Dicotomia – a insensatez dos adultos com os menores desamparados

Por Maria do Carmo – O avanço da era das comunicações com a internet faz parte do cotidiano das pessoas e causa fortes impactos na sociedade. E neste barco estão a carência financeira e formativa das famílias, o mau caráter de outros, o desinteresse de entidades em defesa do respeito aos menores e para maior tristeza a falta de preocupação de certos políticos com a calamidade de muitas famílias nos aspectos: moral e econômico.
No espaço virtual das redes sociais surgiu um elemento que pode ser bom ou nocivo: os influenciadores. No mundo real, se encontram famílias carentes de informações para lidar com a realidade digital de forma segura e ao mesmo tempo financeiramente pobres e vulneráveis. Nesta configuração aparecem os mascarados de “bonzinhos” que na verdade, são exploradores que se utilizam de fáceis situações para seu enriquecimento financeiro se aproveitando da ingenuidade dos menores e da miséria das famílias dos mesmos. Há influenciadores digitais disseminadores de conteúdos de exploração sexual de crianças e adolescentes caracterizando assim, o submundo digital.
Não podemos colocar tudo na mesma balança no tocante aos influenciadores digitais, visto que há os que realizam vídeos de boas orientações à saúde física e mental, obviamente são profissionais da área, outros com receitas culinárias, uma mais saudáveis que outras, há também as dicas de beleza, de como organizar o look, e de nas etiquetas para eventos como também reflexões ligadas à espiritualidade. Estes e outros, são exemplos de contribuições positivas para os seguidores e enobrece o trabalho dos bons influenciadores. Seria bom que os usuários descobrissem os benefícios contidos nestes conteúdos e o quanto de efeitos enriquecedores resultariam na vivência dos mesmos.
No outro lado do mundo de influenciadores digitais se encontram adultos de mal caráter divulgando irresponsavelmente postagens cujas cenas desrespeitam à dignidade do menor de idade. Neste contexto, estão as crianças e adolescentes que antes de serem adultos já se tornam objeto de exploração, justo porque há os que se aproveitam da péssima situação em que mesmos se encontram. Não se imaginava, que um horrível quadro estivesse funcionando na internet através de influenciadores digitais que se apoderam de crianças e adolescentes carentes, pobres e desprotegidos.
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O erotismo desfaçado nas danças, são cenas absurdas e repugnantes vendidas por alto preço, enriquecendo alguém que se apropria dos menores de forma ilegal em troca de um abrigo e humilhante alimentação. Triste rotina destes menores, quantas noites mal dormidas em consequência da embriaguez e do cansaço corpo de mente imatura. Quantas vezes o estado emocional foi perturbado na realização de cenas, indesejadas, impróprias e ameaçadores da fantasia juvenil. São menores, que talvez, na euforia da realidade vivenciada, da falsa alegria, inconscientemente, criaram sequelas emocionais irreparáveis futuramente. Quantos medos sofreram, quem estava a ampará-lo? Quem responde? Ninguém!
O Brasil ainda apresenta um cenário de muitas famílias em situação econômica grave, um crescente número de crianças e adolescentes vitimadas por uma situação precária. Uma realidade de um grande número de famílias sem planejamento financeiro. O uso de drogas lícitas ou ilícitas levam os pais a desviarem o próprio dinheiro da bolsa escola para comprar estes tipos de drogas, tiram da boca dos próprios filhos o pão que os alimenta. O outro agravante está relacionado à falta de educação na própria família cujos pais perdem a sua autonomia e passam
a entender que, tratar os filhos com violência é a forma de colocar os limites e repreendê-los, ambiente familiar transforma-se em um verdadeiro inferno causando revolta nas crianças e adolescentes que podem se tornarem adultos desequilibrados socialmente.
No Brasil existe o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) regulamentado pela da Lei Federal 8.069/ 1990 através da mesma foi criado os Conselhos Tutelares nos municípios brasileiros com função de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente conforme o ECA. A missão constitucional dos Conselhos Tutelares consiste em representar a sociedade na defesa dos direitos da população infanto-juvenil aplicando medidas como: encaminhamento da criança ou adolescente aos pais ou responsáveis bem como orientação apoio e acompanhamento temporário, matrícula e frequência obrigatória em unidade de ensino, inclusão em serviço e programas sociais, requisição de tratamento médico, psicológico, psiquiátrico em regime hospitalar ou ambulatorial entre outros.
O cargo de Conselheiro(a)Tutelar é de suma importância Tutelar visto que através do voto da comunidade os(as) mesmos(as) passam a ocupar o colegiado, quem atua no Conselho Tutelar é independente sendo necessário a firmeza nas ações defensoras dos direitos e proteção dos menores conforme as diretrizes legais. Ética e compromisso são palavras-chaves, não se trata apenas de um emprego, mas de constituir um colegiado para agir dentro da legalidade isso requer um bom relacionamento entre os membros do conselho para realizar um trabalho pautado nos deveres de cada membro no respectivo colegiado. Para tanto é necessário disposição e coragem para aplicar as medidas punitivas independente da condição social, política ou econômica dos infratores praticantes de crimes contra os menores vulneráveis.
A legislação e a incumbências aos que estão à frente do conselho existem, todavia, o apoio do poder político constitui mais força para fazer valer as leis de amparo ao menor. É agravante quando segmentos políticos deixam passar imperceptíveis atitudes criminosas e nas entrelinhas se tornam coniventes às mesmas caracterizando assim, a contrariedade do verdadeiro papel de líderes defensores da população infanto-juvenil. A ideia do “deixa quieto” quando há interesses particulares relevantes; quando a bomba se explode e voam os farrapos da dignidade e respeito dos menores indefesos, onde se encontram aqueles que se usufruíram de algum benefício? Obviamente que a culpa é dividida entre todos os elementos envolvidos.
O ideal seria a atenção dos políticos em relação ao comportamento dos financiadores das suas campanhas em época de eleição, pois o enriquecimento de alguém pode ser às custas da exploração de menores bem próximo. Seria mais conveniente procurar saber como anda a realidade da comunidade a qual representa, realizar e colocar em prática projetos de incentivo e valorização dignificando o potencial juvenil. Diante de um cenário entre mundo virtual, espaço sem lei da internet, se encontram: famílias desestruturadas e menores que se tornam objetos de várias formas de exploração e criminosos são respaldados por uma política na contramão da Lei de amparo à infância e adolescência.
Professora Maria do Carmo de Santana
Cajazeiras, 25 de setembro de 2025
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