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Edivan Rodrigues

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A Copa é do Mercosul?

02/07/2010 às 09h37

O continente americano mandou à África do Sul 8 das 32 equipes de futebol. Todas da América Latina, menos a dos Estados Unidos. Das oito, só a de Honduras não se classificou às oitavas de final. Foi um começo excelente. A Europa classificou apenas 6 dos 13 times que para lá foram e a Ásia, dois. Gana honrou a África.

Os latino-americanos começaram bem e prosseguiram melhor ainda com o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai (países do Mercado Comum do Sul), disputando as quartas de final. E mais, Chile e México foram despachados por Brasil e Argentina. Por isso, o jornalista espanhol E. Rodrigálvarez, do jornal EL PAÍS, um dos mais importantes da Europa, falou do “milagre da América”, ao tentar explicar nosso sucesso. Milagre uma ova. É preparo, raça, competência e, sobretudo, lastro adquirido ao longo de muitos anos de pelada na periferia, em sítios, no meio da rua.

Desconfio que o campeão sairá da América do Sul. Posso quebrar a cara, bem sei, que previsão em futebol é mais arriscada do que aposta eleitoral. Das pessoas próximas a mim, só conheço uma que vira e mexe estoca bebida à custa de apostas: o poeta Tantino Cartaxo. Em 2008, ele riu à toa, depois da apuração, grana nos bolsos, relógios e bugigangas amealhados de perdedores, em apostas casadas em bar: Décio, Bibiano, Hilário ou no Pirulito. E não ganhou mais porque Rusbimar Galvão não bebe… Mas isso é outro papo.

Voltemos à copa. Escrevo esta crônica antes das quartas de final. Brasil, Argentina, Uruguai bem que merecem o caneco, de novo. A única zebra seria o Paraguai. E se ele passar pela Espanha, neste sábado? O jornal de Madri iria chorar: Paraguai confirma o milagre! E os sacoleiros da fronteira? Tá vendo, freguês, não tem essa de falsificado, é tudo limpeza, de primeira… Igualzinho à seleção do Paraguai.

No sério, o futebol talvez tenha sido o campo em que mais se afirmou a globalização, no vaivém milionário de atletas, a Europa importando craques de todas as partes do mundo. Misturou tudo. Acabou-se aquela coisa misteriosa de escola européia, escola brasileira, escola argentina. Só especialistas finos percebem as diferenças, o mundo encurtado pela tecnologia, por transações no futebol.

A America do Sul agigantou-se na África, ao contrário de sua inserção no campo geopolítico, em que estratégias e táticas de avanço e recuo são muito mais refinadas do que no gramado. Não poderia ser diferente. Os interesses em jogo no campo geopolítico alcançam o controle do mundo. Aí, temos muito a aprender para usar poderosos trunfos de que dispõe a América Latina, neste começo do século 21: matriz energética diversificada, enorme potencial de energia limpa, invejáveis reservas de água, florestas, petróleo e gás natural.

Falta, porém, mais entrosamento. E mais gente como Lula que fale grosso lá fora. Ou gente que faça bonito: Messi, Higuaín, Forlán, Suárez. Ei, Frassales, bota aí, Maicon, Kaká, Luiz Fabiano, Lúcio, Daniel. Pronto, botei.
 


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

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