Futuro político de Cajazeiras
É difícil descobrir os eixos principais do governo de Léo Abreu, nesses dois anos de vaivém. A falta de estratégia de ação é pior do que as sucessivas alterações no corpo de auxiliares. Aliás, uma decorre da outra, ou seja, muda-se (ou se remaneja) secretário como se troca fralda de criança porque falta rumo seguro na administração e na política. Não se luta com garra pela implantação de projetos estratégicos. Talvez sequer existam… E eles são fundamentais para balizar e consolidar o atual ciclo de crescimento de Cajazeiras, e propiciar um salto de qualidade.
Em dois anos, quase todas as secretarias mudaram de mãos. Algumas já foram ocupadas por três titulares! Restam poucas intocadas. O cenário administrativo de Cajazeiras parece com biruta de aeroporto que gira ao sabor dos ventos. A troca de secretários não obedece a uma visão de futuro capaz de mover as peças na direção de objetivos claros. E eles existem? Talvez. Não são, porém, os objetivos da comunidade, mas de grupos ou de interesses subalternos. Isso ficou claro desde a saída de Adalberto Nogueira da Secretaria de Planejamento. Adalberto cometeu erro de avaliação ao tentar corrigir tudo, e ao mesmo tempo, o caos acumulado desde sempre. Caberia ao prefeito, então, ajustar os excessos e estabelecer etapas de atuação corretiva. Não o fez. Preferiu afastar o secretário-símbolo da mudança, prometida na campanha eleitoral.
Se na esfera administrativa o quadro é assim, no campo partidário o vaivém se manifesta com igual vigor. Filiado ao PSB, por cuja legenda foi eleito, Léo Abreu anda a procura de quê? Não se sabe bem. No entanto, esse emaranhado vai revelando a desarticulação que provoca a desagregação da frente partidária construída a duras penas em 2008, e agravada desde quando Léo optou por eleger o pai deputado estadual, logo acostado ao, na época, imbatível Zé Maranhão. Pai e filho alcançaram o objetivo, muito embora com o travo da derrota em dose dupla: a de Maranhão e aqueles 89 votos a mais, obtidos em Cajazeiras pelo deputado José Aldemir.
Recordar é preciso. Em 2008, Léo Abreu passou a idéia de conquistar a prefeitura para instalar projeto político que não se limitasse a derrotar a situação dominante, chefiada por Carlos Antônio. Pretendia inovar a forma de administrar Cajazeiras tendo como referência o modelo, bem sucedido do prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho, seu correligionário do PSB. Em nome dessa plataforma de mudança o povo de Cajazeiras o elegeu. No entanto, mudança não houve. Na verdade, Léo trocou um projeto de longo prazo por outro, imediatista, rasteiro, tradicional, de futuro duvidoso, no qual o protagonista passou a ser o pai, Antônio Vituriano. Um retrocesso. A mudança deu com os burros n’água. E afogou-se de vez na adesão a Zé Maranhão. A mudança, que já andava esgarçada, foi jogada no lixo à beira da estrada.
Muitos fatores contribuem para o vaivém em que Léo Abreu se acha envolvido. A falta de tesão para governar é apenas um requisito. Embora seja fundamental, não explica tudo. A ausência de um projeto estratégico para Cajazeiras, este sim, constitui o fundamento que ajuda a entender o vaivém do governo Léo Abreu, inclusive as sucessivas mudanças no secretariado, processadas como se a gestão fosse uma biruta, girando sob o impulso do vento.
E o futuro de Cajazeiras? A Deus pertence, eu sei, mas na próxima semana espero dar uma mãozinha.
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