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Edivan Rodrigues

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Crônica da Alemanha

04/08/2011 às 20h32

Escutei a primeira buzina de carro quando já estava há três dias em Berlim! Até agora, quase uma semana, só ouvi seis buzinadas. O barulho de rua mais comum é o de sirenes de bombeiros ou ambulância e, claro, das rodas sobre os trilhos dos vagões do metrô. Outra zoadeira vem de obras de infraestrutura e construção de prédios, apesar da crise. A propósito, os imóveis aqui, em sua maioria, são baixos, entre três e oito pavimentos, porque são velhos, mas também pelo rígido padrão legal de altura na maior parte da cidade.

Outra coisa, o número de automóveis circulando é muito pequeno se comparado, por exemplo, com o que se observa em João Pessoa. Falo de uma cidade, Berlim, com seus 3 milhões e meio de habitantes. Nada de excepcional para quem conhece a vida europeia, onde reina o transporte de massa, metrô, bonde e ônibus. No caso de Berlim, a princesa das ruas nesta época do ano é a bicicleta. Isso mesmo, a bicicleta. Cidade plana, a capital alemã é o paraíso dos ciclistas, que trafegam em segurança nas ciclovias, obedecem os sinais de trânsito, e são respeitados por motoristas e pedestres. As pessoas se deslocam de bicicleta para qualquer lugar. Moto quase não existe.

Estou falando obviedades, de coisas banais em cidades europeias, estruturadas desde sempre, tranquilas, bem organizadas, com uma população habituada a respeitar a autoridade e os direitos dos outros. Sou um turista privilegiado. Tenho como cicerone minha filha, que aqui reside há 18 anos. Conhece tudo, me leva a visitar o que é importante. E orienta minhas andanças solitárias enquanto ela cumpre sua rotina diária de oito horas de trabalho.

Filha, eu não corro o risco de ser assaltado? Esqueça isso, meu pai, guarde sua paranoia de morador do Recife, ela me diz rindo… Mas, por mera coincidência, presenciei uma cena policial. Ao voltarmos de visita a um dos trechos do famoso Muro de Berlim, vimos dois alemães embriagados quebrar garrafas de cerveja, tendo como alvo o asfalto e uma placa de sinalização urbana, ameaçadores, falando em voz alta. Alguns transeuntes desviaram o caminho. Eu estava muito perto, não pude fazer o mesmo. Segui em frente, pisei firme no chão, feito cangaceiro, e entrei na estação do metrô. Mal boto os olhos no mapa do roteiro de regresso, aproximam-se os dois caras. Passam em direção à plataforma de embarque. Logo chega o trem. Subimos. Imediatamente, entram três policiais apressados e agarram um dos malfeitores que, todo enroscado nos braços da polícia, esperneia e grita de dor. A cena foi rápida, menos de cinco minutos.

Pouco importa o desfecho. Importa sim, a forma, a rapidez com que agiu a polícia. Minha filha me explicou: aquela senhora ligou, meu pai, eu ouvi na hora que a gente subia a rampa do metrô, apontando com os olhos a alemã que telefonara. Falei do Muro de Berlim. Em 2011, ele completa 50 anos de construído em plena Guerra Fria. Mas isso é outro papo.
 


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

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