Uma Cajazeiras diferente

Por José Antonio – Já faz bastante tempo que não utilizo o carro para vencer as distâncias e resolver meus negócios pelo centro da cidade de Cajazeiras. Não tem mais onde se estacionar nas principais avenidas, depois das oito horas da manhã. E a situação está ficando cada vez mais complicada. E agora no período em que as aulas começaram aí sim é que o trânsito fica um “inferno”.
No início do mês foi um desses dias que precisava ir até a Avenida Comandante Vital Rolim e fiz a pé o percurso, saindo da Justino Bezerra, passando pela Padre Manoel Mariano, Juvêncio Carneiro, Praça Dom João da Mata, conhecida também por Praça do Congresso ou ainda como Praça da Prefeitura, cheguei até a Comandante, passando pela Padre Rolim.
Na volta fiz outro percurso e foi aí que vinha observando o quanto a minha cidade tem ficado diferente dos meus tempos de aluno do velho e tradicional Colégio Diocesano Padre Rolim, ainda sob a direção do saudoso educador Monsenhor Vicente Freitas, na década de 60, quando fazia uma caminhada da Rua Coronel Peba até o colégio.
Nesta caminhada vinha preso ao silêncio dos meus pensamentos, quando de repente uma sirene. Era a da ambulância do SAMU, que pedia passagem às dezenas de carros que entupiam a Padre Rolim, e voei montado num raio, de corpo, alma e pensamento para a Avenida Guararapes, na cidade do Recife, quando muitas vezes fui sobressalto com as sirenes do Corpo de Bombeiro, quando me dirigia para o colégio Carneiro Leão. Ao tempo em que “despertei” dos meus pensamentos foi que vi que estava em Cajazeiras e pensei com os meus botões: esta cidade está ficando diferente.
LEIA TAMBÉM:
Continuei circulando e cheguei até a Praça Coração de Jesus, ou Praça dos Carros, e me lembrei de que havia pedido ao agrônomo Adalberto Nogueira, quando ainda era vivo, uma muda de um pé de trapiá, mas até a sua páscoa, nunca fui atendido, mesmo assim continuo em sua busca e aí de posse deste tão sonhado trapiá, vou solicitar a prefeita Corrinha Delfino a permissão para plantá-la no mesmo lugar de onde arrancaram a velha e histórica árvore, símbolo maior daquela praça, agora só vista em fotografias.
Observava o movimento da praça e me lembrei de que ali também já foi o local onde eram sepultados os mortos de nossa cidade: o Cemitério Coração de Jesus, edificado e bento pelo Padre Rolim, em 16 de novembro de 1851, e que entrou para a história como o primeiro campo santo público da Paraíba.
E me dirigi para um local aonde foi erguida uma Capela, onde no seu interior foi sepultada Mãe Aninha, a fundadora de Cajazeiras, em 22 de agosto de 1854, e, posteriormente, seus restos mortais foram transladados e guardados ao pé do monumento erguido em homenagem ao seu filho Padre Rolim, em 22 agosto de 1937.
É nesta praça que está a loja de José Soares, que vende tecidos, na sua maioria importados da China, a preço de banana. E pensava com os meus botões: como um mundo está pequeno e esta cidade diferente porque tem até matuto da província importando tecido do outro lado do mundo para vender por aqui.
Entrei novamente na Padre Manoel Mariano de Albuquerque, que nasceu em Cajazeiras, em 1844, ordenou-se em Olinda (1869), faleceu em Cajazeiras em 23/02/1896, aos 52 anos de idade, e está sepultado na Igreja Matriz de Nossa Senhora de Fátima. Foi Pároco nas cidades, entre 1882/1896, de Misericórdia, de Pombal e Piancó, além de ter sido deputado pela Assembleia Constituinte em 1892. Esta rua que leva o seu nome, para se andar pelas suas calçadas tem mão e contramão, parece até a 25 de março, em São Paulo, e seu trânsito, este sim está uma loucura, principalmente, no período da manhã.
Esta cidade está cada vez mais diferente para nós que a vive no dia a dia, imagine para quem a visita de tempo em tempo, aí sim é que vai ver o quanto Cajazeiras tá pra frente e diferente.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário