de informação e comunicação”, preparando-os assim para a familiaridade com o mundo digital. Neste sentido a inclusão dos Hipertextos e da Internet constituem recursos para a realização de leituras e pesquisasde forma mais abrangente e enriquecedora, uma vez que não só motiva o educando,mas também o e educador a questionarem sobre determinado assunto, confrontarem realidades e buscarem informações para sanarem as respostas. Desta forma, este trabalho visa despertar os educadores para a adesãoa idéia do Letramento  Digital como uma inovação no fazer pedagógico agregadas às práticas já utilizadas no cotidiano das aulas de Língua Portuguesa. Sendo assim, os mesmos passarão a ser educadores antenados às exigências do momento com relação aos desafios da tecnologia na educação do mundodo mundo contemporâneo.

Palavras – Chave:Leitura e Escrita. NovasTecnologias.GênerosDigitais

ABSTRAT
This article allows the educator to reflect on the latest pedagogical line that can contribute to an updated work in the technological field. The Digital Literacy (Xavier 2002), "digitally letrar a new generation of learners and teenage children who are growing and experiencing the advances in information and communication technologies", thus preparing them for the familiarity with the digital world. In this sense the inclusion of Hypertext and the Internet as resources for conducting readings and research more comprehensive and enriching way, since it not only motivates the learner, educator  to question about a particular subject, confronting realities and seek to remedy the information responses.Thus, this work aims toawakeneducatorsto adhere tothe ideaofdigitalliteracyas apedagogicalinnovation in theaggregatedopractice alreadyused in thedaily lives ofPortuguese Language classes. Thus, they will becomeeducatorsattunedto the demandsof the momentwith respectto the challengesof technology in educationin the worldof the contemporary world.Keywords: Reading and Writing. New Technologies.Digital genr

 1 –  Introdução
    A modernidade colaborou para o surgimento de um elemento capaz de transformar a vida das pessoas na sua forma de resolver determinadas situaçõesdo dia a dia através de um processo de comunicação que acontece pelo clicar de um botão. O reconhecimento de que as tecnologias exercem função importante na vida das pessoas com o dinamismoque os mesmos possibilitam aos seus usuários são qualidades que faz necessária a Educação incorporar práticas metodológicas utilizando os recursos tecnológicos no ensino das escolas brasileiras.

    O letramento constituioutra realidade que exige das escolas um repensar sobre a prática pedagógica que alguns autores contemporâneos consideram importantíssima.  Autoras brasileiras como Magda Soares, Roxane Rojodefinem “letramento” ampliando comoutras formas de leituras como a maneira das pessoas entender realidades circundantes, compreensão e interpretações de  visando uma relação das mesmas com a realidade e não apenas uma simples  decifração do código escrito através das palavras.

    Nesta configuração de se aprender a fazer “leitura de mundo” como diz Paulo Freire, com a presença da tecnologia nas nossas vidas surge também a necessidade de se incorporar à prática pedagógica mais outro tipo de leitura que exige um aprendizado através das ferramentas digitais caracterizando assim outra dimensão na forma de se fazer educação chamado de Letramento Digital. Este tipo de letramento é necessário nas escolas a fim de ficaremantenadas na atualidade e no progresso das tecnologias fazendo uso do código escrito como meio de se  realizar leituras e prática da escrito através da linguagem em do mundo digital.

    Vale salientar que, para o universo da educação as palavras “letramento e letramento digital ainda são consideradas grandes desafiosuma vez que prevalecem duas linhas de pensamentos muito fortes. Há educadores que concebem o repertório  digital como mais uma forma de se ensinar condizente com uma determinada exigência do mundo atual, estes são considerados os “integrados”,sendo criticamente  considerados passivos em aceitar o consumo da cultura de massa imprescindíveis no processo do ensino e da aprendizagem.A outra visão parte dos educadores que defendem o perigo da tecnologia estes são classificados como “apocalípticos” os quais a cultura de massa significa a ruína dos “altos valores artísticos” com isto também o fim do livro.Diante das duas linhas expostas  pode-se deduzir que o letramento digital não é a anulação dos recursos impressos (livros,, revistas, jornais),mas uma agregação das duas formas de se realizar leituras e escrita numa visão abrangente e enriquecedora.

