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VÍDEO: Tia de bebê que morreu na UPA de Cajazeiras relata os detalhes, e mãe desabafa: “Perdi minha vida”

A tia Francicleite Tavares conta detalhes precisos do acompanhamento ao caso do pequeno Enzo, elogia os procedimentos da equipe que fez o primeiro atendimento, mas critica a postura dos profissionais que assumiram o caso no 'segundo' plantão

Por Jocivan Pinheiro

16/05/2023 às 16h36 • atualizado em 16/05/2023 às 16h49

Foram horas de muita aflição desde o momento em que o pequeno Enzo deu entrada na UPA de Cajazeiras até o momento em que a família recebe a notícia do óbito. Francicleide Tavares, tia do bebê, acompanhou pessoalmente os bastidores do atendimento do começo ao fim. Na tarde desta terça-feira (16), durante o velório no Bairro dos Remédios, ela foi a única parente que conseguiu reunir forças para falar com a TV Diário do Sertão, mesmo estando bastante abalada. Francicleite conta detalhes precisos do acompanhamento, elogia a equipe que fez o primeiro atendimento, mas critica a postura dos profissionais que assumiram o caso no ‘segundo’ plantão.

Enzo Diego Ribeiro, de apenas 42 dias de vida, faleceu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade de Cajazeiras, no Sertão da Paraíba, na manhã desta terça-feira, horas depois de ter dado entrada apresentando complicações respiratórias agudas.

Francicleite conta que um maqueiro da UPA insistiu para que ela e Enzo ficassem em uma sala onde crianças e adultos com sintomas de síndromes respiratórias dividiam o mesmo espaço. Apreensiva com a situação do ambiente, ela se negou a entrar. Esse foi o primeiro momento de tensão entre os familiares e os atendentes do plantão. A situação só foi apaziguada quando a médica de plantão orientou Francicleite a sentar em uma poltrona em outro local da unidade.

Enzo se submeteu às primeiras avaliações e recebeu medicações para estabilizar a respiração, no entanto seu quadro clínico ainda evoluía para uma piora. Foi então que a médica transferiu o bebê para o eixo vermelho e o colocou no oxigênio. A tia conta que a primeira equipe que atendeu Enzo deixou ele estabilizado. Porém, como o quadro de Bronquiolite Viral Aguda costuma evoluir rapidamente, iniciaram a busca por uma vaga de UTI neonatal na rede estadual de saúde.

Aline Ribeiro, mãe de Enzo, chora no velório do bebê (Foto: Elmo Lacerda/TV Diário do Sertão)

Momentos tensos com a segunda equipe de plantão

Na sequência do relato, Francicleide critica a forma “ignorante” com a qual ela e a mãe de Enzo foram tratadas pela médica e por uma enfermeira da segunda equipe que assumiu o caso após a troca do plantão. A tia conta que por volta de 02:30 a criança piorou bastante e só então que a médica reconheceu que o caso era gravíssimo, já que Enzo não respondia mais à medicação.

A espera por uma ambulância para transferir Enzo para o Hospital de Trauma de João Pessoa também gerou um clima tenso na UPA, já que, segundo Francicleide, a primeira informação que a família recebeu foi de que o veículo já estaria em Cajazeiras aguardando apenas a equipe se preparar. No entanto, minutos depois disseram que a unidade móvel vinha de Patos. Francicleide afirma que Enzo morreu no momento em que estava sendo colocado na ambulância, mas a família teria recebido a notícia do falecimento apenas por volta de 04:00.

“Se tivesse uma UTI para criança aqui, ele não tinha morrido, porque tinha entubado e botado ele no cantinho dele. Ele morreu quando foi transferir de um lado pra outro, que ele não resistiu e deu a parada [cardíaca]. Até então ele não foi mal atendido. Os profissionais atenderam. Mas não tem suporte, não tem nada. Com o que salvar as crianças? Eles vão fazer o quê?”, questiona a tia.

Francicleide conta que na ambulância onde Enzo seria transferido já vinham sendo conduzidas outras três crianças para transferências, uma delas entubada. Nesse momento ela não contém a emoção e faz um forte desabafo.

“Quem for mãe, quem tiver filho, não fiquem calados, porque quando entra lá dentro, morre. Quando eles vêm dizer, já está morto. Ele estava olhando pra mim, nos meus braços, quando ela mandou botar em cima da cama. E quando a gente volta, acha ele naquele estado, morto, roxo em cima de uma cama. Ele não é meu filho, mas eu estou sentindo uma dor como se ele fosse meu, porque eu levei ele para ser atendido, não foi para morrer. Eu pensei que nós íamos para casa, não sabia que ele ia morrer”.

A dor da mãe

Aline do Nascimento Ribeiro, mãe de Enzo, disse aos prantos: “Eu não tenho chão, eu perdi minha vida. Eu não queria mais nada, queria só que Jesus me levasse”.

DIÁRIO DO SERTÃO

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