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Concurso público na PB tem questões sobre miss e data de assalto

Candidato diz que questões desrespeitaram concorrência igualitária.Organizadora do concurso afirma que temas estavam no edital.

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10/10/2013 às 08h55

No último dia  29 de setembro a prefeitura  de Santana de Mangueira, Sertão da Paraíba, realizou um concurso público para o preenchimento de 199 vagas em todos os níveis de escolaridade. Algumas das questões das provas acabaram chamando a atenção dos candidatos por tratarem de temas "estranhos". Entre os assuntos abordados apareciam a eleição de miss da cidade em 2013, a data em que  uma agência dos Correios foi assaltada e os nomes de "filhos ilustres" de Santana de Mangueira.

Morador de Pernambuco, o professor de história Everton José Maciel prestou o concurso. “Impossível alguém que não é da cidade saber responder essas perguntas", diz ele, que reclama que com a escolha dos temas a organização da prova beneficiou moradores de Santana de Mangueira, desrespeitando a concorrência igualitária entre os candidatos. "O edital coloca conhecimentos da Paraíba, do Brasil e sobre a cidade, mas as questões não possuem relação direta com a história de Santana de Mangueira”, afirma o professor.

As perguntas contestadas por Everton são do campo conhecimentos gerais/atualidades. Ele explicou que elas não integravam as provas do grupo que ele concorreu (nível superior), mas teve conhecimento do ocorrido através de sua esposa, que fez o concurso para o cargo de cozinheira/merendeira. “Todos são iguais, não existem distinções, isso está na lei, o concurso é público e se é público não pode beneficiar quem é da cidade. Até as pessoas que são de cidades vizinhas com certeza também não souberam responder essas questões”, diz.

O concurso de Santana de Mangueira foi organizado pela empresa Real Concursos- Consultoria e Serviços Ltda, que tem sede em Conceição, também no Sertão paraibano. O G1 teve acesso às provas, que estão disponibilizadas na internet. A do cargo cozinheira /merendeira tem logo como primeira questão de conhecimentos gerais a data em que a agência dos Correios de Santana de Mangueira foi assaltada. Há ainda duas questões sobre 'filhos ilustres"; sobre um cantor local de renome; o primeiro prefeito reeleito; sobre quem levou a primeira antena via satélite para a cidade. A penúltima questão relembra os  50 anos da eleição da 1ª brasileira como Miss Universo e pergunta quem é atual Miss de Santana de Mangueira.

O diretor-presidente da Real Concursos, Ênio Alves, afirmou que não há nada de errado na elaboração das provas. “Tudo isso está no edital na parte do conteúdo programático de conhecimentosgGerais. O edital é bem claro, fatos marcantes, os assuntos do cenário cultural, político, científico, econômico e social do município de Santana de Mangueira, e assuntos de interesse geral relacionados à imprensa falada e escrita (..) tudo isso está colocado lá”, explicou.

Segundo Ênio, os candidatos que se sentirem prejudicados têm o direito de entrar com recurso contra a prova. “O que está no edital, ele (candidato) tem que estudar, não pode dizer que a prova vai beneficiar A, B ou C não. Ele poderia estar em Conceição, em Pernambuco, ou em qualquer outro lugar, mas tem que estudar”, completou justificando que os conteúdos não beneficiam ninguém.

O diretor da  empresa organizadora disse também que existem fontes de estudo para todos os conteúdos contestados e citou sites e apostilas produzidas especificamente para a prova. Como exemplo, o G1 fez uma busca na internet sobre eleição da Miss Santana de Mangueira e encontrou apenas duas referências sobre o concurso (uma página em uma rede social e o site do organizador). 

O gabarito oficial preliminar do concurso de Santana de Mangueira está previsto para ser divulgado no dia 15 de outubro.

Erros de ortografia e Ministério Público

Além dos temas que, na opinião do professor, estariam em discordãncia com o edital,  Everton afirma que as provas do concurso estavam repletas de erros de ortografia e digitação. Problema este que foi admitido pelo responsável pela Real Concursos. Ênio Alves, no entanto, disse que isso foi culpa da gráfica que produziu os cadernos de questões.

O professor de história procurou o Ministério Público em Conceição para pedir providências, encaminhando inclusive cópias das provas. O G1 tentou falar com o promotor de Justiça Pedro Henrique de Freitas, responsável pelo caso, mas ele não foi localizado na promotoria.

G1 PB

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