    Diante do surgimento das novas tecnologias de comunicação a vida modernase modificou,   levando estudiosos a refletirem o processo de ensino e  aprendizagem,  as consequências dessas novas práticas sociais e o uso da linguagem na sociedade. O crescenteuso das ferramentas tecnológicas na vida social exigem dos cidadãos aprendizagem de conhecimento e raciocínios específicos. É neste contexto que surge mais o paradigma de letramento chamado digital que para reforçar o que foi dito anteriormente, o letramento digital vem para suprir a necessidade dos indivíduos de dominarem um conjunto de informações e habilidades mentais que devem ser trabalhadas com urgência pelas instituições de ensino a fim de capacitar o mais rápido possível os alunos a viverem como verdadeiros cidadãos neste novo milênio cada vez mais cercado por máquinas eletrônicas.

    A presença da tecnologia na vida das pessoas faz com que as mesmas crieansiedade por uma educação mais dinâmica, rápida e adequada à realidade contemporânea, pó isso a prática da leitura e da escrita tão exigida no ensino de língua portuguesa passa a ser entendida e vistapelos canais dos hipertextos que surge na internet.Soares (2002), faz uma referência as leitura e escrita realizada no computador, para ela,a tela como espaço de leitura e escrita traz não apenas novas formas de acesso à informação, mas também novos processos cognitivos, novas formas de conhecimento, enfim um novo letramento, isto é um novo estado ou condição para aqueles que exercem práticas de escrita e de leitura na tela (SOARES,2002, p. 152).

    Corroborando com este pensamento enfatiza-se a importância da utilização da internet através dos hipertextos para oferecerem muitas informações sobre determinado assunto e a expansão do conhecimento deste assunto com outras situações favorecendo ao pesquisador a multilateralidade que os links oferecem com informações rápidas e precisas num universo amplo.Por outro, lado adverte os estudiosos do Letramento Digital que fazer uso da tecnologia também implica no posicionamento crítico sobre determinado assunto pesquisado, isto quer dizer que o usuário no caso, o aluno e o professor precisam também desenvolver censo crítico emitindo seus posicionamentos a favor ou contra situações veiculadas na internetnas pesquisa através dos hipertextos.

    Outro aspecto interessante diz respeito à formação docente no sentido de observar o novo modo de ensinar agregando à ferramenta tecnológica digitaloutros instrumentos também tecnológicos e perceber que é necessário aplicar metodologias capazes de se desenvolver o Letramento Digitalnas aulas, mesmo sem deixar de se utilizar  formas convencionais atravésda relação com disciplinas diferentes tornando o ensino uma ação prazerosa e uma aprendizagem satisfatória.Mesmo sabendo quegrande parte das  escolas brasileiras ainda deixa a desejar, no tocante a organização no sentido de uma educação tecnológica que venha a atender aos anseios dos estudantes atuais, é preciso que o profissional da educação esteja aberto para as mudanças e que mais cedo ou mais tarde a sua escola poderá entrar no contexto real em que será necessário adicionar à prática pedagógica  o Letramento Digital.

2 – O significado da palavra letramento numa visão abrangente
    Antes de se entrar na discussão sobre Letramento Digital, é preciso conhecera significação  da palavra Letramento começou a surgir nos anos 80 para designar práticas mais avançadas que a codificação e a decodificação do código escrito. O termo “Letramento”,apareceu pela primeira na língua inglesa no final do século 19 “literacy”. Em meados dos anos 80, ao mesmo tempo, os franceses cunhavam o “illetrisme” Portugal, a “literacia”, enquanto o Brasil “inventava o Letramento”, diz Magda Soares do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

         Para esta autora, letrar é mais que alfabetizar.”É ensinar a ler e escrever dentro de um contexto no qual a leitura e a escrita tenham sentido social e façam parte das vidas das pessoas”.A partir deste pensamento se entende que o trabalho da leitura e escrita na perspectiva do letramento consiste num trabalho mais aprofundado uma vez que a leitura apresenta significações bastante amplaatravés do ato de compreender, entender, contextualizar, criar conclusões com base nas entrelinhas de um texto e compreender também a própria vida.

