Um Príncipe na Rua: É Natal!
Por Damião Fernandes
No jornal folha online na edição de quarta-feira, 23 de Dezembro encontramos a seguinte manchete e reportagem: Príncipe William dorme na rua para apoiar desabrigados. Logo de cara achei a noticia surpreendente, visto que, é algo que não lemos todos os dias, não presenciamos em cada esquina. Noticias sobre príncipes geralmente encontramos em contos infantis ou em parábolas.
Leia na integra a notícia:
O príncipe William dormiu em uma rua de Londres para sensibilizar o público para o problema dos desabrigados, anunciou uma organização de caridade britânica nesta terça-feira. O neto da rainha Elizabeth 2ª passou a noite de quarta para quinta-feira passada em uma pequena rua perto do rio Tâmisa. Ele se ajeitou em cima de vários papelões e se cobriu com um edredon para enfrentar o frio de quatro graus negativos.
"Não havia como fugir do frio, ou do temor de ser abordado por traficantes, cafetões ou pessoas que gostam de bater em mendigos", declarou Seyi Obakin, presidente da organização Centrepoint, que se dedica a ajudar os desabrigados.
"No entanto, um dos momentos mais tensos da noite foi quando quase fomos atropelados por um veículo de limpeza que não tinha visto nosso grupo, o que mostra como os desabrigados são vulneráveis", prosseguiu.
Por sua vez, o futuro rei da Inglaterra declarou: "Depois de passar uma noite na rua, nem posso imaginar o que deve ser passar todas as noites nas ruas de Londres". [www.folhaonline.com.br ; quarta-feira 23 de dezembro de 2009]
Ao ler a noticia fiquei de fato admirado tamanha atitude de nobreza deste William. Um príncipe – o futuro rei da Inglaterra – que não se apega á sua condição de herdeiro de um trono real, esvazia-se dessa condição e desce do alto de sua imponente cátedra de honra e glória e vai até os seus súditos, seus servos, seu povo, sua gente.
Não estamos aqui tentando fazer nenhum juízo de valor sobre quais foram suas motivações interiores para isso. Mas uma coisa é fato: Ele é um príncipe. E como príncipe não teria nenhuma obrigação para tanto, não estaria ele infringindo nenhuma lei real. A sua atitude fala por si mesma. Os seus gestos rompem as barreiras do simbolismo e dos sinais. Poderíamos dizer que sua atitude penetra na realidade do sagrado e nos revela um significado maior que aquele que percebemos. Sua atitude é epifanica.
Para mim foi quase que impossível quando, ao ler esta reportagem, não ter sido remetido á outra realidade semelhante a esta, não em essência, mas em aspectos. Uma outra realidade tão cheia de significados, de simbolismos, mistérios, e de uma sacralidade que nos modifica enquanto homens e mulheres de boa Vontade.
Durante o reinado de Herodes, o Grande, que os romanos haviam designado para governar a Judéia, nasce numa pequena aldeia chamada Belém, um pequeno príncipe – não aquele de Exupery – chamado Jesus. Um principe que mesmo sendo a Segunda Pessoa da Trindade, mesmo sendo o Herdeiro do Pai, o Messias, O Cristo, O Filho do Deus Vivo, O Emanuel, etc… Ele não se apega a estes títulos e condições, mas transcendo-os numa personificação sempre nova e atual: O amor.
Ele – como vai nos dizer São Paulo – tinha uma condição Divina, mas não se apegou à sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-se de si mesmo, assumindo a condição servo.
E assim aconteceu. Um príncipe que desce até o mais profundo da realidade da miséria humana, assumindo para si a condição de esquecido, abandonado, marginalizado, desabrigado – pois todos sabemos que o menino Príncipe nasceu num estábulo, pois todas as hospedarias que foram solicitadas para acolhe-lo, foram negadas.
O menino príncipe escolhe nascer sem a proteção dos corbetores, das varandas, dos lencóis de seda, das camas de confortavéis colchões. Pelo contrário, prefere um lugar em meio a animais, palhas, fenos, o céu, a lua, as estrelas. O Príncipe escolhe o Silêncio e a Paz. Nas hospedarias dos homens está o barulho e a disperção. Nos estábulos dos bichos está o silencio e a quietude.
O príncipe William, tendo a atitude de dormir nas ruas, para fazer com que a sociedade voltasse os olhos para a degradante situação dos desabrigados, me fez recordar de outro Príncipe, que tendo a atitude de nascer em um estábulo, em meio a uma pobreza que não despede a dignidade do ser, em meio a um silêncio que não emudece a voz do Verbo e em meio á uma solidão que é expressão da solicitude do amor: Ensina-me que O natal é sempre algo muito maior que luzes e árvores.
O Natal é acontecimento epifânico, quando reproduzo em minha vida, as mesmas atitudes, os mesmo gestos e movimentos de Silêncio, Solidão e Amor em direção ao Outro. Sempre em direção ao Outro.
Feliz Natal a todos!
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