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Maria do Carmo

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Preciosidades do Nordeste brasileiro

26/10/2022 às 18h07

Coluna de Maria do Carmo - imagem ilustrativa/reprodução-internet

Por Maria do Carmo

Oxente! Ta brincando é?! Não é brincadeira! É uma pesquisa nos registros das grandezas da região Nordeste do Brasil. Um espaço geográfico, marcado pelo mandacaru florescente em plena seca, a rústica vegetação de caatinga no sertão castigado pela escassez das chuvas e de um litoral de praias exuberantes, banhadas pelos ventos leste do Oceano Atlântico; reside “essa gente” de cuja cultura nacional simboliza um dos maiores traços da identidade do país.

O falante nordestino tem uma beleza ímpar no seu linguajar popular com a riqueza semântica dos termos e expressões do dia a dia destes habitantes do extremo leste do país. Com a permissão da Linguística, o texto foi iniciado com a palavra (oxente) que significa “olha gente”, empregada para admirar algo num tom bem enfático, a mesma passou pela redução: (ôxi) e (xi). O universo das gírias nordestinas é vasto as quais precisam ser respeitadas e vistas sem preconceito linguístico; elas são empregadas com grandes contornos fonéticos produzindo uma carga emocional tornando a fala harmoniosa, espontânea e engraçada, porém a linguagem culta é também utilizada nas situações que se faz necessária, afinal é Brasil, país com muitas variações linguísticas.

O dialeto nordestino é a variante da Língua Portuguesa mais usada nos estados do nordeste do Brasil cujo sotaque é o resultado da mistura do português europeu, línguas indígenas, africanas, holandesas e francesas; para alguns estudiosos o dialeto nordestino e nortista constitui “o português brasileiro”. A conservação das raízes populares de falares dos primeiros habitantes da região forma um dicionário vasto da fala brasileira, para exemplificar: o Pernambucano diz: “alma sebosa”; a Paraíba ignora: “só quer ser as pregas”; o Rio Grande do Norte não briga: “arenga”; o cearense manda: ”vá pra baixa da égua”; o maranhense admira dizendo: “armaria”! O alagoano elogia: “ta estribado”, o sergipano debocha: “ta aperreado” enquanto o baiano fala “ta aluado”.

A miscigenação populacional deu origem atualmente ao que é denominada “cultura nordestina” resultante das influências africanas e europeias assim como os ameríndios, tornando a respectiva região, a única no mundo com características diferentes de manifestações artísticas, religiosas, hábitos, culinária festas típicas entre os nove estados da região. A Literatura de Cordel, originária do Nordeste, é expressa de forma oral pelos cantadores de repentes e de emboladas a literatura culta tem grandes contribuições no cenário literário brasileiro, das épocas passadas às atuais se destacando grandes nomes como: Gilberto Freyre em Pernambuco, Gregório de Matos (primeiro escritor do país), Castro Alves e Gonçalves de Magalhães na Bahia, Gonçalves Dias e Sousândrade no Maranhão e José de Alencar no Ceará.

Pertencem também ao nicho literário nordestino: Rachel de Queiróz (CE), Graciliano Ramos (AL), José Lins do Rego, Augusto dos Anjos (PB), Jorge Amado (BH), Aluísio Azevedo, Graça Aranha (MA), os precursores do modernismo: João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira (PE), Jorge de Lima (AL) e Ferreira Gullar (MA). Ariano Suassuna (PB) fundou o movimento Armorial: reunindo os elementos da cultura nordestina em prol da formação de uma arte erudita genuinamente brasileira baseada nas raízes populares. O paraibano Leandro Gomes de Barros é considerado o primeiro escritor brasileiro da Literatura de Cordel definido por Carlos Drummond de Andrade o “príncipe dos poetas”. No Ceará a literatura de cordel atualmente tem o destaque para Antonio Gonçalves da Silva (Patativa do Assaré), sendo o dia 08 de Outubro, data do seu nascimento, consagrada o dia “Nacional do Nordestino” celebrando a importância cultural e representatividade do povo desta região brasileira.

O território nordestino é o berço de muitos ritmos e modalidades musicais: o Baião, Xote e Xaxado pertencente ao Forró, o Tropicalismo, marco no Brasil, as primeiras manifestações do Rock Brasileiro, a cultura Hardecore – ritmo reunindo frevo, forró, rock blues, hip hop, maracatu e música eletrônica; o Axé Music, o Punk, o Reggae, a MPB, o Forró Eletrônico, a música de conteúdo político ideológico e banda cabaçal de pífaros. As tradicionais festas populares democráticas de forma gratuita: Frevo, Maracatu, Carnaval, Micaretas, Micarande, as festas em homenagem aos Santos Juninos, origem nordestina, e o Cavalo Piancó. O artesanato é parte relevante da produção cultural do Nordeste e fonte de renda para muitos habitantes da região os quais produzem redes e tecidos bordados, objetos feitos de argila, de madeira e com a fibra da carnaúba, palmeira nativa do Maranhão.

As manifestações de fé no Nordeste são caracterizadas pela diversidade existindo a predominância da religião católica, uma parcela de evangélicos, católicos ortodoxos, umbandas, candomblés, espiritualistas e espíritas. Há venerações de católicos não reconhecidos pela Igreja: Padre Cícero, Frei Damião, Padre Ibiapina, Maria de Araújo e Irmã Dulce (canonizada em 2019)e a menina Benigna (beatificada recentemente).Nas peregrinações povo nordestino são denominados “romeiros” de Juazeiro do Norte e Canindé (CE), Bom Jesus da Lapa (BH), e de Santa Cruz dos Milagres (PI). Há vários rituais através do sincretismo religioso de herança vodum com homenagem a Yemanjá, a festa do Divino Espírito Santo e a festa de São José de Ribamar (Padroeiro do estado do Maranhão).

No momento atual, o Nordeste se evidencia como referência educacional no país, considerado o “farol da educação pública” sendo as experiências nordestinas espelho para outras regiões brasileiras, Segundo (Priscila Cruz da ONG- Todos pela Educação): “as políticas não estão mais avançadas e disseminadas pelo país porque falta uma integração do MEC com estados e prefeituras”.O Nordeste é uma região rica com muitos atributos, nela reside um povo inteligente, há pobreza econômica porque necessita de políticas de investimento econômico considerando as potencialidades da região. Capacidade e Criatividade: “o nordestino tem de sobra”.

Professora Maria do Carmo de Santana

Cajazeiras, 26 de Outubro de 2022

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

Contato: [email protected]

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Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

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