    Valéria Hartt(2011) * cita o pensamento de Roxane Rojo  quando afirma que letramentos, no plural seria um termo adequado para designar um conjunto diversificado de práticas de sociais rituais que envolvem a escrita e outras  à realidade modalidades de linguagem.Neste contexto o letramento designa uma prática de leitura com visões positivistas da realidade vivenciada pelo leitor como forma de interação, visão cultural e ações na sociedade. Neste entendimento entre os tipos de letramento destaca o Letramento Digital sendo considerado um pedaço do Letramento. “Não se pode conceber um sem o outro”, lembra CarlaCoscarelli * do CEALE. Com base neste pensamento se aluno é capaz de usar a língua escritana vida em sociedade, a tecnologia entra como um dos aspectos a serem ensinado e contextualizado na escola.

“Isto porque estamos vivendo a era da tecnologia e a mesma está fazendo parte da nossa vida, sendo necessário oindivíduo fazer uso da codificação para realizar leituras e escrita através das tecnologia de informação e comunicação (TIC)”.

     Débora Duran **, pesquisadora do Centro Integrado de Aprendizagem em rede (CIAR), “letramento digital é o processo de configuração de indivíduos ou grupos que se apropriam da linguagem digital, nas práticas sociais relacionados direta ou indiretamente à leitura e à escrita mediadas pelas TICs”. No seu livro Letramento Digital e Desenvolvimento: das informações Débora Duran explica que “o processo de apropriação das Tecnologias da Informação e Comunicação(TICs) podem ser entendido como uma estrutura complexa que envolve os recursos tecnológicos, a subjetividade e as características dos contextos nos quais se dão as inúmeras práticas sociais de utilização das ferramentas.
    Querdizer que os recursos tecnológicos caracterizam um conjunto complexo no seu funcionamento que ora são positivos ora negativo para os quais os utilizam. No aspecto positivo podemos entender a importância e agilidade das informações em tempo real e que já passaram a ser utilizadas como ferramenta essencial no dia a dia das pessoas. Por outro lado, as Tecnologias das informações e Comunicação (TICs) afastam de conviverem commaior aproximação e compartilharem de maneira mais próxima dos seus problemas, haja vista que o ser humano necessita da aproximação corporal uns com os outros.

    Com base nos estudos dos psicólogos Lev Vigotski e Alexei Leontiev*Débora Duran defende que “é necessário deixar de lado a postura determinista diante dos supostos impactos digitais. Isto porque os processos de transformações e desenvolvimento decorrentes da mediação tecnológica dependem necessariamente da interferência humana.O que mais importa não é as tecnologias fazer conosco, mas o que podemos fazer (ou não) com elas” explica.Em outras palavras a tecnologia deve ser encarada pelo humano como coisa natural capaz de ser utilizada uma vez que a mesma foi criação deste ser do humano a fim decontribuir para situações melhores na vida deste próprio ser e que só o mesmo é capaz de manusear os instrumentos tecnológicos para a melhoria da sua vida em múltiplos aspectos.

3 – A importância do letramento digital
    As instituições escolares vêm desenvolvendo um papel fundamental no processo de alfabetização e letramento dos alunos, estas parecem ser as duas prioridades da escola: alfabetizar e letrar pessoas (Xavier, 2002). Isto consolidou a cultura da escola através dos meios de comunicação tradicionais (rádio, TV, jornais,revistas etc) e osmeios de comunicação modernos (Internet, CD CD-ROM DVD) indispensáveis àqueles que querem viver bem nas sociedades que valorizam a escrita sendo condicionados arótulos caracterizados (competentes os que dominam o código escrito e inábeis os quenão conseguem fazer outras leituras a ponto do código escrito).

