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Renato Abrantes

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O Povo e Cachorro

26/11/2010 às 00h00

Semana passada, tive uma experiência formidável e que me levou a uma reflexão profunda. Precisei levar o Luppy – meu cachorrinho, poodle com maltês – ao médico veterinário. Assustei-me com a prontidão com que a consulta foi iniciada e realizada. Rapidamente, o diagnóstico foi dado e a medicação prescrita. Porque ele estava sem comer direito, a ração também foi mudada. Em menos de vinte minutos, saí da clínica veterinária sabendo de tudo o que o cachorrinho tinha e como proceder para que ele ficasse bom logo.

No caminho de volta, minha lembrança trazia à mente as pessoas que tive de conduzir ao hospital, seja enquanto exercia o ministério sacerdotal em Marizópolis (PB), seja enquanto cidadão que deve pensar e ajudar o próximo. E cheguei à triste conclusão de que poucas foram as vezes em que, mesmo insistindo e utilizando-me da então condição social privilegiada (padre), que usava somente nessas horas, consegui um atendimento tão bom quanto ao que foi dado ao Luppy.

Estou convicto de que as pessoas não são bem tratadas. Não se reconhece mais a dignidade que todos portam, mas que pouquíssimos reconhecem. Os hospitais públicos, mais que lugares de recuperação da saúde, parecem masmorras insalubres, em que o ser humano é ultrajado. Ai de quem precisar do SUS. Em alguns casos, é melhor morrer em casa.

Até quando os milhões e milhões de reais da saúde continuarão a ser desviados? Não adianta tapar o sol com a peneira e ficar revoltado com o que estou escrevendo. Contudo, o problema não é apenas financeiro; é humano também. Até quando médicos, enfermeiros, auxiliares, atendentes terão comportamento rude com quem chega às suas mãos? Evidentemente, há belos exemplos que salvam essas categorias, mas, infelizmente, são poucos. Aos meus alunos do curso de enfermagem, na Católica de Quixadá, conclamo permanentemente a terem vergonha e a respeitarem o ser humano debilitado que se entregará aos seus cuidados.

Esquecem estes senhores e senhoras que o salário deles é pago pelo contribuinte com compra um quilo de açúcar e paga 37% do valor em impostos que, entre outros, será revertido em verbas para o Ministério da Saúde (ou para o bolso de alguns).

O povo brasileiro tem que esbravejar quando estiver sendo maltratado num hospital, ou quando não estiver sendo atendido por falta de material. Ele merece respeito. Afinal, hospital não é clínica veterinária. Antes fosse…

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

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