Agruras de Luiz Couto
Francisco Cartaxo
Poucos sustentam a luta contra o crime organizado, muitos ficam na espreita de possível emboscada aos ousados, uns começam a caminhar e logo param, instados a mudar de trilha. Outros porém não retrocedem. Alguns destes morrem, como o advogado Manoel Mattos, dirigente do PT pernambucano, executado em Pitimbu no dia 24 de janeiro. A polícia paraibana concluiu o inquérito em 34 dias e, entre mandantes e executores materiais do crime, apontou cinco, um ainda foragido. Restringiu-se ao delito em si, alheia ao reclamo de mais presença do poder público nas investigações até chegar às raízes do mal. Limitou-se a cortar galhos, quem sabe irrelevantes, dos grupos de extermínio, atada ao formalismo funcional. Palmas burocráticas para ela.
Impossível parar aí. O presidente Lula prometeu a políticos e à família de Manoel Mattos, que acionaria a Polícia Federal. A gravidade da situação não está apenas na ameaça de morte a dois deputados federais, mas também na inibição de testemunhas que têm o fio da meada dos grupos de extermínio. Sem isso o crime vence o poder constituído. Portanto, exige-se ação firme, talvez por meio de uma daquelas eficazes Operações conjuntas com o Ministério Público e órgãos afins. Do contrário, a próxima vítima poderá ser o deputado Fernando Ferro ou o padre-deputado Luiz Couto.
Luiz Couto ganhou projeção nacional pela corajosa atuação parlamentar na CPI do crime organizado, arriscada atividade que não alimenta “caixa 2” eleitoral. Daí porque muitos a desdenham, escondem-se por medo, conivência ou promiscuidade. Luiz Couto não teme, me disseram, já que sequer o vi de perto. Age assim por amor ao próximo, pela convicção arraigada em seu espírito cristão, o padre e o cidadão no mesmo indivíduo, como a alma impregnada ao corpo humano.
Impregnação que talvez falte a dom Aldo Pagotto, indiferente ao clamor da maioria (disfarçada em minorias) que se achega a Luiz Couto nesse transe que ele vive. De um lado, a ameaça constante do conluio estruturado para o crime e, agora, a reação do pai hierárquico. Diante da solidariedade ao deputado-padre, dom Aldo a menospreza: “Isso não me atinge, não me emociona nem me constrange.” Seria ele um cactos? No entanto, jamais igual a Celso Furtado, na imagem fixada por Gonzaga Rodrigues em crônica inesquecível. Celso chorou e eu vi lágrimas descerem no seu rosto em momento de crença no renascimento do sonho de redimir a gente nordestina. Chorou em vão, é bem verdade.
Dom Pagotto, não. Perfila-se em mandacaru sem fruto, a espinhar Luiz Couto num momento de angústia, sob pretexto de vê-lo ajustado ao pensar das ruas a favor do uso de preservativos como bem de saúde pública, contra o celibato obrigatório e o preconceito homossexual. Agruras demais para um cristão.
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