    O Letramento Digital implica realizar práticas de leitura e escrita diferente das formas tradicionais de letramento e alfabetização. Ser letrado digital pressupõe assumir mudanças no modo de ler e escrever os códigos e sinais verbais e não verbais como imagens e desenhos os quais aparecem em menos quantidades nos livros até porque o suporte sobre o qual estão os textos digitais é a tela, também digital (Xavier, 2002).De certa forma o letramento Digital quebra as formas tradicionais de se realizar leitura e escrita pois os sinais verbais, as imagens, os desenhos e a tela digital tornam a leitura mais atrativa e motivação para escrever.

    Outro ponto revolucionário do Letramento Digital diz respeito aideia sobre o ensino/aprendizagem no qual o aluno passa a ser construtor do seu conhecimento, neste sentido o aluno é considerado capaz de criar e desenvolver as capacidades inatas de aprendizagem e não apenas um depósito de conhecimento. É conveniente que se faça um comentário sobre o que Paulo Freire denominou de “Educação Bancária”. Neste sentido a pedagogia utilizada na escola ainda ver o aluno como um depósito de informações a ser preenchido, uma espéciede banco de dados a ser alimentado por um “mestre- provedor” de conhecimento. Diante do pensamento freidianoé preciso se fazer uma reflexão a respeito das formas, digamos quearcaicas, da pedagogia e ao mesmo tempo fazer um elo deste pensamento com  a prática moderna e enriquecedora do letramento digital no qual o aluno passa a ser visto numa outra dimensão.

    (Xavier2002 apud Barton 1998) defende a existência paralela de vários tipos de letramento. Dessa formao letramento digital seria mais um tipo e não um novo paradigma de letramento. Em outras palavras o letramento digital passa a ser fundamental nas escolas para auxiliar o desenvolvimento da aprendizagem do aluno preparando para que o mesmo utilize as ferramentas tecnológicas da informação e comunicação de maneira consciente crítica, e sanando as suas necessidades no mundo digital. O paradigma do letramento digital agrega-se ao conhecimento de mundo através da leitura sobre os aspectos sociais, político, econômico e social, sem deixar de se considerar que a base de tudo consiste no letramento decodificação de código escrito, pois o mesmo constitui a porta de entrada para a realização das diversas leituras.Barton ainda adianta que mesmo dentro do letramento digital há contextos que implicam letramentos diferentes.Segundo o autor:

”Letramento não é o mesmo em todos em todos os contextos. A noção de diferentes letramentos tem vários sentidos: por exemplo prática que envolvem variadas mídias e sistemas simbólicos, tais como um filme ou computador, podem ser consideradas diferentes letramentos como o letramento fílmico e letramento computacional” (Barton, 1998, p. 9)

Entretanto restringe-se aqui o letramento computacional especificamente relacionado à pesquisa através das leituras e adigitação de textos.

4 – Os gêneros Digitais e o Ensino de Língua Portuguesa
    Quando se fala da prática da leitura e escrita se tem em mente que o ensino de Língua Portuguesa é o principal responsável motivador para o desenvolvimento destahabilidade no aluno. Neste sentido surge também a preocupação de desenvolverum trabalho de leitura e escrita na perspectiva do letramento digital.

Os jovens da atualidade considerados “geração y” são às vezes os mais audaciosos no bom sentido, e têm facilidades para lidar com os aparelhos eletrônicos e tecnológicode forma familiarizada e desafiadora tornandonecessário que a escola instaure ambientes dinâmicos e complexos  satisfazendo as ansiedades destes jovens como também  os propósitos escolares expressos nas orientações curriculares e nos compromissos da escola enquanto agência de cultura letrada. Reforça Snyder (2009), uma sala de aula de letramento para o futuro, envolvendo a integração efetivo do letramento impresso (inclusive o literário) e o letramento digital.Isto quer dizer que o ensino de língua portuguesa se tornaria mais atrativo, inovador no qual a mesclagemdos letramentos constituem o eixo da aprendizagem, e ao mesmo tempo se adequando às necessidades e realidades dos alunos e despertando-os para o desenvolvimento das capacidades inerentes ao ser humano.

