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Francisco Cartaxo

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Padre Moreira, que padre Moreira?

10/03/2019 às 12h13

Coluna de José Antônio

Errei, mas não maldigo o erro. Não fora o erro não haveria o acerto. Assim como, sem a feiura inexistiria a beleza, dizem. Ou, sem a pudicícia, a sensualidade jamais teria a explosão aguardada pelos amantes. Bendigo o erro, portanto. Ele me dá a oportunidade de corrigi-lo, agora, pondo os pingos nos devidos lugares. Semana passada, escrevi neste espaço que o professor Sebastião Moreira Duarte viajara a Mauriti em busca de remexer o passado, através do padre Argemiro Moreira, personagem expressivo da religiosidade naquele município cearense. Errado. Baralhei os sobrenomes. O do padre e o do escritor. O nome correto do sacerdote – que atraiu o pesquisador cajazeirense, membro da Academia Maranhense de Letras -, é Argemiro Rolim de Oliveira. Para reparar o erro, não me motiva nenhum sentimento de culpa. Este sentimento se vincula à noção de pecado. E eu não me sinto pecador.

Padre Argemiro Rolim de Oliveira tem sua vida ligada à história de Mauriti, graças ao trabalho desenvolvido como ativo vigário, na segunda metade do século passado, quando foi designado, em fevereiro de 1964, pelo bispo do Crato para dirigir aquela paróquia. Argemiro não é cajazeirense, como poderia indicar o Rolim em seu nome. O pai, Bonifácio Guedes Rolim, é de Cajazeiras, mas casou-se no Ceará com Maria Auxiliadora de Oliveira. Argemiro nasceu em Lavras da Mangabeira, em 1921, no sítio Unha de Gato, distrito de Quitaius. Seus pais eram agricultores pobres, por isso, teve dificuldade de frequentar escolas de ensino médio. Contando com a compreensão da diocese e dos padres salesianos, o rapaz Argemiro ingressou no Colégio Diocesano Padre Rolim, quando padre Vicente Freitas já se preparava para transferir ao padre Campelo a direção daquele educandário à orientação salesiana, em 1938. “Eu quase seria Salesiano, só não fui porque meu pai não consentiu”, escreveu mais tarde padre Argemiro, em depoimento autobiográfico, constante do livro Um coração para amar a Deus, organizado por sua parenta, enfermeira Antônia Rose Moreira Rolim.

Antes de fixar-se em Mauriti, padre Argemiro, ordenado em Fortaleza (1950), foi pároco em Cococi, aliás por onde andou padre Inácio de Sousa Rolim, um século antes. Depois, foi nomeado delegado diocesano do ensino religioso, baseado em Crato (1957), vigário de Orós (1962) e, enfim, no começo de 1964, ele chega a Mauriti, onde desenvolveu proveitoso trabalho assistencial à comunidade. Fundou a Escola Normal de Mauriti, para formar professoras do ensino primário, a Casa de Parto, mais tarde transformada em maternidade e assistência pré-natal, entre outras ações dessa natureza. Por isso, e graças à seriedade na evangelização, padre Argemiro é muito festejado em Mauriti.

Em 1979, é designado para a paróquia de São Francisco de Assis, no Crato. Já estava doente, conforme relato registrado no livro mencionado. Após tentativas de curar-se dos males que o afligiam, em centros médicos mais avançados, ele falece no Hospital Cura D’Ars, em Fortaleza, no dia 12 de fevereiro de 1986, uma quarta-feira de cinzas.

O nome do padre Argemiro Rolim de Oliveira é reverenciado com carinho por muitos católicos de Mauriti, apesar de, ao longo de sua atividade como sacerdote, ter tido conflitos políticos. Sua memória é cultuada. Ali foi criada a Fundação Padre Argemiro Rolim de Oliveira, dirigida por fieis, a maioria parentes, que procuram exaltar a generosidade, o amor, a dedicação daquele sacerdote.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

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Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

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