Por que Cajazeiras não tem um grande e moderno hospital?

Maquete digital do Hospital Universitário do Sertão. (Foto: Reprodução da internet)

POR JOSIVAL PEREIRA – Por que Cajazeiras, mesmo sendo um polo regional importante, não conta com um grande e moderno hospital público?

O Hospital Regional de Cajazeiras já tem mais de 80 anos de inaugurado e, embora tenha passado por várias reformas e ampliações, não foi planejado para os tempos atuais, repletos de diferentes e complexas patologias.

Por que a cidade de Patos, já contando com um hospital maior do que o de Cajazeiras, vai ganhar o Hospital de Traumas do Sertão?

Não é que Patos não mereça e precise. É justa a construção de um novo e moderno hospital naquela cidade. A questão é por que Cajazeiras não ganha um equipamento semelhante?

Por que Patos já tem o Hospital do Bem para cuidar dos casos de câncer e Cajazeiras não dispõe de um equipamento de medicina especializada?

Nada contra Patos. O Hospital do Bem é necessário e foi justa sua construção. A questão é por que não em Cajazeiras também, cidade localizada na outra ponta do Estado, onde existe uma região que centraliza respeitável parcela da população paraibana.

Abra-se, aqui, um parêntese para registrar que, recentemente, Cajazeiras bateu na trave, quase ganha um grande e moderno hospital. Era o Hospital Universitário. A sociedade civil organizada cajazeirense se mobilizou, como tem feito regularmente, e o projeto de R$250 milhões entrou em pauta, ganhou emenda parlamentar de R$25 milhões, mas o movimento acabou em frustração. O governo Bolsonaro não queria construir hospitais e o dinheiro da emenda foi esgueirado para outras demandas.

Essa mobilização recente serve bem para a continuidade dos questionamentos que vinham sendo feitos.

Por que, então, antes do movimento em defesa do Hospital Universitário não se cogitava sobre a implantação de um novo e grande hospital público em Cajazeiras?

Talvez possa se perguntar assim: por que nunca se falou antes e não existe mais para trás um projeto de construção de um novo grande e moderno hospital público em Cajazeiras? Um hospital de clínicas e para cuidar de casos de traumatologia?

Ponha-se, pois, o dedo na ferida: por que os políticos de Cajazeiras, ao longo da história, não reivindicaram a construção de um novo, grande e moderno hospital?

É verdade que os políticos apoiaram o movimento em defesa do Hospital Universitário, mas por que não reivindicaram antes? Se falaram nesse assunto, foi tão baixo que não se ouviu nem ninguém lembra.

O ex-prefeito Vituriano de Abreu avaliou, no início da década de 1990, haver necessidade de um hospital de trauma em Cajazeiras. O deputado federal Zuca Moreira, como Secretário de Saúde do Estado, ainda começou a construir um pronto socorro ali próximo ao Perpetão, mas a obra não deu certo.

Por que, então, Cajazeiras com tantos prefeitos e líderes políticos médicos não tem um grande e moderno hospital?

Talvez argumentem não haver necessidade, o Hospital Regional, ampliado, já seria suficiente.

Será somente uma desculpa amarela, sem justificativas plausíveis.

Talvez aleguem que um hospital seria muito caro e que havia outras prioridades.

Será uma desculpa tremendamente esfarrapada, sem qualquer base na realidade.

Ninguém vai assumir, mas Cajazeiras parece ter sido vítima de um caso de descuido imperdoável de suas lideranças políticas. Descuido que pode ter sido motivado pelo individualismo político, por certa incompetência e por elevado grau de insensibilidade. Um grande e moderno hospital era uma bandeira que não poderia nunca deixar de ser desfraldada.

Mas pode ser também que se trate de um grave vício que atinge boa parte dos médicos que se aventuram na atividade política no interior Brasil afora, que é a dependência do receituário e do assistencialismo à saúde não apenas em campanhas eleitorais, mas durante os próprios mandatos. Pacientes e famílias são quase sempre eleitores fiéis. Transbordam, no Brasil, histórias de políticos, médicos ou não, que preferem dispor de um eleitorado carente e dependente do que encaminhar soluções definitivas para os problemas.

Seja lá o que tenha ocorrido, não é justo que, dispondo de dois cursos de medicina e dois cursos de enfermagem, Cajazeiras não tenha um grande e moderno hospital público e os eleitores continuem escravos da receita e da ambulancioterapia.

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Josival Pereira

Jornalista com passagem em várias emissoras de rádio, TV e jornal da Paraíba.

Contato: [email protected]