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Em carta a Dilma, parlamentar diz que Irã tem nova posição sobre o caso

Deputada lidera comissão de direitos humanos do Parlamento iraniano. Sakineh Ashtiani havia sido condenada inicialmente ao apedrejamento.

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17/01/2011 às 17h34

O Irã suspendeu a pena de enforcamento contra Sakineh Mohammadi Ashtiani, uma acusada de adultério e homicídio cujo caso provocou uma mobilização global, disse uma deputada iraniana, segundo relato divulgado nesta segunda-feira (17).

Sakineh foi inicialmente condenada a apedrejamento pelo crime de adultério, mas essa sentença foi suspensa devido à repercussão internacional. Ela continuava sob ameaça de morte por enforcamento, por ter sido considerada cúmplice no assassinato do marido.

Em carta à presidente brasileira, Dilma Rousseff, a deputada Zohre Elahian, presidente da comissão de direitos humanos do Parlamento iraniano, disse que a pena de enforcamento também foi suspensa, devido a apelos dos filhos de Sakineh.

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Sakineh Mohammadi-Ashtiani e seu filho durante entrevista em Tabriz, no ano passado (Foto: AP)

"Embora a sentença de apedrejamento não tenha sido finalizada ainda, a sentença de enforcamento foi suspensa devido ao perdão [dos filhos dela]", disse a carta, segundo a agência estudantil de notícias Isna.

Ainda não havia confirmação oficial da informação. "Não aconteceu nenhuma mudança nem desenvolvimento no processo do caso de Sakineh Mohammadi Ashtiani, e a publicação de qualquer notícia a esse respeito é falsa", disse Malek Ajdar Sharifi, autoridade na província onde o caso foi ouvido, segundo a agência de notícias oficial Irna. "Os arquivos dela estão sendo investigados na corte suprema nacional, e veredicto final ainda não foi emitido."

Sakineh foi condenada a dez anos de prisão. Ela foi presa em 2006.

Asilo no Brasil
Em julho do ano passado, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu asilo a Sakineh no Brasil. O governo do Irã rejeitou a oferta, elogiando o "caráter humano e sensível" de Lula, mas argumentando que ele não estava a par de todos os fatos.

O Brasil tem boas relações com o Irã, e no ano passado tentou mediar um acordo nuclear, rejeitado por potências ocidentais.

Pela lei islâmica em vigor no Irã, o adultério pode ser punido com a morte por apedrejamento, enquanto crimes como homicídio, estupro, assalto, apostasia e narcotráfico resultam em enforcamento.

O caso de Sakineh abalou ainda mais as relações entre o Irã e o Ocidente, já prejudicadas por causa do programa nuclear iraniano, que os EUA e seus aliados temem estar voltados para o desenvolvimento de armas nucleares. Teerã insiste no caráter pacífico das suas atividades.

A Anistia Internacional diz que o Irã é o segundo país que mais usa a pena de morte no mundo, atrás apenas da China. Em 2008, pelo menos 346 réus foram executados.

As autoridades iranianas rejeitam as acusações de abusos aos direitos humanos e alegam estarem seguindo a lei islâmica.

G1

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