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Gildemar Pontes

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Se envergonha, povo Brasileiro

16/05/2014 às 17h42

Todos vimos estupefatos a TV mostrar os saques em Pernambuco. Bastou uma greve da Polícia Militar para mostrar a fragilidade do Estado brasileiro em prover a segurança do cidadão. Somos órfãos de políticas públicas e o governo federal pousa cinicamente de democrata num estado à beira da falência moral, ética e educacional. 

O fato de o governador de Pernambuco ser candidato a Presidência da República parece ter contribuído para o caos em Recife. O estranho disso tudo é que em menos de 24 horas dos saques os tanques e a Força Nacional já estava nas ruas, como se estivéssemos vivendo um Estado de exceção ou uma crise de vários dias. Seria tudo isso uma orquestração para abalar a candidatura do neto de Arraes? Evidente que Eduardo Campos não é nem nunca será modelo de administrador para o Brasil. Sua lógica, assim como a do PT e seus alinhados, é de gerenciar o capitalismo provendo os patrões de meios para manter os lucros sem grandes sustos na economia. Acontece que esqueceram que esse modelo se adéqua onde o povo tem educação e usufrui minimamente dos serviços do Estado. Não é o caso do Brasil. Os saques mostram vergonhosamente a cara de parte significativa do povo brasileiro, herdeiro de um modelo político que tem nas bolsas-miséria uma mola para uma economia frágil. 

Os saqueadores são muito mais dos que os que se mostraram na TV. Eles estão em toda a parte porque não lhes ensinaram a noção de princípios baseados numa educação formal sólida integrante de uma política de governo sério. Ao contrário, a mídia expõe todos os dias casos e mais casos de corrupção, crimes, todo tipo de roubo, sonegação, agressão aos direitos humanos. E o povo vai incorporando a ideia de que aqui pode tudo. Só que a verdade só existe para a classe que detém o poder. Os pobres continuam sendo penalizados pela lei e pelo Estado. Pela lei quando imitam os que não são punidos e ainda são beneficiados com cargos e benesses do poder. A maior punição, no entanto, é o abandono a própria sorte. Quando a Educação é de baixa qualidade, a Saúde é precária, a Segurança Pública é inexistente e os políticos são heróis, está na hora de se rever não apenas os conceitos, mas toda a estrutura do país. 

O Brasil dos militares, o Brasil da falsa democracia de FHC e o Brasil do pirulito na boca do PT não cuidou da saúde, não educou, não fez com que tivéssemos uma auto-estima capaz de entender que o trabalho é melhor que a esmola. Fico mais abismado ainda em ver uma classe dita intelectual defendendo políticas de encabrestamento mascaradas em bolsas de inclusão social. Não se gera emprego porque não temos mais políticas diferenciadas para o pequeno e médio produtor. O campo está nas mãos das grandes indústrias e a pequena agricultura acabou. Basta ver nas feiras livres e nos mercadinhos populares a ausência de produtos oriundos de uma agricultura familiar ou de uma cultura de valorização da fixação do homem no campo. Encontramos nas pequenas cidades do Nordeste morango, soja, figo, pêra, mas é cada vez mais difícil ver milho, caju, pitomba e manga, mesmo de época. 

Nesta última seca os pecuaristas perderam 50% do gado e quase toda a lavoura. Enquanto isso, a indústria da Copa do Mundo estava de vento em popa, revendo contratos e preparando a vitrine para um povo envergonhado ver seu dinheiro alimentando a sangria da corrupção e do descaso de um governo boçal. Temo pelos próximos dias. Estão associando a eleição com a Copa e a transposição do rio São Francisco. O povo está esperando as bolsas, a vitória do Brasil. Mesmo que seja à custa do sacrifício da educação, da saúde e da ética. Se envergonha, povo brasileiro!

Gildemar Pontes

Gildemar Pontes

Escritor e Poeta. Ensaísta e Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, em Cajazeiras. Graduado em Letras pela UFC, Mestre em Letras UERN. Doutorando em Letras UERN. Editor da Revista Acauã e do Selo Acauã. Tem 22 livros publicados e oito cordéis.

É traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Vencedor de Prêmios Literários locais e nacionais. Foi indicado para o Prêmio Portugal Telecom, 2005, o principal prêmio literário em Língua Portuguesa no mundo. Ministra Cursos, Palestras, Oficinas, Comunicações em Eventos nacionais e internacionais. Faixa Preta de Karate Shotokan 3º Dan.

Contato: [email protected]

Gildemar Pontes

Gildemar Pontes

Escritor e Poeta. Ensaísta e Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, em Cajazeiras. Graduado em Letras pela UFC, Mestre em Letras UERN. Doutorando em Letras UERN. Editor da Revista Acauã e do Selo Acauã. Tem 22 livros publicados e oito cordéis.

É traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Vencedor de Prêmios Literários locais e nacionais. Foi indicado para o Prêmio Portugal Telecom, 2005, o principal prêmio literário em Língua Portuguesa no mundo. Ministra Cursos, Palestras, Oficinas, Comunicações em Eventos nacionais e internacionais. Faixa Preta de Karate Shotokan 3º Dan.

Contato: [email protected]

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