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Alexandre Costa

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O que fazer com as águas do São Francisco?

04/11/2021 às 18h53

Trecho do Eixo Norte da transposição em São José de Piranhas-PB

Por Alexandre Costa

A entrada triunfal das águas do Velho Chico na barragem da Boa Vista, a penúltima do eixo norte do projeto do PISF-Projeto de Integração do Rio São Francisco, em São Jose de Piranhas, deu um banho de água fria na cara dos incrédulos que duvidaram até o último minuto que essas águas jamais chegariam aos Sertões da Paraíba. Era para duvidar mesmo. Há quem apostou em tomar banho pelado em praça pública se essas águas chegassem à Cajazeiras. Afinal foram 14 anos de espera, passando imperador Pedro II que prometeu a obra, Lula que iniciou e Bolsonaro que concluiu e inaugurou na semana passada.

Com um orçamento inicial previsto para R$ 4,5 bilhões essas cifras vão passar dos R$ 12 bilhões com inclusão dos canais acessórios do ramal do Piancó e Caiçara/Apodi. Como sempre ocorre na grande maioria das execuções de obras públicas no Brasil, o PISF foi marcado pela falta de planejamento e uma corrupção sistêmica que provocou sucessivos atrasos na sua conclusão.

Depois de concluído com mais de 08 anos de atraso o PISF chega trazendo à tona um conjunto de dúvidas e incertezas sobre questões cruciais sobre sua operacionalização e os beneficiados finais dessas águas. São questões inevitáveis e inadiáveis que se arrastam sem respostas desde a conclusão do Eixo Leste em 2017: quem vai bancar os custos de operação e manutenção de todo sistema da transposição? Para quem vai essa conta? Para a União, para os governadores dos Estados beneficiados ou para o consumidor final?

Concebido originalmente para atender o consumo humano e animal e microprojetos de irrigação familiar, implantados nas VPR-Vilas Produtivas Rurais as margens dos canais, o PISF vem sendo fustigado pelo agronegócio na busca de uma resposta básica: as águas do velho chico poderão ser utilizadas em larga escala com, por exemplo, em perímetros irrigados no vale do Açu no RN, Tabuleiro de Russas no CE ou mesmo aqui em São Gonçalo na Paraíba?

São questionamentos injustificáveis, um absurdo sem tamanho, que já deveriam ter respostas do MDR-Ministério do Desenvolvimento Regional, pois, há mais de quatro anos essas águas chegaram ao seu destino na barragem de Boqueirão de Cabaceiras no Cariri paraibano e o Governo Federal simplesmente não sabe o que fazer com as águas do Velho Chico. Coisas do Brasil.

Na região de Cajazeiras, enquanto as obras de reforma das comportas e reforço do maciço (parede) da barragem, Engenheiro Avidos avançam em ritmo célere, um grupo de empresários sertanejos já manifestam interesse em investir naquele distrito que com a chegada das águas e asfaltamento da estrada de acesso, desponta como um grande potencial turístico a ser explorado atraindo diversos investimentos privados que passam desde a construção de um Hotel Fazenda, restaurantes e até a implantação de uma empresa de locação de equipamentos náuticos.

São as águas do Velho Chico matando a sede dos sertanejos e alavancando o desenvolvimento do semiárido nordestino.

Alexandre Costa

Alexandre Costa

Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário, especialista em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Potiguar, diretor da Fecomercio PB, presidente da CDL de Cajazeiras e membro fundador efetivo da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal).

Contato: [email protected]

Alexandre Costa

Alexandre Costa

Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário, especialista em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Potiguar, diretor da Fecomercio PB, presidente da CDL de Cajazeiras e membro fundador efetivo da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal).

Contato: [email protected]

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