Carta aberta ao governador da Paraíba
Senhor Governador:
É com prazer que o povo de Cajazeiras o recebe, mais uma vez, neste dia 07 de maio, véspera do Dia da Vitória, data comemorativa do término da 2ª Guerra Mundial.
Ao chegar a nossa cidade, sobrevoando-a, o Senhor deve ter visto, ao Norte, o quanto ela está crescendo. Surge uma nova cidade e com ela inúmeros anseios de seus habitantes, sendo o principal o abastecimento dágua.
Há pouco mais de seis quilômetros, ao Norte, está o segundo maior reservatório d´água de nosso município: o Açude Lagoa do Arroz, com uma capacidade para mais de 80.000.000 de metros cúbitos de água, onde poderia ser construída uma nova adutora para abastecer esta região que vem tendo sérios problemas neste setor e vai se agravar cada vez mais com a construção prevista de mais duas mil novas moradias e a adutora desafogaria a antiga, a de Boqueirão de Piranhas, inaugurada em 1964, e que não está dando de conta do consumo aos 57 mil habitantes de nossa cidade.
Tenho certeza de que muitos habitantes da zona rural do nosso município gostariam imensamente de convidá-lo para comer uma galinha de capoeira em sua casinha na zona rural, só que Senhor Governador, sendo à noite, este jantar teria que ser à luz de lamparina, porque a energia de Paulo Afonso não chegou a muitos lares da nossa zona rural. Falta apagar ainda muitas lamparinas neste sertão esquecido.
Senhor Governador, quanto é triste ver muitos pobres de minha querida Cajazeiras implorarem ajuda para transportar seu ente falecido para o Instituto de Medicina Legal de Patos ou Campina Grande, para que de mãos de um atestado de óbito possa sepultá-lo. Será que esta cidade que tem quase cem médicos, com um hospital com 150 leitos, uma faculdade de medicina e uma outra a ser implantada em breve, não mereça nem tenha condição de ter um IML e que possa atender os 169 mil habitantes da Região do Alto Piranhas?
O Governo Federal tem feito todos os meses transferência de renda diretamente a 7.913 famílias em condições de pobreza e extrema pobreza de nosso município. Este é um número que preocupa a todos nós e vem aumentando a cada ano ao invés de diminuir. Será que a nossa pobreza está é aumentando? São milhares de famílias que sobrevivem do Bolsa Família e falta-nos uma política de ampliação do número de atendimentos de crianças em idade de freqüentar uma creche. A cidade dispõe de apenas três: uma do estado, uma do município e uma outra de uma entidade filantrópica e juntas atendem cerca de 120 crianças. Um número irrisório diante do estarrecedor quadro de famílias que vivem em condições de extrema pobreza. Não seria necessário mais creches?
Senhor Governador: temos abundantes informações sobre o potencial hídrico que o nosso município tem e será consolidado com a integração à bacia do Rio São Francisco, mas não vemos com clareza como vamos aproveitar esta imensurável riqueza, que talvez continue a ser desperdiçada e vendo-a passar no nosso território para fazer a riqueza e a grandeza do Rio Grande do Norte. Este fato faz-me lembrar do saudoso Monsenhor Vicente Freitas que costumava dizer: “estamos sustentando a cabra pra eles tirarem o leite”. Como construir alternativas para explorar estas nossas potencialidades?
Acho, Senhor Governador, que é chegada a hora de se reverter o atual quadro de disparidades que existe entre os paraibanos do sertão e os que estão próximos do litoral e necessário se faz uma distribuição melhor da pequena riqueza que dispomos, senão vamos continuar vivendo das migalhas do Bolsa Escola e outros programas federais que vêm se transformando ao longo do tempo em medidas paliativas e o que provoca um processo de “desconstrução” da cidadania.
O nosso desejo é que se diminuam os já graves desequilíbrios internos, além de uma ampla e democrática política da distribuição dos bens, acompanhada de uma promissora perspectiva de crescimento econômico.
Senhor Governador, agradecemos mais esta sua vinda a nossa cidade. Volte sempre. Estamos sempre de braços abertos, para juntos, neste abraço com a sociedade, para construção de uma Paraíba mais justa e com menos desigualdades sociais.
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