Eu vi

Por José Antonio – Quase todos os meus cabelos já estão brancos e com certeza, às vésperas dos 80 anos, comecei a descer a ladeira da vida. Durante os muitos anos já vividos fui testemunha ocular de muitos fatos políticos que enlutaram a minha alma e feriram os meus sentimentos.
Quando comecei, em 1972, a me envolver com a política partidária e já sendo eleito vereador e depois presidente da Câmara Municipal de Cajazeiras, pude presenciar a degradação do meio e a desilusão bateu muito cedo à minha porta. Terminado o mandato não mais concorri, mas tive uma “recaída” e fui candidato a vice da então prefeita, candidata à reeleição, Denise Albuquerque e acabamos derrotados. Não digo que não serei mais candidato a cargo eletivo, mas é uma hipótese muito remota.
Do ano de 1972, até os dias atuais vi muitas coisas acontecerem na história política da minha cidade.
Vi a Câmara sem uma sede para funcionar. Vi militares do exército ingressar no recinto desta mesma Câmara e solicitarem os livros de atas para investigar quais os vereadores que estavam “lendo pela cartilha da Revolução de 1964”.
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Vi uma reunião em Brejo das Freiras dos políticos de Cajazeiras com o governador Ernani Sátiro, onde foi combinado que seria Iemirton Braga o candidato a prefeito de Cajazeiras e ao chegar à frente do Hospital Infantil o pacto já havia sido desfeito. Quem foi ou foram o(s) traidor(es)
Vi Bosco Barreto começar uma campanha política, a prefeito de Cajazeiras, com os pés numa chinela japonesa, desacreditado e sem voto, mas o povão quase o elege, tendo perdido por uma diferença de pouco mais de 200 votos, para Antonio Quirino de Moura, que substituiu Dr. Gineto de última hora. O que teria acontecido nos bastidores?
Tenho visto que a política partidária da minha Cajazeiras tem se alicerçado numa montanha de traições. Traições que acontecem antes, durante e depois das eleições. Perplexo, numa eleição com apenas 11 votos, vi uma festa ser cancelada, na casa daquele que já se considerava eleito presidente da Câmara Municipal de Cajazeiras, por ter sido traído de última hora.
Tenho visto votações, ao longo destes anos, polêmicas e imorais que denigrem e desmoralizam o poder legislativo municipal e algumas, felizmente, por determinação do Tribunal de Contas do Estado, tiveram que ser anuladas. A quem interessam estes tipos de votações?
Vi e fiquei sem voz, pálido e sem poder me locomover, diante de uma cena degradante quando um vereador comunicou a um militar que ia lhe dar um título de cidadão cajazeirense, tão somente porque de passagem por Cajazeiras, foi visitar o prefeito da cidade. O próprio militar ficou morto de vergonha.
Vi e continuo vendo cenas tão degradantes na história política de minha cidade, dignas de um velório de primeira, inclusive com direito a banda de música no cortejo, que sinaliza para um total e completo descrédito em muitos dos nossos agentes políticos.
Tenho visto e vivido momentos mais de tristezas do que de alegrias. Mas a indignação se torna maior, quando continuamos a aplaudir, soltar confetes, palmas e papel picado no picadeiro político de Cajazeiras. Tudo em nome da democracia.
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