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O médico urologista João Ricardo tira dúvidas sobre câncer de pênis e de próstata

O médico urologista João Ricardo, em entrevista ao “Diário do Sertão”, tira as dúvidas dos homens a cerca dos sintomas, predisposição, prevenção e tratamento sobre o câncer de pênis e de próstata. João Ricardo salientou também se é possível pensar a urologia dentro do Programa  de Saúde da Família, para  ser tratada a questão do […]

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29/09/2010 às 18h42

O médico urologista João Ricardo, em entrevista ao “Diário do Sertão”, tira as dúvidas dos homens a cerca dos sintomas, predisposição, prevenção e tratamento sobre o câncer de pênis e de próstata.

João Ricardo salientou também se é possível pensar a urologia dentro do Programa  de Saúde da Família, para  ser tratada a questão do câncer de pênis.

O urologista esclareceu ainda sobre a diminuição do preconceito do exame de toque retal para diagnosticar o câncer de próstata, e que apesar da medicina ter evoluído bastante, este exame ainda é indispensável no diagnóstico e prevenção da doença.

DIÁRIO DO SERTÃO: Quais são os principais sintomas do câncer de pênis e de próstata?

Médico João Ricardo: O principal sintoma do câncer de pênis é a tumoração ou ulceração. Quando eu falo de tumoração estou me referindo a uma ferida no pênis que não cicatriza ou que demora a cicatrizar. Já no câncer de próstata isso fica mais complicado de explicar com relação aos sintomas, pois eu tenho um certo cuidado ao falar deste tipo de câncer para a população no geral, pois os sintomas de câncer de próstata podem ser semelhantes aos sintomas de hiperplasia de próstata que é uma doença benigna que não é câncer, tem tratamento e cura. Então eu me preocupo muito com essa questão, pois os sintomas são parecidos, e de repente quando alguém está sentindo aquilo que eu estou dizendo, pode até achar que está com câncer de próstata e na realidade não tem nada de grave. Então a melhor forma do homem tirar as suas dúvidas é consultar um urologista.

DIÁRIO DO SERTÃO: Como o homem deve se prevenir contra estas doenças?

Médico João Ricardo: A prevenção contra o câncer de pênis é fácil, pois é só o homem fazer a higiene diária do órgão. Se você tem excesso de prepúcio, ou seja, aquela pele que cobre o órgão masculino, e se você tem dificuldade de puxá-la, pode dar uma irritação que venha ocasionar a doença. Outra prevenção é a cerca da fimose, pois se o homem tem este problema deve operá-la. È importante lembrar que as doenças venéreas podem ser fatores favoráveis para o câncer de pênis. Se aparecer alguma lesão no pênis numa fase inicial, o homem deve procurar o médico imediatamente. Se agente for analisar os pacientes com câncer de pênis, a grande maioria é a falta de higiene. Já com relação ao câncer de próstata a prevenção é uma coisa mais complicada, pois não existe nenhum tipo de medicamento que garanta ao paciente a prevenção do câncer de próstata. Ainda não existe nenhum estudo documentado que garanta que isso vá prevenir a doença. Então o que é que agente pede? Que os pacientes façam as suas consultas urológicas permanentes 1 vez ao ano, a partir dos 45 anos de idade para todos, e a partir dos 40 anos de idade para aquelas pessoas que tem um risco maior de ter um câncer de próstata. Por exemplo, se o seu pai tem câncer de próstata e o meu não tem, você tem de duas a três vezes mais possibilidades de ter a doença do que eu. Então a genética é um dos fatores de predisposição ao câncer de próstata. A partir dos 40 anos de idade o homem deve fazer um exame de câncer de próstata para diagnosticar a doença precocemente. Porque diagnosticar precocemente? Porque os pacientes que tem câncer de próstata precoce, a cirurgia com possibilidade de cura é altíssima.

DIÁRIO DO SERTÃO: Como é o tratamento de câncer na fase inicial?

Médico João Ricardo: O tratamento de câncer na fase inicial é com radioterapia, cirurgia, hormônio ou com algum tipo de tratamento, pois basicamente quando estamos falando de fase inicial é porque este câncer tem cura, então podemos falar em cirurgia e radioterapia.

DIÁRIO DO SERTÃO: É possível pensar a urologia dentro do PSF (Programa Saúde da Família), principalmente para tratar a questão do câncer de pênis?

Médico João Ricardo: É possível sim, agora eu acho que o Programa Saúde da Família é uma idéia fantástica, entretanto este funciona de forma precária, pois o PSF veio para desafogar postos de saúde, policlínicas, hospitais, e se você for no Hospital Regional agora mesmo pode ver que está super lotado. Então vamos analisar, se o HRC está lotado de pessoas com sintomas simples de gripe, dengue numa fase inicial, ou uma simples dor, ou seja, se essas pessoas estão procurando o hospital para ser medicado, é porque o Programa Saúde da Família está deixando a desejar. Um urologista no Programa Saúde da Família é importante? É. Mas um ginecologista e um dentista também são importantes. Dessa forma você vai começar a ver que o programa vai ficar pesado e inviável economicamente no país. Você pode encaminhar o paciente direto sem precisar de um urologista em cada equipe de saúde da família. Então eu ainda acho isso sem necessidade. Nesse caso haveria necessidade se o câncer de pênis tivesse um índice alarmante na cidade de Cajazeiras, o que não ocorre.

