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José Antonio

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Ser pecuarista no sertão é um ato de heroísmo

24/10/2025 às 13h26

Pecuarista (Imagem ilustrativa - IA)

Por José Antônio – Os municípios do sertão da Paraíba estão sofrendo os efeitos das poucas chuvas deste ano. Os reflexos não atingem mais a massa trabalhadora do campo, como nos velhos tempos. O êxodo da zona rural, ao longo das últimas décadas, pode estar contribuindo para que os celebres movimentos sociais, conhecidos por “saques” tenham deixado de existir, além, óbvio, do paternalismo exacerbado do governo federal, em fazer chegar a milhares de lares uma “ajuda” para minorar a miséria e a fome de milhões de brasileiros.

Este ano, com a chuva do último domingo, dia 20, o acumulado, em Cajazeiras foi de 908,2mm, segundo a EMPAER, mesmo com este índice, houve veranicos que prejudicaram as lavouras e principalmente as pastagens.

Vale ainda salientar que este ano a situação se agravou mais em função das chuvas terem sido muito finas ao ponto de quase a totalidade dos açudes dos municípios sertanejos não terem atingindo sua capacidade de armazenamento e sangrar. Em várias localidades quase todos os açudes já estão secos e os leitos dos riachos, onde se costuma escavar cacimbas e cacimbões, as águas já diminuíram cerca de 70%.

Açude Grande, em Cajazeiras – Foto: Fernanda Layse/Diário do Sertão

Os efeitos neste ano de 2025 são bem mais visíveis na zona rural, agravados nestes últimos meses, com tendência a piorar, porque em vários municípios do Nordeste já existem centenas de comunidades que estão sendo abastecidas através de carros-pipa, chegando a transportar o precioso líquido, para distâncias superiores a 40 quilômetros.

Mas o grande problema que se avizinha será a falta de água para os animais. Os proprietários rurais, além de estarem sendo sacrificados pelos altos preços da ração animal, a exemplo da torta de algodão, do farelo de trigo, do milho e da silagem, passarão a viver com a falta d’água. Tem proprietário que está sendo obrigado a conduzir o seu gado para até dois quilômetros de distância para dar de beber aos mesmos.

É bom lembrar que ainda temos o restante do mês de outubro e os meses de novembro e dezembro e vamos torcer para que a partir de novembro, segundo as previsões, o fenômeno La Nina, se torne uma realidade e possa começar a chover para armazenar água nos barreiros e fazer pastagens, senão restará muito pouco do rebanho bovino de nossos municípios, até porque muitos pecuaristas já estão se desfazendo de seus rebanhos, em razão da falta de pasto e água.

Quem tem frequentado as feiras livres de Cajazeiras observam que este ano, até o momento, têm aparecido poucos cajus e mangas espada, oriundos de nosso município, porque a safra foi muito pouca, isto em função da quantidade de chuvas, que cessaram no mês de maio. Os cajus que estão aparecendo vêm do Rio Grande do Norte e do Piauí e o quilo de castanha assada que era vendida, neste mesmo período, ao preço de 30 reais, hoje está por 60 reais.

O que estamos observando também são as dificuldades dos pecuaristas, que mesmo tendo ajuda do governo, que está vendendo ração com preço subsidiado, vai ter que reduzir o seu rebanho e vão ter os seus prejuízos aumentados, já que estão vendendo o leite de suas vacas bem abaixo do preço de custo.

Ser pecuarista no Sertão é um ato de heroísmo.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário e Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação.

Contato: [email protected]

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Professor Universitário e Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação.

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