Agruras de Zé Maranhão
Se a coordenação da campanha peemedebista tivesse dado ouvidos ao depoimento do senador Roberto Cavalcanti sobre pesquisas eleitorais na Paraíba, Zé Maranhão não estaria hoje correndo atrás do prejuízo. O governador elegeu como estratégia fundamental de sua campanha atrair apoios de prefeitos e chefes locais, fazendo disso marketing triunfalista com ajuda da mídia, aliás, sempre generosa em alardear as adesões recebidas. Vê-se agora que as pesquisas eram frágil trunfo de papel.
Outra linha estratégica adotada foi realçar contradições de Ricardo Coutinho. Como pode um político moderno, renovador aliar-se ao DEM e ao PSDB? E tome Lula no guia eleitoral, diariamente. Além disso, Maranhão tentou desconstruir a imagem de Ricardo como gestor público bem avaliado, usando a tática de sacar aqui e ali obras inconclusas, como mercados públicos, hospitais, ou insatisfações pontuais inerentes a qualquer processo de mudança.
No primeiro turno, essas estratégias não funcionaram. Aí estão os elevados percentuais de votos dados a Ricardo em João Pessoa (60%), onde o eleitor mais resistiu à aliança com Cássio, e a surpreendente votação de Campina Grande (64%), que deram ao candidato do PSB a passagem, na primeira classe, para o segundo turno.
Maranhão atraiu prefeitos em troca do anúncio de obras e serviços mais do que de realizações. Promessas houve à vontade. Era o pretexto para o vira-casaca. (De outras táticas pouco republicanas, me eximo de falar). A tática do aliciamento operou a seu favor em pequenos municípios, como indicam seus índices de votos acima de 60%, frente aos magros sufrágios de Ricardo. Nos centros urbanos de médio porte, no entanto, foi um fracasso. Nestes pesaram outros fatores. Nas cidades maiores existem eleitores mais exigentes, antenados aos desejos de mudança que não se ajustam ao perfil e à trajetória de Maranhão. Acrescente-se outro ingrediente: a fraqueza de alguns prefeitos adesistas.
Uma das mais importantes ações do governo de Zé Maranhão em Cajazeiras, o Aeroporto Regional do Sertão, virou novela. A obra, iniciada em junho de 2009, com tratores, poeira, pompa e discurso em caminhão-palanque (aliás, armado em terreno doado por José Maria Moreira), deveria ter todas as etapas concluídas no início de 2010. Para tanto, o próprio governador anunciou que faria três licitações simultâneas: uma para a pista de pouso e decolagem, outra para a iluminação noturna e, a terceira para a estação de passageiros. Isso no São João de 2009. Seria tudo rápido para inaugurar antes da eleição. Seria. Passados 16 meses, a pista está asfaltada, embora sem sinalização horizontal, drenagem e outras obras complementares. A estação de passageiros encontra-se em eterna licitação. E a iluminação noturna? Bem, fica por conta da lua cheia…
Zé Maranhão vive momentos de agruras. Seu jeito lento de governar não ajuda. Agora precisa correr para sair do prejuízo. Mas o ritmo de tartaruga atrapalha.
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