header top bar

José Antonio

section content

Celismar Alves: o criador e garimpeiro de conteúdo digital

22/09/2025 às 19h32

Coluna de José Antonio - "Foto antiga da região do Açude Grande de Cajazeiras-PB" - reprodução/Instagram/celismaralvescz

Por José Antonio – Tenho acompanhado as postagens de Celismar Alves nas redes sociais aonde ele faz um importante e valoroso resgate de vídeos e fotografias que tem uma importância enorme para a história de Cajazeiras. Na maioria dos vídeos, as entrevistas com personagens que marcaram o crescimento urbano da Zona Sul, principalmente, pouco tempo depois, da remoção do cabaré, que ficava por trás do cemitério, para a região que ficou conhecida como “Sete Candeeiros”, “A Palha” e outras construções específicas para instalar as “mariposas” com suas mudanças. Todas estas entrevistas foram feita por Neco da NPR e têm uma valor como “fonte histórica” inestimável e que poderiam fazer parte de um futuro museu do som e da imagem de Cajazeiras.

A secretaria de Cultura, junto com a ACAL poderiam fazer um resgate deste material para preservar a nossa memória, não só afetiva, mas também do ponto de vista do processo de crescimento urbano de nossa cidade.

Este material de Celismar me fez recordar de uma crônica que fiz há muitos anos sobre o que eu gostaria de reviver e de que tenho muitas saudades de minha Cajazeiras. Quem sabe Celismar com seu “faro” não vai conseguir estas imagens para todos nós cajazeirenses?

Saudades de Cajazeiras! Lembranças de suas antigas ruas, da feira aos sábados e dos vendedores de farinha na Rua Estreita, quando mais estreita é a saudade que aperta o coração.

De Bigodim lendo os versos da chegada de Lampião no inferno para uma platéia atenta e silenciosa, no pingo do meio-dia nas feiras dos sábados.

Falem-me da bolacha peteca quentinha da padaria de Zeca, trajado em sua bem engomada roupa branca. Da brilhantina cheirosa da farmácia de César, o integralista.

Lembranças da ladeira do cemitério com seus buracos e tombadilhos. Das poucas sombras dos xiquexiques e dos mandacarus da Praça do Espinho.

Saudades do ronco dos DC-4 da Varig que sobrevoavam os céus da cidade transportando os passageiros do sertão, concorrendo com a Viação Andorinha de João Rodrigues.

Saudades do restaurante de Hosana e suas deliciosas comidas. Falem-me do bar de João Abreu o preferido dos habitantes do Sítio Almas que assombravam a todos com suas valentias depois de encher o bucho de cachaça Pajeú.

Saudades do Cine Cruzeiro, de Eutrópio, das suas matinês no domingo à tarde. E no Cine Éden, com Zé de Barros na portaria, a exibir os filmes de Tom Mix e Mazaropi e a preocupação de Carlos Paulino para ninguém fumar durante as projeções.

Falem-me do Atlético jogando contra o Sousa no Higino que terminava sempre no pau e na delegacia. Lembro das procissões de Nossa Senhora de Fátima todo dia 13, da devoção do povo a debulhar as contas do seu rosário.

Falem-me das missões de Frei Damião e das suas caminhadas às quatro horas da manhã para purgar os pecadores e amancebados da cidade.

Que saudades das mulheres de sombrinha, dos homens de paletó branco e chapéu de massa. E o clube 1º de maio ao som do conjunto de Bembem, que separado do Tênis clube apenas pela parede do Açude Grande tinha como resposta os famosos bailes da Orquestra Manaira. Digam a Timbu e a Tideca que estou pronto para recebe-los para suas célebres serenatas.

Procuro ainda no silêncio da noite ouvir o apito do trem da RVC cheio de passageiros e mercadorias. Falem-me das peladas no campo do grupo Mons. João Milanês onde a molecada era aplaudida na hora do gol.

Quanta solidão na Praça João Pessoa, sem os velhos carnavais, sem os desfiles escolares, sem o Tiro de Guerra, sem os comícios de Otacílio Jurema, sem a cadeira de engraxate de Zé de Sousa, sem o bar alvorada, sem a escola de samba de João de Manezim.

A praça perdeu a sua majestade, mas continua reinando em nossos corações e nas eternas lembranças.

Se um dia eu tiver que alcançar a felicidade que seja num final de tarde a contemplar da parede do açude grande, o mais belo por do sol do mundo.

Saudades de Cajazeiras, dos meus tempos de moleque.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário e Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação.

Contato: [email protected]

José Antonio

José Antonio

Professor Universitário e Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação.

Contato: [email protected]

Recomendado pelo Google: