D. José, o profeta
Qual a relação entre fé e política? Religião e políticas públicas? Religião e ètica?. Na noite do dia 16 de setembro aconteceu o Fórum Fé, Ética e Políticas Públicas que foi promovido pela Igreja Diocesana de Cajazeiras. Que contou com a presença dos Candidatos a Prefeito de Cajazeiras.
Diante de tantas palavras do Bispo D. José Gonzáles, uma de suas colocações me chamou muito a atenção, quando ele dizia que “A Igreja é perita em humanidade, em vivência fraterna. Tudo aquilo que afeta a vida humana é de interesse da Igreja. A política afeta a vida humana, portanto a política é de interesse da Igreja”.
Naquele momento e naquele espaço, uma multidão de pessoas que se expremiam, se apertavam na busca de um lugar confortável – o que era impossível, visto que o auditório estava lotado – para melhor ouvir o Pastor. Pois como muitas vezes foi reafirmado por D. José, que aquele momento se tratava de um evento pastoral e não de um comício, pois ali estava o pastor. Claro que ali também estavam aqueles motivados apenas por querelas políticas partidárias em busca de ouvir mais a si mesmo do que os outros.
Seguíamos então a ouvir a voz do Pastor. E a multidão seguia com seu barulho ensurdecedor que muitas vezes era impossível entender o que o Bispo estava a falar. Neste momento me lembrei da figura de João Batista, o maior dos Profetas do Antigo Testamento, quando ele dizia de si mesmo: “ Eu sou a voz que clama no deserto…” D. José era um novo João Batista, que mesmo diante de imensa assembléia, era como que clamava no deserto. Ela não o ouvia e não queria ouvir, ela não entendia e não queria entender. Por quê? Acredito que para ouvir e acolher a verdade é preciso antes sair de mesmo, de suas pretensões vazias e interesseiras. Aquela assembléia, na sua maioria, não estava disposta a tanto.
D. José evidenciava que a Verdade, a Liberdade e a Justiça são os fundamentos da Doutrina Social da Igreja. Por isso a Igreja não iria ser conivente com nenhuma atitude que pudesse vir a manipular ao seu prazer a realidade e a verdade das coisas. Neste momento foi muito enfático com relação ao uso dos meios de comunicação de nossa cidade. “Não sabemos quem está dizendo a verdade ou quem está dizendo mentira”. Falou ainda da importância do voto livre e da distribuição igualitária da terra. E denunciou o nepotismo, o voto de cabresto, o clientelismo.
Em um dado instante fiquei a contemplar aquele homem. Sua atitudes, seus olhares, seu modo as vezes manso e as vezes intrépido em falar. Mostrava sabedoria e coragem nas palavras ao mesmo tempo que denunciava por meio do seu silêncio. Parecia que trazia dentro de si a mesma urgência dos grandes profetas: A urgência de anunciar a verdade de Deus e da Igreja oportuna e inoportunamente.
A voz do pastor é aquela que se distingue em meio a tantas outras. Pois o próprio Jesus disse que as ovelhas conhecem a voz do seu pastor. A sua voz trouxe luz, a luz que não conhece ocaso, a luz que não se paga, a luz da verdade da igreja, a luz da verdade de Deus sobre a realidade dos homens.
O Fórum Fé, Ética e Políticas Públicas promovida pela Diocese de Cajazeiras favoreceu à um legítimo esclarecimento sobre o que a Igreja pensa sobre a Fé, a Ética e sobre Políticas Públicas. Mas para mim significou muito mais que isso: Significou a feliz constatação do múnus profético da Igreja, que anuncia quando deve anunciar, sem medo. Que o múnus profético da Igreja, que consiste em anunciar a verdade divina, comporta também a revelação ao homem, da verdade sobre ele mesmo, verdade que só em Cristo se manifesta em toda a sua plenitude.
Para saber mais
Visite meu Blog: www.damiaofernandesfragmentos.blogspot.com
CAVALCANTE, Robson. Cristianismo e política: teoria biblica e prática histórica. 2ed. Nioterói: Vinde, 1988.
JOAO PAULO II. Sollicitudo Rei Socialis. 1 ed. São Paulo: paulinas, 1988.
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