    Para Rojo (2009), ler envolve diversos procedimentos e capacidades (perceptuais, motoras, cognitivas, afetivas, sociais, discursivas, linguísticas) todas dependentes da situação e das finalidades de leituras, denominadas em algumas teorias de leituras como estratégias. A partir deste comentário se entende o quanto o ato de ler é importante, é bom esclarecer a atuação de todos estes requisitos citados pela autora funcionam na leitura decodificada e também na leitura de imagens, de movimentos e de contextualização. Outro ponto fundamental refere-se às estratégiasde leitura que se pode inserir o uso dos aparelhos tecnológicos como: computador, tabletes e até mesmo o celular com o auxílio da internet a fim de enriquecer a mediação da aprendizagem no tocante à leitura como base fundamental deste processo.

    Neste sentido considera-se o Letramento Digital que emergem na hipertextualidade, que está muito presente na linguagem veiculada na internet. Afinal, o que é hipertextualidade? Pesquisadores como Lanhan (1993), Landow (1992),Tuman (1992) e outros citados por Xavier (2002) afirmam que o uso do hipertexto e da Internet na escola afetará o ensino, aprendizagem e os programas escolares de forma determinante. A utilização dessas tecnologias como instrumentos pedagógicos desafiam os conceitos e as atividades de aprendizagensvigente no que se refere à escrita e a leitura.  Paraos autores em linhas gerais, o hipertexto on-line é a página eletrônica da internet que permite acesso simultâneo do leitor a textos, imagens e sons de moda interativo e não linear possibilitando visitar outras páginas e assim controlar até certo ponto a leitura – navegação na grande rede de computadores.

    A leitura de hipertextos bem como a de livros eletrônicos segundo a visão de estudiosos será uma das práticas usuais de leitura no futuro muito próximo. A leitura na tela é muito mais atraente do que no papel, a multimodalidade é bem maior contribuindo para a construção de sentidos e exigem do leitor novas habilidades e instrumentos para gerenciar a sua compreensão.
 O hipertexto deve ser considerado como o local e o resultado para interação ativa, verbal ou não, entre interlocutores, enquanto sujeitos ativos que dialogicamente nele se constroem e são construtivos, acrescentando a presença de links e uma existência exclusivamente eletrônica do hipertexto como fatores diferenciadores do texto tradicional (GOMES,2010, p. 41).

    O hipertexto como ferramenta de aprendizagem além de transferir ao aluno responsabilidade e autonomia das informações, proporciona aos aprendizesambiente adequado para a autodescoberta de saberes. A internetproporciona aseu usuário ser leitor e autor simultaneamente, pois “um simples click em um determinado link” se abrirá a página digital a ser explorada pelo leito.  

     Xavier (2002) reafirma o pensamento de Lanhan, Tuman e Landow quando os mesmos acreditam que o hipertexto e a internet possibilitam a interação entre várias disciplinas realizando a interdisciplinaridade que dissolve os limites das áreas do conhecimento. Por outro lado, permite ser rápida a conexão com muitos documentos na rede o usuário passa a realizar leituras com mais velocidade e desenvolve o pensamento da capacidade de análise e cruzamentos de informações, reforça os autores. Como se entende, a proposta da utilizaçãoda internet e dos hipertextos para a ação de leituras  e desenvolvimento da escrita são importantíssimos no ensino de Língua portuguesa, afinal há um conjunto de competências a serem desenvolvidas quando se utiliza estes meios no computador ou tabletes. A proposta educacional do hipertexto pressupõe um conjunto de capacidades mentais e ao mesmo tempodescortina a idéia de se buscar algo que às vezes não é enriquecedor,  como sabemos, na grande massa de jovens buscam a internet e os hipertextos para informações inúteis, imorais que desrespeitam  degradam valores da dignidade humana.

