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Francisco Cartaxo

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A morte do tenente João Cartaxo (2)

02/02/2015 às 16h04

Cajazeiras versus Santa Fé. O assassinato do tenente João Cartaxo não resultou de uma disputa político-eleitoral entre cajazeirenses, embora tenha envolvido dois partidos políticos. O Partido Liberal, o mais forte, foi organizado pelo comandante Vital Rolim quando Cajazeiras era simples povoação do município de Sousa. Comandante Vital recebia a orientação do padre José Antônio Marques da Silva Guimarães, vigário, deputado e chefe político de Sousa durante muitos anos. O Partido Conservador se formou em torno dos descendentes de Francisco Lins de Albuquerque, um pernambucano, segundo Deusdedit Leitão, atraído ao sertão do Rio do Peixe pelos herdeiros do sesmeiro Luiz Gomes de Albuquerque, o pai de Ana Francisca de Albuquerque (Mãe Aninha). 

Francisco Lins de Albuquerque é considerado o fundador de Nazarezinho. No começo de século XIX, fixou-se no lugar chamado Pico que, anos depois, floresceu, tornando-se povoado, vila e, finalmente, a cidade de Nazarezinho. Casado com Francisca Catarina de Sena, ele deixou entre os muitos descendentes, Manoel Cesário de Albuquerque e João Franco de Albuquerque, que migraram para Cajazeiras, onde exerceram atividades políticas, tendo sido prefeitos no tempo do Império. Suponho que nessa linhagem familiar, tem raiz a oposição ao bloco político hegemônico dos Rolim, Coelho e Cartaxo. Raiz estendida à Primeira República por intermédio do coronel Justino Bezerra, cuja esposa, Maria Rosalina Dantas, era neta de João Franco de Albuquerque. Este se instalara na fazenda Serra Vermelha. Lembro esses detalhes para realçar que o Partido Conservador em Cajazeiras provinha, como o Partido Liberal, de origem familiar semelhante: o velho desbravador do sertão Luiz Gomes de Albuquerque. Diferente do alferes João Pires Ferreira de Maria, que tinha outras raízes. João Pires foi acusado, formalmente perante a Justiça, de ser responsável pelo conflito armado no dia da eleição de 18 de agosto de 1872, embora não estivesse presente na hora do tiroteio.

Na Monarquia, conservadores e liberais se revezavam no governo, formando o Gabinete que representava o poder executivo, conforme a organização administrativa naquela época. Ora, quando um partido comandava o Gabinete havia substituição, de cima a baixo, dos ocupantes dos cargos públicos. Pois bem, o morticínio de Cajazeiras se deu sob a égide do Partido Conservador, sendo Manoel Cesário de Albuquerque o prefeito nesse período.  

Outra coisa, a partir de 1863, São José de Piranhas passou a integrar o então recém-criado município de Cajazeiras, incluindo Santa Fé, um florescente povoado. Segundo Messias Lima e Marconi Vieira, “A sede da Freguesia de São José se constituía em reduto eleitoral do Partido Liberal, enquanto o Distrito de Santa Fé era eminentemente conservador.” E o alferes João Pires mandava em Santa Fé. Por isso, foi para lá que ele se dirigiu após o entrevero ocorrido em Cajazeiras. Com estes dados históricos, desejo mostrar que o massacre de 1872 se deu entre os liberais de Cajazeiras e a facção do Partido Conservador de São José de Piranhas, mais especificamente de Santa Fé. Pouco se sabe do envolvimento ostensivo dos líderes conservadores da vila de Cajazeiras naquele episódio sangrento. Assim, pode-se concluir que em 1872 a disputa pelo poder se deu de forma sangrenta por causa da recente incorporação a Cajazeiras do conturbado lugarejo de Santa Fé.

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

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Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

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