DIÁRIO DO SERTÃO: Porque atualmente o câncer de pênis não está sendo muito debatido ou questionado pelos homens?

Médico João Ricardo: Na verdade está sendo debatido em programas nacionais de combate ao câncer. Já houve diversos congressos tratando sobre câncer de pênis, o governo federal também fez um programa sobre a doença. Há essa preocupação hoje, principalmente no norte e nordeste. A sociedade brasileira de urologia também fez uma campanha baseada na prevenção, distribuindo panfletos num trabalho de orientação fantástico. É porque isso às vezes não é divulgado em virtude de que algumas pessoas não conhecem, mas nós somos da área e sabemos a preocupação que a sociedade brasileira urologia tem com o câncer de pênis, principalmente nas áreas onde a incidência é maior.

DIÁRIO DO SERTÃO: A partir de que idade é indicado para que o homem procure um urologista e faça o exame de toque retal e o PSA (Antígeno Prostático Específico)?

Médico João Ricardo: A partir dos 45 anos de idade, para todos os homens, e a partir de 40 anos para aqueles que tem histórico de câncer de próstata na família. Alguns meios de comunicação indicam que o exame deve ser feito a partir dos 50 anos. Mas eu acho que a partir dos 45 anos é a idade ideal, até porque eu tenho tido pacientes com menos de 50 anos de idade que apresentaram câncer de próstata e em pessoas que não tem câncer de próstata na família. Então, é muito importante fazer o exame a partir dos 45, que é um exame simples de se fazer e a população hoje em dia está se preocupando muito mais.

DIÁRIO DO SERTÃO: Houve um aumento no número de casos de câncer de próstata?

Médico João Ricardo: Em 2002 tivemos mais de 25.000 casos de câncer de próstata, já em 2008 houve um salto para 50.000 novos casos. Entretanto não é que a doença esteja aumentando, o fato é que os homens é que estão procurando mais o urologista. Hoje em dia temos mais recursos de dar um maior diagnóstico da doença através dos exames de toque retal e PSA (Antígeno Prostático Específico). Morrem mais pacientes de câncer de próstata? Claro, mas a perspectiva de vida também aumentou. Se a população procura mais o urologista e se nós temos mais exames específicos, nós vamos diagnosticar mais caos da doença.

DIÁRIO DO SERTÃO: Atualmente o homem ainda possui preconceito ao exame de toque retal ou o seu comportamento mudou?

Médico João Ricardo: Se eu disser que não existe preconceito eu estaria mentindo, mas é mínimo, pois eu estou em Cajazeiras há 12 ou 13 anos, e o que acontecia há treze anos atrás não acontece mais. Entretanto, é muito raro um paciente chegar no meu consultório e dizer que não quer mais fazer o exame de toque retal. Pelo contrário, muitas pessoas vem fazer um exame e já pedem para fazer o da próstata. Quer dizer, o homem já está preocupado com isso. Até os homens com menos de 40 anos já me perguntam se podem fazer o exame de próstata. Vemos pessoas de 40 a 50 anos que moram na zona rural, me procuram e dizem que não sentem nada, mas que querem fazer o exame de toque retal daqui para frente, então o preconceito diminuiu, pois atualmente os homens estão mais preocupados com a sua saúde. Antigamente só as mulheres que se preocupavam com a saúde, mas as estatísticas dizem ainda que as mulheres vivem sete anos a mais que os homens. Mas graças às campanhas este quadro poderá mudar.

DIÁRIO DO SERTÃO: Mesmo que a medicina tenha evoluído bastante ainda não foi descoberto outro tipo de exame de próstata?

Médico João Ricardo: Muitos homens ainda me questionam: Mas, a medicina evoluiu tanto, e em pleno século XXI ainda é preciso fazer exame de toque retal? Mas aí eu sempre digo que o toque retal é a única forma do médico diagnosticar a doença e não será substituído nunca. Podem inventar o que inventar. No Brasil já temos robôs que fazem vários tipos de cirurgia cardíaca e de próstata, mas quem manipula o robô é o homem, não adianta. Não é você instalar o robô na frente do paciente e dizer: olha pega a próstata dele e opera. Não é assim. Ele é um robô, mas é manipulado pelo homem. Nos Estados Unidos, talvez a grande maioria de cirurgias de próstata se faça através do robô. Então o toque retal é a mesma coisa e nunca vai deixar de ser importante. A não ser que a medicina descubra um exame laboratorial que dê o resultado de exame de próstata. É claro que o exame de sangue, PSA (Antígeno Prostático Específico) teve uma importância fundamental para o câncer de próstata. Entretanto a especificidade do PSA ainda é baixa, pois eu posso ter um paciente com PSA elevado e ele não ter câncer de próstata, pode ser apenas uma prostatite, ou seja, uma pequena inflamação. Mas de qualquer forma o exame de PSA ainda é fundamental para um diagnóstico mais preciso de câncer de próstata.

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