    Os autores Lanhan, Tuman e Landow citados por Xavier 2002 apresentam certa vantagens nas leituras dos hipertextos tais como: a)competências para compreender os princípios que regulam aorganização  do conhecimento em um ambiente virtual não mais em locais físicos como  o livro por exemplo; b)  competência para clicar nos “links” que são ferramentas auxiliares de navegação na página eletrônica; c)competência para “sacar” dados apresentados na tela de modo diverso como em textosimagens e sons, que precisam ser selecionados e filtrados em meio às muitas informações dispostas na página eletrônica visitada em toda a internet.Para finalizar, os bate-papos eletrônicos, fóruns eletrônicos, comunidades virtuais, e-mails, textos interativostudo isto e muito  mais constituem gêneros textuais digitais que dão espaço para as interpretações, aquisição do conhecimento e ao mesmo tempo o desenvolvimento do censo crítico como também enriquecimentos culturais, intelectuais, profissionais e lição de vida.

     A conjuntura atual é modificada através dos avanços tecnológicos, sendo necessário que os indivíduos acompanhem tais evoluções no contexto da informação e a socialização via tecnologia, por isso é necessário ser um letrado digital. Para ampliar o sentido da interação:o homem e realidade técnica lógica é bem vindo a reflexão sobre o pensamento de Paulo Freire (1982 apud Xavier 2002)quando diz: eles precisam  perceber a necessidade de além de  tornar-se letrado alfabeticamente , ou seja, saber ler as palavras e o mundo  em todas as suas sutilezasÉ preciso ser letrado digital, isto é, fazer-se cidadão do mundo através dos processos digitais.

5 – O papel do Professor na Era Digital
    Com as novas tecnologias,a maneira de  aprender,  são  exige,  através do trabalho pedagógico são necessárias um novo professor para atuar neste ambiente temático em que a tecnologia serve como suporte na mediação do processo ensinoaprendizagem afirma Luis P. Leopoldo Mercado da Universidade Federal de Alagoas. Mesmo vivenciando as diversas situações de dificuldade no tocante aos currículos com a implantação das novas tecnologias, falta de investimentos na aquisição dos equipamentos, é preciso que acima de tudo os docentes quebrem os preconceitos de que a tecnologia não é material importante no ensino e continuem na mesmice sem procurar as inovações no fazer pedagógico através do campo digital. 

    Neste contexto de compreensão é necessário que o professor mude a sua mentalidade de que mesmo sendo um mediador da aprendizagem ora se põe lado a lado com o aluno no sentido de efetuar descobertas, trocar ideias com os alunos eaprender também com os mesmos; ora o professor o precisa manter a postura fazendo pesquisado com que o aluno acredite que o professor tem capacidade de gerenciar algo no sentido de direcionar discussões e multiplicação do conhecimento. O professor tem a função de facilitar, situações sistemáticas no ato de ensinar uma vez que o mesmo convive com a diversidade caracterizada pelo seu público-alvo é preparado para lidar com a dinâmica da realidade tendo maturidade no sentido de conduzir a situação de aprendizagem. b) estímulo à pesquisa como base de construção do conteúdo a ser veiculado através do computador, saber pesquisar e transmitir o gosto pela investigação a alunos de todos.

     Conforme (Mercado, 1998 apudFrigotto,1996)algunspré-requesitos são considerados na formação do professor: a) conhecimento das novas tecnologias e da maneira de aplicá-los; b)estímulo à pesquisa como base de construção do conteúdo a ser veiculado através do computador,saber pesquisar e transmitir o gosto pela investigação a alunos de todos os níveis;c)capacidade de provocar hipóteses e deduções que passam servir de base á construção e compreensão de conceitos; d)habilidade de permitir que o aluno justifique as hipóteses que construiu e as discuta;e)  especialidade de conduzir a análise grupal a níveis satisfatório de conclusão do grupo a partir de posições diferentes ou encaminhamentos do problema; f)a capacidade de divulgar os resultados da análise individual e grupal de tal forma que cada instrução suscite novos problemas interessantes à pesquisa.

