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Edivan Rodrigues

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Crise no hospital e caçadores de votos

05/03/2010 às 17h17

Por Francisco Cartaxo

Saí da audiência com o governador José Maranhão, terça-feira, dia 2, com a convicção de que a crise no Hospital Regional de Cajazeiras pode ser resolvida sem destruir o modelo de gestão que resultou de um pacto institucional visando fazer do HRC a indispensável base de apoio para os cursos recém criados e os previstos da área de saúde. Para tanto, é preciso retirar do HRC o ranço político-eleitoral que acompanha sua história. Sendo mais claro, impõe-se afastar do Hospital o controle partidário que o torna um instrumento caça-votos. Por quê? Porque tal prática não se ajusta ao novo papel do Hospital, que é o de transformar-se em unidade atrelada ao ensino de graduação e pós-graduação. Isto é tão relevante quanto a boa prestação de serviço à população. Aliás, os dois aspectos se completam.

Tarefa nada fácil, pois implica em profunda ruptura no uso secular do Hospital como fábrica de votos. Difícil empreitada, mas absolutamente necessária para fazer do HRC o núcleo fundamental do processo de desenvolvimento do ensino de saúde e do próprio crescimento de Cajazeiras e da região. Só um cego não vê isso. Cego ou obtuso. Obtuso ou egoísta. Então, vamos emprestar-lhes óculos de grau para fazê-los enxergar melhor. Neste caso, ver melhor é compreender a essência do modelo gestor e seu significado para o sertão.

O modelo atual assenta na administração compartilhada entre os três entes da Federação: a União, o estado e o município. Da convergência de recursos e energias desses três níveis de governo depende o bom funcionamento do Hospital. Hoje seu comando está entregue ao representante da União/UFCG (professor Antônio Fernandes Filho – diretor geral), ao representante do estado da Paraíba (professor Arturo Fernando Nogales – diretor técnico) e à representante do município de Cajazeiras (Jaqueline Abreu – diretora administrativa).

Muito bem. Do ponto de vista do pacto institucional, beleza. E a crise? A crise aflorou com a revelação de desavenças entre dois membros da diretoria: o diretor geral e a diretora administrativa, ou seja, entre o representante da UFCG e a representante do município. Não alcançou, portanto, o representante do estado. E daí? Daí que a causa real da crise talvez esteja na inadequação do perfil dos gestores indicados pelos respectivos entes federados. Refiro-me ao perfil ético, ao currículo profissional, à experiência acadêmica e, também, à exata compreensão do papel que o HRC deve desempenhar nesse momento de ruptura com sua história pontilhada de vícios eleitoreiros. Infelizmente.

Portanto, aí está a raiz da crise. Se existe desconfiança entre diretores do Hospital, as divergências deveriam ser expostas no âmbito interno e aí serem resolvidas. Os problemas são graves a ponto de exigirem auditoria? Discuta-se o problema, objeto de suspeita de improbidade administrativa e se faça o encaminhamento cabível. A propósito, em fala pelo rádio, segunda-feira, dia 1º, o prefeito Leo Abreu afirmou que as questões existentes no HRC são passíveis de solução. Impressão semelhante deixou transparecer o governador José Maranhão, na audiência de terça-feira, ao comentar que, na qualidade de gestor público, iria mandar investigar os possíveis desvios apontados, desde que a “denúncia” seja formalizada.

Se é assim, sobra má vontade e falta juízo. Querem destruir com os pés o que a sociedade cajazeirense tenta construir com as mãos. Um alerta final: amanhã poderá faltar voto aos que desejam caçá-lo na porta do Hospital.

Cajazeirense residente no Recife. [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

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