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Elan Nascimento

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PIB 2023: Uma avaliação dos números

02/03/2024 às 10h29

PIB 2023: Uma avaliação dos números (Foto: Montagem Priscila Tavares/ Portal Diário)

Por Elan Nascimento Apolinário

Assessor de Investimentos credenciado à XP Investimentos

Tradicionalmente, sempre iniciamos o segundo bimestre do ano com o anúncio do PIB do ano anterior. Nesta sexta-feira (1º), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o PIB brasileiro de 2023, mostrando um crescimento de 2,9%. Em números financeiros, a riqueza produzida no Brasil foi de R$ 10,9 trilhões no ano.

Olhando tão somente para esse número final, instantaneamente somos levados a concluir que todo ocorreu muito bem, a economia cresceu, estamos no caminho certo, vamos abrir um champagne e tudo mais. Porém, precisamos analisar com mais profundidade a construção desse número para que possamos tirar conclusões mais precisas.

O PIB pode ser calculado sob duas óticas: a da oferta e a da demanda. Ambas levarão ao mesmo resultado, a diferença é que enquanto na primeira é levado em conta o desempenho dos 3 grandes setores da economia (agronegócio, indústria e serviços), na segunda, se analisa os gastos dos principais detentores de dinheiro de uma economia (famílias, governo e investidores), juntamente com os números da balança comercial (exportações – importações).

Avaliando pela ótica da oferta o setor do agronegócio em 2023 teve um comportamento fenomenal marcado por uma safra excepcional de grãos, principalmente soja e milho, fazendo a agropecuária registrar uma alta de 15,1% no ano. Depois do primeiro trimestre excepcional, quedas.

Setor do agronegócio (Fonte: IBGE)

O Brasil é reconhecidamente uma potência mundial no agronegócio, e em 2023 mostrou sua importância e seu valor para a economia, sendo o setor que puxou o PIB para cima. O grande porém, é que o setor agrícola pode ser particularmente volátil devido a fatores como mudanças climáticas, preços globais de commodities e políticas agrícolas.

A indústria deu sinais positivos, principalmente por conta da alta na extração de petróleo e gás natural e de minério de ferro, e a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, influenciada pela melhora nas condições hídricas em relação à 2022 e o aumento das temperaturas médias do ano.

Setor da industria (Fonte: IBGE)

O setor de serviços, o que possui a maior participação no PIB, foi resiliente ao longo do ano e mostrou crescimento em todas as áreas: Atividades financeiras (6,6%), Atividades imobiliárias (3,0%), Outras atividades de serviços (2,8%), Informação e comunicação (2,6%), Transporte, armazenagem e correio (2,6%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (1,1%) e Comércio (0,6%).

Setor do serviço (Fonte: IBGE)

Avaliando pela ótica da demanda o crescimento do PIB foi impulsionado pelo aumento do consumo das famílias, que teve como grande fator o aumento do salário mínimo e o controle da inflação, e pelos gastos do governo.

Quando olhamos para o gasto empresarial, representado pelos investimentos na cadeia produtiva, vemos números ruins nos três primeiros trimestres, com uma melhora significativa no quarto, provavelmente porque os empresários foram cautelosos com os rumos que a economia poderia tomar e depois, certamente pelas quedas da Selic, retomaram alguns investimentos.

Na balança comercial as Exportações de Bens e Serviços cresceram 9,1%, enquanto as Importações de Bens e Serviços caíram 1,2%.

Quero chamar a atenção para a qualidade das contas gastos das famílias e gastos do governo, essas contas não indicam necessariamente uma inclinação para o crescimento sustentável, já que as famílias podem mudar rapidamente seus hábitos de consumo, observamos inclusive uma queda nesse consumo no último trimestre, e os gastos do governo nem sempre são aplicados com uma boa eficiência.

Precisamos de um crescimento pautado nos investimentos e na Balança Comercial para termos um avanço com números que nos leve a crer numa continuidade desse crescimento no longo prazo, como ocorreram com os Tigres Asiáticos, sobretudo a China, nas últimas décadas.

Os dados do PIB mostram que a economia brasileira avançou no primeiro semestre, mas depois andou de lado no segundo semestre. As expectativas de crescimento para a economia brasileira em 2024 são de crescimento, mas em ritmo inferior ao de 2023. Os analistas do mercado financeiro projetam um PIB de 1,75% em 2024.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Elan Nascimento

Elan Nascimento

Elan Nascimento é bacharel em Administração pela Universidade Federal de Campina Grande. Cursa Especialização em Mercado Financeiro e de Capitais pela PUC Minas e concluiu MBA em Investimentos e Asset Allocation pelo Grupo Primo. É servidor público e assessor de investimentos credenciado à XP Investimentos.
WhatsApp: (83) 99837-5740

Contato: [email protected]

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Elan Nascimento é bacharel em Administração pela Universidade Federal de Campina Grande. Cursa Especialização em Mercado Financeiro e de Capitais pela PUC Minas e concluiu MBA em Investimentos e Asset Allocation pelo Grupo Primo. É servidor público e assessor de investimentos credenciado à XP Investimentos.
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