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Professor realiza estudo e afirma que águas de açude São Gonçalo abastecimento podem acabar em março

Segundo o Professor Doutor Allan Sarmento, caso não chova, é recomendado a elaboração de um plano emergencial o mais rápido possível

Por Campelo Sousa

17/10/2017 às 09h41

Açude de São Gonçalo, no município de Sousa

O açude São Gonçalo, que está localizado na sub-bacia do Rio Alto Piranhas, foi construído 1922 e inaugurado no governo de Getúlio Vargas no ano de 1936, e possui uma capacidade máxima de 44,6 milhões de m³. Segundo a Agência Executiva de Gestão das Águas (AESA). A última vez que o açude sangrou foi no ano de 2011 e chegou ao seu estado crítico no ano de 2016, atingindo um volume de 2,9% da sua capacidade máxima, devido o período da estiagem. Em 22 de março de 2016 aconteceu um “milagre” e o reservatório atingiu um volume de aproximadamente de 12,5 milhões de m³, vindo a se recuperar mais ainda em 14 de abril de 2017 chegando a volume de 13,53 milhões de m³. E atualmente, em outubro de 2017 está com um volume 19,2% da capacidade máxima.

Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a maior temperatura registrada foi de 39,8ºC em 16 de julho de 1997 e a menor temperatura registrada atingiu 12,2ºC em 27 de junho de 2008. O menor índice de umidade relativa do ar (vapor de água) registrada foi de 14% no ano de 1976. A maior chuva acumulada em 24 horas foi de 192,6 mm em 6 de maio de 2008. Segundo dados do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS), a precipitação média anual é em torno de 894 mm e a evaporação média anual chega a 3.056,6 mm, quase 3 metros de lâmina de água do açude no ano se transforma em vapor de água.

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A outorga emitida pela Agência Nacional de Águas (ANA), no ano de 2013, para captação de água no açude São Gonçalo é de cerca de 13.800 m³ por dia, ou 159,72 litros por segundos para abastecer os municípios de Sousa, Marizópolis e o Distrito de São Gonçalo. A vazão aduzida para o município de Nazarezinho e o distrito de Gravatá atualmente são abastecidos pela captação por fio d’ água, no leito do rio Piranhas, com uma vazão de 12 litros por segundo.

Num parecer técnico nº 92/2015, elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA), que trata da necessidade da execução de levantamento batimétrico (ou seja, determinar quanto do manancial está comprometido devido ao assoreamento), permitiu-se assim conhecer a real curva da Cota x Área x Volume do reservatório São Gonçalo. Para termos noção do problema, conforme o estudo do parecer foi observado na cota 234,83 metros uma redução no seu volume de aproximadamente 25%, quando comparado com o volume especificado em projeto.

Conforme estudo realizado pelo Grupo de Pesquisa Gestão Ambiental no Semiárido (GAS), considerando as condições atuais que se refere ao mês de outubro de 2017, estabeleceu-se que:

1.) há uma demanda de 159,72 litros por segundos nas cidades de Sousa, Marizópolis e o Distrito de São Gonçalo;
2.) existe uma retirada do açude de 180 carros pipas com capacidade de 10.000 litros, sendo equivalente a uma retirada 1.800 m³ por dia, ou uma vazão de 28,33 litros por segundo;
3.) mesmo que o volume divulgado pela Agência Executiva de Gestão das Águas (AESA), seja de 8,55 milhões de m³, quando descontando o volume assoreado recomendado pelo parecer técnico Nº 92/2015, a quantidade de água real que está disponível no açude São Gonçalo é de 6,89 milhões de m³, que perfaz 15,45% da capacidade máxima.

Em concordância com todos os dados supracitados, contabilizando, ainda, tudo o que se pode evaporar nos próximos meses, alerta-se para um real cenário em que a água do açude São Gonçalo só vai ser suficiente até o final do mês de março de 2018. Lembrando que não podemos contar mais com a adutora emergencial do Pintado construída pelo Governo do Estado, porque o açude Mãe D’ água está atualmente (outubro/2017) apenas com 4,4% da sua capacidade máxima, segundo dados disponíveis do volume diário em 10/2017 no site do AESA, agravando ainda mais o cenário projetado, em comparação a crises anteriores.

Segundo o Professor Doutor Allan Sarmento, a queda acentuada do volume de água armazenado no açude São Gonçalo está acelerada, ficando o alerta para autoridades locais tomarem alguma inciativa e começar elaborar um plano emergencial de racionamento com monitoramento e uma campanha educativa de economia de água para população, porque só temos água até o fim do mês março de 2018, caso não chova.

DIÁRIO DO SERTÃO

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