    Estes enfoques exercem função muito forte na maneira de como repensar a educação contemporânea, uma vez que a mesma está atrelada aos modelos educacionais que devem acompanhar os avanços da tecnologia bem como anecessidade de se ensinar utilizando mais um paradigma da leitura dos gêneros digitais como recurso de aprendizagem e preparação para a vida na convivência com o mundo informatizado.Nesta realidade o perfil do educador deve atender as exigências da sociedade do conhecimento.Para(SCHÕN In:NÓVOA,1992), São características do bom educador: 1)ser comprometido – com as transformações sociais e políticas, cabe ao mesmo ter uma visão passiva de transformações do ponto de vista de ministrar o ensino;2)ser competente – cultura sólida e geral que facilite a prática interdisciplinar e contextualizada no domínio das novas tecnologias educacionais; 3)crítico –  postura docente crítica comprometida com a ideia do potencial e do papel dos estudantes na transformação e melhoria da sociedade nos quais estão inseridos; 4) aberto às mudanças – diálogos, ação cooperativa em aulas teóricas práticas estudos importantes para a vida dos estudantes. 5)exigente –promover ensino com intervenção pertinente desestabilizando e desafiando os alunos para o reequilíbrio, avanço e autonomia nos processos de estudos; 6) interativo – produção do conhecimento por meio da interação entre alunos e profissionais da própria área e com alunos do próprio ambiente escolar.

6 – A Realidade da Escola Frente às Novas Tecnologias
    As novas tecnologias chegaram às escolas brasileiras de forma brusca visto que não se esperava que a tecnologia da informação e comunicação ocupasse lugar na vivência das pessoas e que seria a própria escola a principal instituição a ensinar como lidar com a comunicação digital. Isto causou impacto nos docentes uma vez quenão tinhamformação para área do conhecimento digital. 
    Conforme ValériaHartt** de um lado há escolas que recebem alunos conhecedores da língua escrita através do contato com o meio tecnológico.Em contra partida há ainda um grande contingente de estudantes com acesso limitado ao computador e a internet. Mediante esta realidade característico do Brasil faz com que o Letramento Digital aconteça em dois âmbitos: primeiro ensinar a criança a usar os mecanismos de busca, formatar um texto, redigir um e-mail, em segundo lugarpromover o trânsito na web de modo crítico, fazendo com que o sujeito perceba em que pode ou não confiar. Alerta Silvia Colello,* da Faculdade de Educação daUSP(Feusp).

    As redes sociais mostram que os atuais suportes tecnológicos são centradona escrita e favorecem a prática e a imersão da prática letrada. Em outras palavras trabalhar com alguma ferramenta da informação como Orkut, facebook e e-mails favorecem ao desenvolvimento da execução da escrita concomitantemente à prática da leitura. Isto comprova que simpatizam mais as leituras feitas nos aparelhos tecnológicos (computadores, tabletes e celulares) porque a presença dos ícones, símbolos e imagens possibilitam maior interesse aos alunos de que mesmo nos livros, uma vez que para eles não é muito atrativo. Algumas reflexões devem ser feitas nas escolas para encarar o desafio de ensinar sobre a luz do letramento digital: Maior flexibilidade de conteúdos visando a abertura para outros universo do conhecimento, trabalhar com projetos de busca da informação, de construção de sites que extrapolem as disciplinas propriamente ditas explica **Carla Coscarelli:Proporcionar ao aluno atividades mistas (presenciais e á distância), a escola divide responsabilidades com toda uma comunidade de aprendizagem – estudantes, professores e pais, uma redefinição da didática, projeto político pedagógico apoiado na metodologia das mudanças nas configurações da tecnologia.Nesta realidade as comunicações digitais poderão criar novas potencialidades individuais e coletivas para a construção do conhecimento dinâmico e atual.

    A perspectiva da inter-aprendizagem através das comunidades on-line enlarguece a dimensão da sala de aula no que diz respeito ao uso de uma ferramenta didático-pedagógica essencial no mundo contemporâneo que é a informática intrínseca às necessidades do ensino atual.

