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Josival Pereira

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Por que o PSB do governador faz opção por Chico Mendes?

14/11/2023 às 15h55 • atualizado em 14/11/2023 às 11h08

Chico Mendes e João Azevêdo (Foto: Reprodução)

Por Josival Pereira – Curiosamente, na véspera da formalização do acordo entre o prefeito Zé Aldemir (PP) e o deputado Júnior Araújo (PSB), a legenda socialista nomeou a comissão diretiva no município de Cajazeiras, entregando o comando total do partidário ao deputado Chico Mendes.

Quem entende dos signos da comunicação política sabe que não se trata de mera coincidência.. Existem sinalizações e manifestações claras de opção política na decisão.

Perceba-se, em primeiro lugar, que comissão estava acéfala e ninguém se importava. Dar carga agora significa que o comando estadual do partido deseja ação, movimento. Não deixa de ser uma reação à ação do deputado Júnior Araújo.

Nesse contexto, a entrega do comando do PSB em Cajazeiras ao deputado Chico Mendes também tem significado.

Tivesse a comissão dirigente sido compartilhada de forma paritária entre os dois deputados do partido- Chico Mendes e Júnior Araújo-, o significado seria de busca pela unidade e indicativo de que a direção estadual e, por conseguinte, o governador João Azevedo, estariam dando peso igual à força dos dois parlamentares em sua base partidária (não base política ampla, mas base partidária).

Se o controle do partido tivesse sido confiado totalmente ao deputado Júnior Araújo, significaria o alijamento de Chico Mendes e ele (Júnior) estaria afirmando abertamente que era o representante do governador em Cajazeiras.

A escolha do deputado Chico Mendes para comandar o diretório do PSB em Cajazeiras significa exatamente uma opção que alija Júnior Araújo da condução do partido. Representa uma manifestação de confiança política na figura de Chico Mendes. Júnior Araújo fica de tal forma fora das decisões partidárias que não tem mais como oferecer um candidato a vice-prefeito pelo PSB no acordo com Zé Aldemir. Se tiver, não será mais indicado pelo do partido do governador.

E quais as razões dessa opção do partido do governador em Cajazeiras?

Os indícios são de que se trata de uma resposta ao acordo entre Júnior Araújo e Zé Aldemir.

Mas como se os dois e mais a Dra. Paula são aliados do governador?

Fazendo-se a leitura de decisões do PSB e do governador em outros municípios, constata-se uma cristalina estratégia de fortalecimento da legenda socialista. São os casos de Cabedelo e Bayuex. No primeiro, o deputado Mersinho Lucena é aliado do prefeito Victor Hugo e deve apresentar a mulher, Camila Holanda, nora de Cícero, como candidata a vice. O governador já tem candidato do PSB, Ricardo Barbosa, para competir. Em Bayuex, o governador participou, há duas semanas, da filiação de Tacyana Leitão ao PSB e do lançamento da candidatura a prefeita. Lá, a senadora Daniella Ribeiro é aliada da prefeita Luciene Gomes, que veio para o projeto do PSB.

O problema é que o acordo de Cajazeiras não fortalece o PSB. Ao contrário: age para dividir e enfraquecer o partido do governador.
Na imprensa, o deputado Chico Mendes defendia a unidade do PSB para lançar uma chapa em Cajazeiras. Noutra perspectiva, Júnior e Zé Aldemir se unem para tirar essa possibilidade do PSB e tentar eleger o prefeito de outro partido, sem levar em consideração que o governador deseja ser candidato a senador e não quer ficar nas mãos de outros partidos.

Além do enfraquecimento do PSB, o acordo também age para enfraquecer o governador. Resumos de comentários da imprensa cajazeirense, captados pelo sistema de rádio-escuta, registraram que uma das razões do acordo eram as eleições de 2026, quando Júnior seria candidato único do esquema em Cajazeiras, Zé Aldemir seria candidato a deputado federal e ambos sairiam fortalecidos com o grupo Ribeiro no poder estadual. Haveria, assim, uma negociação tendo como objeto a perspectiva de poder futuro. Isso enfraquece quem se encontra do poder agora, que é o governador João Azevedo. O que seria do governador depois de deixar o poder em 2026 para disputar o Senado?

Existe ainda outro fator que pode explicar a opção em favor de Chico Mendes. Não custa lembrar que o governador teve problemas com o deputado Júnior Araújo e seu grupo político no segundo turno das eleições de 2022, que ameaçaram apoiar Pedro Cunha Lima. Como gato escaldado, parece que o governador apostou na segurança do apoio de Chico Mendes em qualquer circunstância.

Lógico que, pelo seu estilo de não alimentar conflitos nem de promover perseguição, o governador João Azevedo vai continuar considerando Júnior, Paula e Zé Aldemir como aliados. O nome de confiança, no entanto, pela forma como a direção partidária foi entregue, será o deputado Chico Mendes, que,por isso mesmo, deverá ser o candidato a prefeito do governador.

Não existe outra leitura a se fazer dos últimos acontecimentos da política em Cajazeiras.

Alega-se, em Cajazeiras, uma questão aritmética: o governador não trocaria 2 por 1. Júnior Araújo e Dra. Paula por Chico Mendes. Não precisa trocar. A questão na Assembleia é uma, a questão política futura é outra. No caso, além da manter a coerência de que defender o partido, o governador deverá aplicar a velha máxima rural de que mais vale um pássaro na mão do que dois sobrevoando. Confiança é tudo nessa escolha.

Josival Pereira

Josival Pereira

Jornalista com passagem em várias emissoras de rádio, TV e jornal da Paraíba.

Contato: [email protected]

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Josival Pereira

Jornalista com passagem em várias emissoras de rádio, TV e jornal da Paraíba.

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