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Gildemar Pontes

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Um mosquito paralisa o país

22/03/2016 às 23h36

Um mosquito paralisa o país

Por Carlos Gildemar Pontes –  [email protected]

*Escritor. Prof. da UFCG. Presidente do PSOL em Cajazeiras

Nos meus sonhos de criança eu via meu país livre, produzindo ciência, tecnologia e fabricando figuras ilustres como Einstein, Nietzsche, Da Vinci, Schubert, Pasteur, Lavoisier… Eu esperava todo ano a Academia de Estocolmo anunciar um Prêmio Nobel brasileiro. Em vão. Ao contrário, se acumulavam tragédias sobre um povo que caca vez mais se alienava da vida.

De uns tempos para cá, a politização dos órgãos públicos e das instituições governamentais atestaram o modelo político dos favores que atravessou a República dos Marechais, o Getulismo, os governos militares, a Nova República e os pseudo socialismo petista. Não evoluímos as formas de tratamento com a coisa pública. Se houve avanços num tempo, logo depois houve retrocesso, porque o modelo do toma lá, dá cá predominou e alimentou um esquema de corrupção sem precedentes na história do Brasil.

Pobre povo cheio de esperança. A cada eleição um provedor messiânico iria nos alçar ao primeiro mundo, resolver os problemas estruturais e aproximar o pobre da classe média, o médio do rico e o rico do paraíso, já que aqui não tem mais para onde ir.

Na conquista da Amazônia e depois do ouro de Serra Pelada, milhares de brasileiros, principalmente nordestinos esquecidos foram para o norte em busca de riqueza. Muitos encontraram, mas a maioria viu a crueza de um país sem estrutura que abrigava doenças e todo tipo de violência ao arrepio do Estado. O paraíso tropical era comandado por mosquitos que transmitiam malária e febre amarela. Um mosquito derrotava todo um acampamento de homens que viviam privados de todo conforto, enquanto a riqueza não lhe chegava primeiro do que a picada.

O mosquito, herói da Amazônia, resolveu encarar o restante do Brasil, porque viu que não haveria resistência para barrar sua sanha assassina. E saiu povoando o país de dengue em suas diversas formas evolutivas e depois como transmissor do vírus da zika e da chicungunya, doenças novas que estão derrotando a ciência de um país.

Um mosquito foi suficiente para revelar a precariedade do sistema de saúde brasileiro. Hospitais lotados, postos de saúde sem condição de atendimento, porque antes do mosquito nós já temos os políticos criminosos que roubam, desviam dinheiro, fazem todo tipo de negociata e ainda debocham dos eleitores se enfurecendo pelas acusações, denúncias e punições que recebem de uma justiça elitista, discricionária e pedante.

Como um mosquito ficou tão forte? Como um político bandido tem tanto poder? A vítima do mosquito também é a mesma que vota, que elege corruptos. A atual política esgotou o seu modelo e revelou o maniqueísmo que está embrutecendo o nosso povo.

Intelectuais discutem meios e não fins. Um grampo revela o método e também o conteúdo que mostra a podridão em que o governo está metido. Parte da intelectualidade prefere ficar com a podridão e combatendo a forma como ela foi revelada. É como se preferisse anular o agente que acaba com o foco da doença, ao invés de matar o mosquito que a causa.

Temos uma ótima oportunidade e eliminar os dois, mosquito e doença!

Gildemar Pontes

Gildemar Pontes

Escritor e Poeta. Ensaísta e Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, em Cajazeiras. Graduado em Letras pela UFC, Mestre em Letras UERN. Doutorando em Letras UERN. Editor da Revista Acauã e do Selo Acauã. Tem 22 livros publicados e oito cordéis.

É traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Vencedor de Prêmios Literários locais e nacionais. Foi indicado para o Prêmio Portugal Telecom, 2005, o principal prêmio literário em Língua Portuguesa no mundo. Ministra Cursos, Palestras, Oficinas, Comunicações em Eventos nacionais e internacionais. Faixa Preta de Karate Shotokan 3º Dan.

Contato: [email protected]

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Escritor e Poeta. Ensaísta e Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, em Cajazeiras. Graduado em Letras pela UFC, Mestre em Letras UERN. Doutorando em Letras UERN. Editor da Revista Acauã e do Selo Acauã. Tem 22 livros publicados e oito cordéis.

É traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Vencedor de Prêmios Literários locais e nacionais. Foi indicado para o Prêmio Portugal Telecom, 2005, o principal prêmio literário em Língua Portuguesa no mundo. Ministra Cursos, Palestras, Oficinas, Comunicações em Eventos nacionais e internacionais. Faixa Preta de Karate Shotokan 3º Dan.

Contato: [email protected]

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