CONSIDERACÕES FINAIS
    Para finalizar o letramento enquanto decodificação do código escrito do idioma português é de fundamental importância numa sociedade na qual considera a leitura e a escrita como qualidade que caracteriza uma pessoa alfabetizada mesmo sendo iletrada do ponto de vista social e conquista da cidadania. Porém, há outras vertentesfocalizam outros tipos de letramentos  que desenvolvem as aptidões na busca de alternativas e melhores condições de participação e convivência na sociedade.Numa realidade vivenciada pelos indivíduos os quais estão interagindo diretamente com a Tecnologia da Informação e da Comunicação se faz necessário que a escola utilize o letramento digital como meio fundamental de preparar os alunos para saberem conviver com a realidade digital.

    Diante desta realidade, os profissionais da educação e principalmente de linguagem precisam desenvolver estratégias pedagógicas variadas nos espaços educacionais (sala de aula e laboratório de informática para enfrentar os desafios que estão sendo colocados através da tecnologia na educação. É preciso alfabetizar, letrar e letrar digitalmente o maior número de sujeitos preparando-os adequadamente de acordo com as exigências no séculodo conhecimento.

    Quanto à formação do professor em novas tecnologias primeiramente é necessário que o mesmo conscientize-se de que elas podem ser úteis no seu trabalho como mediador da aprendizagem e criar novasexpectativas de buscas para um aprendizado novo enriquecedor e necessário para o ensino e aprendizagem. É importante também que o professor seja consciente de que o uso efetivo da tecnologia por parte dos alunos passa primeiro por uma assimilação do conceito de tecnologia entendida pelosprofessores isto quer dizer que o professor se preparar para fazer  uso  da tecnologia de maneira consciente e enriquecedora da aprendizagem e não apenas passatempo.

    Se espera do educador do século XXI um sujeito agente das transformações capazes de fazer uso dos instrumentos tecnológicos mais um meio de adquirir conhecimento e partilhar com os seus alunos o ensino frente a realidade e conveniente às necessidades e sanando situações no sentido de favorecer meios para que a aprendizagem no campo da comunicação digital seja enriquecedora  sugerindo alternativas para aquisição do conhecimento intelectual dos educandos como também preparação para que os mesmo se tornem pessoas letradas do ponto de vista tecnológico adequando-se assim ao novo panorama atual.

    É preciso que o docente entenda que as tecnologias da informação e da comunicaçãoos computadores a internet  “não  vieram para anular” a figura do professor na sala de aula, e sim colaborar com o mesmo para a verdadeira eficácia do ensino numa visão contemporânea de um profissional antenado nas evoluções do contexto real. Outro aspecto a ser enfatizado diz respeito à ideia que não só é o letramento digital que vai ocupar todo o espaço da ação de ensinar, ele apenas constitui parte de um trabalho pedagógico voltado para uma das necessidades de aprendizagem dos indivíduos que convivem numa sociedade na qual a comunicação está sendo veiculada em via- de- regra através da linguagem digital.

**Valéria Hartt. Revista Educação. Especial Tecnologia.p.16,2011.*Silvia Colello. Revista Educação. Especial Tecnologia. p.16, 2011
**Carla Coscarelli. Revista Educação. Especial Tecnologia. p.19,2011.

        Outro aspecto importante inerente ao fazer pedagógico é o despertardos alunos para uma consciência crítica frente às injustiças sociais e o fortalecimento de atitudes autônomas de participação nas mudanças dialogando, agindo e expressando seus ideais exercendo a sua. Em suma o trabalho do educador apresenta muitas linhas de aprendizado para o educando cujas dimensões são ilimitadas. Para o educador atualfazer uso  das ferramentas digitais  no ensino representa grande desafio e ao mesmo tempo uma grande revolução na sala de aula. Assim,as ferramentas tecnológicas serão utilizadas tanto para a aprendizagem no aspecto digital como também fazer uso das mesmas para o desenvolvimento pleno das potencialidades de seus educando realizando múltiplas formas de letramento que são intrínsecos para agir na vida como agentes participativos e transformadores. 

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http://www.educacaoetecnologia.org.br/?p=8693 Acessado em 17/02/2014.

*Silvia Colello.Especialtecnologia.Revista Educação. p.16,2011.
*Carla Coscarelle.Especial Tecnologia. Revista Educação. p.16, 2011 

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

Contato: [email protected]

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

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