Sonhos e esperanças diante de uma nova batalha

Padre Rolim

Por José Antonio – Creio nos sonhos. Creio na esperança. É preciso que o homem sonhe, é preciso que o homem tenha esperança. Há 225 anos nascia um cidadão, nesta cidade de Cajazeiras, predestinado a ensinar aos filhos seus a acreditar nos seus sonhos e nas suas esperanças. E os seus ensinamentos foram muito bem entendidos pelos seus discípulos. Era o Padre Rolim.

Durante 40 anos, no passado, esta cidade sonhava em fincar no seu solo uma escola de medicina, sempre acreditando que a semente plantada pelo médico João Izidro Pereira, pudesse ser adubada e regada para que pudesse nascer, florescer e dar frutos. A luta foi vitoriosa e grande, que entendemos ter sido um dos MILAGRES DE PADRE ROLIM.

Todos os segmentos da cidade se mobilizaram e a célebre reunião realizada na Câmara Municipal de Cajazeiras, com a presença de vários prefeitos, lideranças regionais e do então Reitor da UFCG, Thompson Mariz, foi firmado um documento onde nele continha o compromisso da região em colaborar com o projeto de expansão da UFCG, Campus de Cajazeiras.

Líderes empresariais de Cajazeiras, querendo começar tornar concreto este protocolo de intenções, iniciou uma campanha para construção de um laboratório de anatomia. Na porta de quem batemos ninguém negou. O envolvimento foi tão forte que causava surpresa a todos nós que fazíamos parte desta campanha. Fui à cidade Fortaleza, para um encontro coordenado pela associação dos cajazeirenses residentes no Ceará para fazer uma explanação sobre a construção do laboratório, Alexandre Costa embarcou para João Pessoa, também com a finalidade de levantar recursos para tornar realidade a nossa proposta.

Dinheiro em caixa, os serviços foram iniciados. Os alicerces foram construídos, as paredes levantadas, a coberta foi feita, o piso, as esquadrias, as instalações hidráulicas e elétricas, a pintura, as bancadas, as janelas e finalmente a porta, cuja chave foi entregue no dia 13 de abril 2007.

Foi assim que Cajazeiras iniciou, na década de 30, a Catedral de Nossa Senhora da Piedade. O povo carregava pedra na cabeça, das pedreiras da cidade, uma a uma e doava o tijolo, a cal, a areia, o cimento, num grande mutirão edificou o mais belo e majestoso templo de todo o interior do nordeste brasileiro. O povo desta cidade está afeito aos grandes desafios. Não teme a luta e nem esmorece diante das dificuldades.

Esta cidade não teme as lutas quando são para defender os seus ideais, seus sonhos e suas esperanças e temos no passado vários exemplos e um deles, o de maior simbologia, foi quando no ano de 1876, morreu crivado de balas, no patamar da igreja de Nossa Senhora de Fátima, o líder liberal, tenente João do Couto Cartaxo, em defesa dos ideais libertários de Cajazeiras. Ele já sonhava como todos nós por uma Cajazeiras melhor.

Mas o fato mais importante para que este sonho de Cajazeiras o concretizasse foi à decisão do Reitor Thompson Mariz, a luz da sabedoria e da inteligência, visando acima de tudo à situação acadêmica e de infra-estrutura, definiu através de um relatório, que Cajazeiras “deve ser a sede da faculdade de medicina a ser instalada no Sertão da Paraíba”.

Esta semana encontrei uma patoense e ela me externou, passado tantos anos, a sua decepção por não ter sido a cidade de Patos a sede da faculdade de medicina.

Professor Thompson, sei de suas ligações afetivas e sentimentais com a cidade de Cajazeiras, cujo testemunho, invoco neste instante através de sua ex-professora, Antonieta Albuquerque, dos bancos escolares do nosso colégio estadual, mas temos certeza que o seu voto não foi influenciado pelas suas evocativas lembranças, lembranças dos piscares de olhos das belas moças que estudavam naquele educandário, mas pelo seu espírito de justiça. Esta cidade já o tem como filho, titulo outorgado pela Câmara Municipal de Cajazeiras. Cajazeiras continua lhe agradecendo.

Uma nova batalha é retomada: a CRIAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO SERTÃO, cuja primeira luta foi há 5.832 dias. Não importa quantos dias se passaram, mas que Cajazeiras quer partir para guerra, com a ajuda de todos os seus filhos e com espírito de Padre Rolim, de seus ensinamentos, exemplos e sabedoria possamos obter mais uma vitória.

Nossos sonhos e esperanças jamais morrerão. Vamos para a luta.

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José Antonio

Professor Universitário e Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação.

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