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Renato Abrantes

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Aproveite a Quaresma para Profanar

04/03/2009 às 00h00

FATO 1: na Europa, uma senhora que, com muita certeza, não tem o que fazer, gastou milhares de euros para mandar estampar no vidros traseiros dos ônibus adesivos com a pergunta “Deus existe?”

FATO 2: um pichador que, como a senhora acima, aparentemente muito pouco tem com o que se ocupar, escreveu no muro do cemitério de Quixadá: “Deus morreu! Cuidado, você está sendo enganado!”

FATO 3
: no hall de entrada de uma instituição de ensino superior da mesma cidade de Quixadá, um pedaço de pano – que não merece o nome de “faixa” – publicava o imperativo: “Aproveite a Quaresma para profanar”.

Quanto ao fato 1, a senhora foi representada e condenada. Teve que, entre outras coisas, mandar retirar os banner’s de todos os veículos. Quanto ao fato 2, suspeito que o pichador está sofrendo muito, pois “com Deus não se brinca!” Quanto ao fato 3, do qual tomei conhecimento no dia 04 de março do corrente ano, quando lecionava aula de Teologia Pastoral no Curso de Teologia da Faculdade Católica Rainha do Sertão, não consegui segurar a minha indignação de cidadão, de cristão e de sacerdote.

Antes de ir à delegacia de polícia, ao ministério público e ao juiz pedir que providências fossem tomadas, dirigi-me juntamente com um seminarista da diocese à direção da instituição para saber se tal manifestação tinha cunho institucional ou se era uma péssima idéia de algum professor cinqüentão ou sessentão que ainda, ridicularmente, insiste em tentar implantar o ateísmo militante através de gestos de desespero como o narrado acima, determinante de uma psicologia sofrida e insatisfeita com o fracasso racionalista de um pobre sifilítico chamado Nietzche.

Minhas suspeitas se confirmaram quando a direção, muito envergonhada, afirmou que o “profanar” tratava-se de um “movimenteco” de uns dois ou três professores que defendiam a “anarquia”. Cá com meus botões, enquanto os ilustres falavam, perguntava-me por que “anarquistas” que portavam debaixo do “sovaco” diplomas de mestre e de doutor não estavam nas ruas, colocando em prática, à custa do próprio sangue, o anarquismo defendido por seus antecessores; pobres vermes, acobertados por um “pseudo-ateísmo” pessimamente travestido de grosserias acadêmicas já conhecidas (inquisição, igreja católica, deusa-razão, etc.). Não deveriam eles estar promovendo arruaças, depredando prédios públicos, em claras demonstrações de suas maculadas opiniões de que nenhuma regra deve subjugar o cidadão? Porque os atuais anarquistas se escondem covardemente atrás da cortina ateísta? Anarquistas de…! Sequer honram suas idéias e as calças que usam. Atenuante é o fato de que eles talvez sequer saibam o que é “anarquismo”. Como a ignorância “salva” as pessoas…

Depois da “defesa” dos pobres professores, quase que me pedindo desculpas, lembrei-lhes do caráter criminoso que o banner porta: os responsáveis (se não se identificam as pessoas, a faculdade responderia) bem que poderiam ser representados com base na Constituição Federal, que prevê punição a qualquer ato de discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais, como a religião (CF, art. 5º, XLI), no Código Penal Brasileiro que considera o ato um delito contra o sentimento religioso (CPB, art. 208), pois aquele texto estava escarnecendo publicamente da fé dos cristãos, ou ainda em outras leis, como a 7.716/89 (Lei do Racismo), que prevê, no artigo 20, pena de reclusão de um a três anos a quem “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito” também por motivos religiosos, pena esta aumentada para reclusão de dois a cinco anos se tal crime é cometido por meio de publicação de qualquer natureza (como um pedaço de pano na entrada de uma faculdade), ou, ainda, a lei 8.081/90, que estabelece os crimes e as penas aplicáveis aos atos discriminatórios ou de preconceito também por causa da religião.

Contudo, ficou ecoando em mim o dia inteiro a pergunta: qual o prazer em destruir a fé alheia? O que se ganha com isto? Presta-se, sem dúvida, um serviço a Satanás que sabe muito bem utilizar a inteligência das pessoas para desacreditar Deus. O resultado está aí: desespero e angústia ante os problemas diários que, com Deus, com fé, podem ser enfrentados com outro ânimo, com a certeza de suas resoluções.

Aproveite a Quaresma para a conversão pessoal e o encontro com Deus. Não corra o risco de se perder no inferno.

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

Renato Abrantes

Renato Abrantes

Advogado (OAB/CE 27.159) Procurador Institucional da Faculdade Católica Rainha do Sertão (Quixadá/CE)

Contato: [email protected]

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