Padre Rolim: um nome a ser preservado, mas…
A Academia Cajazeirense de Artes e Letras deverá promover no próximo dia 22 de agosto um debate sobre a História de Cajazeiras, principalmente no que se relaciona às datas de sua Emancipação Política e a de sua elevação de Vila à categoria de Cidade. Deverão participar os historiadores e demais pessoas interessadas no assunto. O encontro marcado com a História da cidade será realizado na Câmara Municipal, célula maior de sua vida democrática, política e administrativa, local de todo o processo evolutivo desde os primórdios de 23 de novembro de 1863.
Neste 22 de agosto Cajazeiras celebra o “Dia da Cidade”, instituído por Lei Municipal no ano de 1948, projeto de autoria do vereador Geminiano de Sousa. A ideia desta data foi do historiador Antonio José de Sousa por ser a do nascimento do Padre Ignácio de Sousa Rolim, indiscutivelmente um dos mais ilustres filhos desta terra, muito embora o município de Cajazeiras tenha sido criado no dia 23 de novembro de 1863 e a Vila de Cajazeiras foi elevada à categoria de cidade no dia 10 de julho de 1876.
Portanto, este ano estamos celebrando 220 anos do nascimento de Padre Rolim e 157 anos de nossa Emancipação Política e 144 anos da elevação da Vila de Cajazeiras à categoria de Cidade, fato ocorrido em 10 de julho de 1876.
Por que o padre é tão importante na vida de Cajazeiras?
Foi e está sendo até os atuais dias a figura mais proeminente de toda a nossa História, ao ponto da cidade RELEGAR PARA UM SEGUNDO PLANO a data de sua Emancipação Política e da sua Elevação ao predicado de Cidade.
Tenho defendido, através de palestras, artigos e em diversos debates que deveríamos comemorar a data de nossa independência em 23 de novembro, mas também defendo que devemos continuar festejando o “Dia da Cidade”, na data do nascimento do Padre Rolim, muito embora ainda não seja correto assim procedermos.
Não consigo entender porque continuamos cometendo esse ERRO HISTÓRICO e ensinado ao povo e a nossa juventude de forma grosseira e errada as nossas principais datas, ao ponto de todas as autoridades ficarem bradando nos microfones das emissoras de rádio que o dia 22 de agosto é a data de nossa emancipação. Dói ouvir isto todos os anos. Até quando?
Talvez, a minha única voz a bradar no deserto nunca teria o efeito que eu desejava, mas agora com a participação da ACAL e seus 40 sócios, se todos assim desejarem, possamos corrigir e ensinar direito a nossa bela e interessante história.
Quero ressaltar mais uma vez: não desejo que seja riscado da História a figura singular e extraordinária do Padre Rolim e de seu real valor para o desenvolvimento, e principalmente, para que Cajazeiras pudesse, em seu tempo, ser reconhecida pelo Império e nos primeiros anos da República.
Vejamos alguns depoimentos sobre a importância do Padre Rolim:
Cônego Francisco Lima: “Cajazeiras não é filha dos currais. Cajazeiras não nasceu do garimpo. Cajazeiras não se originou das senzalas. Cajazeiras não se fundamenta no egoísmo bandeirante. Cajazeiras é o prolongamento de um colégio, o colégio do Padre Rolim.”
Sebastião Moreira Duarte: “Inácio Rolim se posta, ao longo do século XIX como um marco de inversão do que seria o curso “natural” das coisas. Mas não está aí o único nem o primeiro fato a causar assombro na história de sua vida.”
José Lins do Rego: “A história desse padre-mestre-sábio…encheu o sertão com sua figura lendária”
Governador Argemiro de Figueiredo: “O padre Rolim foi um dos mais interessantes pioneiros da civilização paraibana. Além do seu valor de sábio, sobressai o de homem de ação, que imaginou e realizou obra de maior benemerência, edificando um centro de cultura dentro do obscurantismo sertanejo do segundo quartel do século.”
Senador Ronaldo da Cunha Lima: “O padre Rolim deixou uma obra educacional e cristã de imenso valor, a partir dos seus livros e de suas ações.”
Edme Tavares de Albuquerque: “As gerações se marcam no tempo pelas obras que realizam, e Padre Inácio de Souza Rolim é o símbolo de várias gerações, projetando sua obra admirável de evangelização e sabedoria para aquém do tempo.”
Olívio Montenegro: “O Padre Rolim, já havia sido professor de Grego nos grandes tempos do Seminário, professor e diretor, lugares que voluntariamente deixou para uma vida quase como a dos grandes anacoretas, no sertão de Cajazeiras, da Paraíba, onde acabou por fundar um colégio que foi dos melhores de todo o interior do Nordeste, e que ainda subsiste.”
Celso Mariz: “A sua casa de ensino se fazia à proporção que chegavam novos discípulos. Cada aluno esperava por seu teto, embora já encontrasse o seu livro.”
Sebastião Duarte: “É pelo alcance do seu empreendimento educativo que o Padre Rolim se fez merecedor do mais elevado apreço de quantos se dedicam ao estudo da educação nacional”.
Dr. Antonio Coelho de Sá e Albuquerque: “A moralidade e ilustração bem conhecidas desse distinto paraibano, e o assinalado serviço que ele presta à sua Província merecem a presente demonstração do meu reconhecimento.”
Eusébio de Sousa: “…seu colégio conseguiu tamanho renome, que bastava possuir-se um atestado de ter sido seu aluno para valer uma recomendação entre os conterrâneos.”
Deusdedit Leitão: “…o que vale dizer que nasceu ele juntamente com a cidade, a que ligou seu destino, ao longo de todo o século XIX, vivido por ele, na sua permanente preocupação com o futuro da sua terra, acompanhando o seu desenvolvimento desde a primitiva condição de fazenda até a projeção que alcançou como uma das mais importantes cidades da Província.”
Cônego Francisco Lima: “Cajazeiras é o genuíno berço da liberdade e do altruísmo cristão em nossa terra, como filha espiritual de um santo como luminosa concepção de um sábio…”
Do Relatório do Diretor da Instrução Pública da Província da Paraíba, em 1865: “Louvores sejam dados ao digno sacerdote que assim há amenizado e polido os rudes costumes da mocidade de nossos sertões. O Padre Inácio de Sousa Rolim, seu instalador e regente, é credor de encômios e respeito de todos os brasileiros.”
Que Cajazeiras e o Padre Rolim sejam eternos!
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