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Damião Fernandes

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Porque não sou Protestante?

06/05/2010 às 17h29

Por Damião Fernandes

Somente a Bíblia...

Os protestantes afirmam que seguem a Bíblia como norma de fé. Acontece, porém, que a Bíblia utilizada por todos os protestantes é uma só; em português, vem a ser a tradução de Ferreira de Almeida. Por que então não concordam entre si no tocante a pontos importantes?

E por que não constituem uma só comunidade cristã, em vez de serem centenas e centenas de denominações separadas (e até hostis) entre si? A razão disto é que, além da Bíblia, seguem outra fonte de fé e disciplina… fonte esta que explica as divergências do Protestantismo.

Tal fonte chamamo-la: Tradição oral; é esta que dá vida e atualidade à letra do texto. A tradição oral do Catolicismo começa com Cristo e os Apóstolos, ao passo que as tradições orais dos protestantes começam com Lutero (1517), Calvino (1541), Knox (1567), Wesley (1739), Joseph Smith (1830)…

Entre Cristo e os Apóstolos, de um lado, e os fundadores humanos das denominações protestantes, do outro lado, não há como hesitar: só se pode optar pelos ensinamentos de Cristo e dos Apóstolos, deixando de lado os “profetas” posteriores. Notemos que o próprio texto da Bíblia recomenda a Tradição oral, ou seja, a Palavra de Deus que não foi consignada na Bíblia e que deve ser respeitada como norma de fé. Os autores sagrados não tiveram, em vista expor todos os ensinamentos de Jesus, como eles mesmos dizem:

“Há ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se elas fossem escritas, uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se teriam de escrever” (Jo 21,25, cf. 1 Ts 2,15).

São Paulo, por sua vez, recomenda os ensinamentos que de viva voz nos foram transmitidos por Jesus e passam de geração a geração no seio da Igreja, sem estarem escritos na Bíblia: “Sei em quem acreditei.. Toma por norma as sãs palavras que ouviste de mim na fé e no amor do Cristo Jesus. Guarda o bom depósito com o auxílio do Espírito Santo que habita em nós”(2Tm 1, 12/14).

Neste texto verifica-se que o depósito é a doutrina que São Paulo fez ouvir a Timóteo, e que Paulo, por sua vez, recebeu de Cristo. Tal é a linha pela qual passa o depósito: Cristo /> Paulo /> Timóteo

As Contradições

0 fato de que não seguem somente a Bíblia, explica as contradições do Protestantismo: Algumas denominações batizam crianças; outras não as batizam; Algumas observam o domingo; outras, o sábado; Algumas têm bispos; outras não os têm; Algumas têm hierarquia; outras entregam o governo da comunidade à própria congregação (congregacionalistas);Algumas fazem cálculos precisos para definir a data do fim do mundo / o que para elas é essencial. Outras não se preocupam com isto.

Constata-se que a Mensagem Bíblica é relida e reinterpretada diversamente pelos diversos fundadores dos ramos protestantes, que desta maneira dão origem a tradições diferentes e decisivas. Ademais, todos os protestantes dizem que a Bíblia contém 39 livros do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento, baseando/se não na Bíblia mesma (que não define o seu catálogo), mas unicamente na Tradição oral dos judeus de Jâmnia reunidos em Sínodo no ano 100 d.C.; Todos os protestantes afirmam que tais livros são inspirados por Deus, baseando/se não na Bíblia (que não o diz), mas unicamente na Tradição oral.

Onde está, pois, a coerência dos protestantes?

Pelo seu modo de proceder, afirmam o que negam com os lábios; reconhecem que a Bíblia não basta como fonte de fé. É a Tradição oral que entrega e credencia a Bíblia.

E Afinal, somente a Bíblia… Sim ou Não?

Há passagens da Bíblia que os fundadores do Protestantismo no século XVI não aceitaram como tais; por isto são desviadas do seu destino original muito evidente:

A Eucaristia… Jesus disse claramente: “Isto é o meu corpo” (Mt 26,26) e “Isto é o meu sangue” (Mt 26,28).

Em Jo 6,51 Jesus também afirma: “O pão que eu darei, é a minha carne para o mundo”. Aos judeus que zombavam o Senhor tornou a afirmar: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha came é verdadeiramente uma comida e o meu sangue verdadeiramente uma bebida”.

Apesar disto, os protestantes não aceitam o sacramento do perdão e da reconciliação! (Jo 21,17).Se assim é, por que é que “os seguidores da Bíblia” não aceitam a real presença de Cristo no pão e no vinho consagrado?

Jesus disse ao Apóstolo Pedro: “Tu és Pedro (Kepha) e sobre esta Pedra (Kepha) edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18). Disse mais a Pedro: “Simão, Simão… eu roguei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. E tu, voltando/te, confirma teus irmãos” (Lc 22,31s). Ainda a Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15). Apesar de tão explícitas palavras de Jesus, os protestantes não reconhecem o primado de Pedro! Por que será?

A grande razão pela qual o Protestantismo se torna inaceitável ao cristão que reflete, é o subjetivismo que o impregna visceralmente. A falta de referenciais objetivos e seguros, garantidos pelo próprio Espírito Santo (cf. Jo 14,26; 16,13s), é o principal ponto fraco ou o calcanhar de Aquiles do Protestantismo.

Disto se segue a divisão do mesmo em centenas de denominações diversas, cada qual com suas doutrinas e práticas, às vezes contraditórias ou mesmo hostis entre si.

O Protestantismo assim se afasta cada vez mais da Bíblia e das raízes do Cristianismo (paradoxo!), levado pelo fervor subjetivo dos seus “profetas”, que apresentam um curandeirismo barato (por vezes, caro!) ou um profetismo fantasioso ou ainda um retorno ao Antigo Testamento com menosprezo do Novo.

Esta diluição do Protestantismo e a perda dos valores típicos do Cristianismo estão na lógica do principal fundador, Martinho Lutero, que apregoava o livre exame de Bíblia ou a leitura da Bíblia sob as luzes exclusivas da inspiração subjetiva de cada crente; cada qual tira das Escrituras “o que bem lhe parece ou lhe apraz”!

Para Saber Mais
www.materecclesiae.com.br/ . Textos de D. ESTEVÃO BETTENCOURT
Alves, Rubem A. Protestantismo e Repressão. São Paulo: Editora Ática, 1979

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

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Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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