Uma vela para Schindler
Talvez, algumas pessoas não saibam, porque não estudaram História, que o grande pensador nazista, Joseph Goebbels municiava Hitler com as ideias e estratégias para a dominação do mundo. A prática do fake News é antiga “Uma mentira repetida muitas vezes torna-se verdade” ou “Nós não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter um certo efeito”. Isso era parte dessa estratégia de dominação.
E era fácil manipular as massas, porque as massas são amorfas e precisam de um toque de arte, cultura, educação para se posicionar diante do mundo de forma fraterna e propositiva. Portanto, Goebbels sabia que incutir ideias falsas e se arvorar de uma posição de superioridade sobre um povo e, posteriormente desse povo sobre os demais, uniria uma nação que saíra da Primeira Guerra Mundial esfacelada e precisando reconstruir uma identidade perdida na pobreza e no caos político pelo qual passava a Alemanha.
Curiosamente, surge um militar com ideias agressivas, que logo veio a ser preso por incitação à revolta, e quando saiu da cela começou um movimento para organizar a sociedade alemã com o pensamento militarizado e excludente daquilo que era considerado minorias. E assim se cercou daqueles que aceitaram a ideia sem escrúpulos para exterminar pessoas, grupos e nações, que discordassem da sua megalomania.
Muitos cientistas e pensadores que não aceitaram o nazi fascismo foram mortos e os que não resistiram se tornaram prisioneiros em bunkers para desenvolverem pesquisas que iam de testes atômicos à crueldade de se ver qual a capacidade que um ser humano tinha de resistir à fome, fora experiências macabras que se tem notícia.
Criaram-se, como em toda luta pela libertação, movimentos de resistência e heróis anônimos que atuaram, salvando vidas dos fornos crematórios ou dos campos de concentração onde eram praticadas as maiores atrocidades contra à vida. Um destes resistentes, o resignado Oskar Schindler, era um dono de fábricas que empregava judeus e com o tempo passou a tratá-los como empregados e não como objetos descaráveis, que poderiam ser substituídos por tantos seres que estavam à beira da morte. Não podemos pensar que sua atitude foi de humanista, afinal, durante muito tempo e depois, continuou servindo ao nazismo, mas algo nele via naquelas criaturas uma oportunidade de continuação da vida, em outros lugares. E passou a empregar mais, produzir mais e salvar mais pessoas. O livro e o filme que surgiram do episódio protagonizado por Schindler mostram, que mesmo em tempos de barbárie extrema, há corações que não são duros o suficiente para deter a esperança e são capazes de preservar a humanidade em nós.
A propósito, há algumas semelhanças entre o período que gerou o nazi fascismo e este em que estamos imersos no Brasil. Muita gente prefere a barbárie ao conceito de civilização. Muita gente concorda com a violência como forma de organizar o caos. Felizmente, não somos arianos. Nossa brasilidade é composta de um mosaico multirracial e não aceitamos o extermínio dos diferentes, porque não somos essa massa amorfa que infelizmente integra parte da sociedade brasileira. Somos muitos e majoritariamente cremos numa nação livre, soberana e repleta de esperança na paz e na evolução pela Educação e pela aculturação artística. Precisamos vigiar e lutar pelos nossos ideais democráticos. O nazi fascismo não voltará travestido de botas e armas à mão. É preciso acender uma vela para Schindler.
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