Apenas um até logo
Por Francisco Frassales Cartaxo – Ficarei ausente deste espaço no Gazeta do Alto Piranhas até junho, talvez menos, assim espero. Preciso de tempo para realizar duas tarefas que exigem tranquilidade intelectual e muita concentração. Uma delas se refere à história política de Cajazeiras, livro com dois capítulos prontos, mas paralisado há anos. A outra, é saldar o compromisso de escrever o perfil biográfico do padre Ernando Teixeira de Carvalho, meu antecessor na Cadeira Nº 36, do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano. Vítima fatal da pandemia, sacerdote ligado às questões sociais, Ernando era rigoroso pesquisador com formação acadêmica na Europa. Ocupou o cargo de diretor do Centro Cultural de São Francisco, a convite do governador Tarcísio Buriti em 1.990, e ali permaneceu 16 anos, deixando notável legado cultural de estímulo às artes sacras e populares!
Interrompi esses trabalhos para cuidar da saúde, incluindo duas cirurgias, afora a próxima já programada. A Academia Cajazeirense de Artes e Letras também me exigiu forte dedicação desde 2019.
Com a velhice não se brinca.
Não é certo guardar só para mim o que tenho aprendido no campo histórico. Em torno dos mesmos fatos as visões se alteram na medida da descoberta de documentos antigos, obtidos em pesquisas geradoras de novas interpretações. Meus escritos pretendem visualizar algumas pistas para que outros mergulhem fundo com métodos, orientação e modernas ferramentas tecnológicas de investigação. A velhice não perdoa. Por isso vou cuidar enquanto há tempo. Não quero imitar um personagem d’O chefe político, do padre Manuel Otaviano, que ficava na contemplação do pôr do sol, todos os dias. Ou parecer a figura caricata, criada por Raul Seixas, “com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”!
LEIA TAMBÉM:
Impossível me afastar de Cajazeiras.
Cajazeiras está em mim igual a raiz que conduz seiva para folhas, flores e frutos. Nestes meses tentarei ordenar o já amealhado de nosso passado, ligar situações, personagens, pontas que, soltas em escritos anteriores, aguçam minha sede de mais conhecer. Isso vem de longe, da fumaça, dos cheiros, das vozes, do barulho das rodas, do apito do trem, que transportava o menino curioso da velha estação da RVC a São João do Rio do Peixe e, de lá, à de Paiano, (hoje, Arrojado, distrito de Lavras da Mangabeira-CE), onde viviam parentes de minha mãe. A curiosidade infantil virou dúvida no adulto, mudou de objeto, moveu meus passos de intelectual. Daí a firme determinação de contribuir com uma réstea de luz para facilitar caminhos direcionados à proximidade da verdade histórica.
E se a saudade apertar?
Volto à crônica semanal para fustigar o leitor, salvo se o amigo e confrade José Antônio de Albuquerque me impedir. Já se nota que hoje não é dia de adeus, mas de um até logo.
P S – Estas razões me fazem sair de alguns grupos WhatsApp.
Sócio da Academia Cajazeirense de Artes e Letras
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário