A cabeça de Bolsonaro

Por Josival Pereira – Um dos assuntos geradores de maior discussão política nas duas últimos semanas tem sido o movimento do ex-presidente Jair Bolsonaro de ungir o filho Flávio Bolsonaro, senador pelo PL do Rio de Janeiro, como seu candidato à presidência da República. Havia muito questionamento sobre a decisão e que estava se passando na cabeça de Bolsonaro.
Em pouquíssimo tempo, as pesquisas ja indicam que o ex-presidente parece ter razão, ainda perdurem incompreensão sobre as razões de sua decisão. Não é para menos. Na babel em que se transformou a política, cada um tem seu motivo, tornando o fato ainda mais confuso.
Apesar das muitas celeumas, há sinais e fatos que talvez ajudem na compreensão dos acontecimentos.
Começa com o histórico político da própria família Bolsonaro, que opta quase sempre por soluções para dentro, em favor de alguém de casa, quando a questão diz respeito à política. Na verdade, tudo gira em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro, com comando estritamente hierarquizado. Não seria diferente agora.
Por que não o governador Tarcísio de Freitas, já considerado algumas vezes como um Bolsonaro? Essa é a questão sobre a qual se manifestam mais incompreensões. Há três ou quatro itens a serem considerados nesse quesito.
Um deles seria o de que Tarcísio vinha sendo muito mais candidato do Centrão do que de Bolsonaro. Faz algum sentido.
Mas Tarcísio Freitas não seria a maior certeza da liberdade do ex-presidente Bolsonaro? O indulto não já teria sido prometido algumas vezes.
O problema aqui reside na incerteza da vitória do governador Tarcísio. A tendência é de formação de uma grande aliança da direito ao redor de candidatura de Tarcísio. É uma candidatura forte, mas todas as pesquisas de praticamente todos institutos nos últimos três meses apontam Lula na frente do governador de São Paulo. Como a tendência seria haver um tête-à-tête nas urnas, a solução Tarcísio seria de elevado risco. A derrota manteria Bolsonaro preso por tempo indeterminado.
Além disso, haveria um cálculo de sobrevivência política da família. Como candidato, vencendo ou perdendo, por força do resultado das urnas, Tarcísio assumiria, inevitavelmente, a liderança da direita.
Bolsonaro parece ter preferido una saída ao modo Lula em 2018, que descartou Ciro Gomes, lançou a candidatura de Fernando Haddad para manter a liderança da esquerda. Voltou em 2022 e se elegeu.
Existiria também um cálculo fundado no pragmatismo da hipótese de eleição em segundo turno. A candidatura de Flávio Bolsonaro forçaria a apresentação de outros candidatos de direita e de centro, o que geraria a perspectiva de decisão em dois tempos. A convicção é a de que Flávio seria o mais votado entre os candidatos de direita e haveria a aliança geral para o segundo turno. As pesquisas apontam nessa direção.
Essa última tese estaria embasada na hipótese de que não haveria anistia. Não vai haver. O Congresso aprovou a dosimetria (redução de pena), caso em torna a candidatura de Bolsonaro (pai) inviável para 2030. Então, ele parece se conformar com sua situação de inelegibilidade e decide para que a família Bolsonaro, vencendo ou perdendo as eleições do próximo ano, se mantenha na liderança de direita. De qualquer jeito, conserva poder.
Parece complicado, mas a política é repleta de caminhos tortos.
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