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Edivan Rodrigues

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Guerra ao tráfico de drogas: novo modelo?

07/12/2010 às 10h06

A reconquista do Morro do Alemão, mostrada em cenas ao vivo na tevê, não é o começo da guerra contra o narcotráfico e outros ilícitos. Muito menos o fim. Aliás, o combate ao tráfico é apenas um braço do gigantesco problema das drogas. Uma nesga, embora no presente caso do Rio, seja de grande significação para o Brasil. Na verdade, o que estamos vendo se insere na complexa questão de âmbito mundial, que vai da produção de matérias primas, nos confins do mundo, até a polêmica descriminalização do uso de drogas leves, como a maconha. Sem falar nas conseqüências políticas advindas das promiscuas relações de poder, fonte de intrincadas redes de corrupção e morticínios. Aqui e em qualquer lugar do mundo.

Dinheiro não resolve a questão das drogas. Os Estados Unidos (que se situam na ponta do grande consumo mundial) gastam, anualmente, bilhões de dólares. Boa parte em países da América Latina. Quase em vão. Experiência, como a do Plano Colômbia, inspirado e financiado pelos americanos, emprega rios de dinheiro numa mistura de política, ideologia, corrupção, desrespeito aos direitos humanos, com resultados questionáveis como solução para coibir a produção e o tráfico de drogas da periferia para os centros mundiais de consumo. Outro exemplo: a terrível guerra travada no México, onde existem cidades inteiras, na fronteira com os Estados Unidos, sob o controle de grupos rivais de narcotraficantes, exibe um saldo de quase 30 mil mortos, inclusive de políticos e autoridades policiais e do Judiciário. Custos elevados em grana, desassossego e mortes de muita gente inocente.

Até agora, as tentativas de combater as drogas (e em particular o transporte e a distribuição) têm-se revelado incapazes de deter esse comercio ilegal, perverso, avassalador que mexe com as estruturas do poder. Por isso, dá gosto ver o povo das favelas do Rio aplaudir os agentes do “bem”, militares e civis, das Forças Armadas ou da Polícia. Anima ver a reação de moradores, expressa na alegria de circular nas ruas agora livres e, sobretudo, em dar informações seguras sobre esconderijos de bandidos, armas, munições e drogas. Essa colaboração se estende a denúncias de violência e desrespeito com que alguns policiais costumam tratar a população pobre.

Não se deve esquecer, todavia, que a operação em si é apenas um elo de imensa cadeia de ações que vêm sendo estudadas e executadas, de forma compartilhada, por muitos entes públicos e não governamentais, em integração com a comunidade. As Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), peças chaves desse processo, são um passo, certeiro até agora, rumo a soluções permanentes. Isso mexe com os bandidos.

O sucesso dessa experiência, apenas em começo, pode gerar um modelo eficaz no combate ao narcotráfico. Pelo menos, mais eficaz do que os muitos já tentados, aqui e além fronteiras. Isso é bom, especialmente porque o Brasil tem-se destacado,
desgraçadamente, como o maior centro de passagem de drogas para a Europa, mesmo sendo um produtor marginal nesse mercado ilegal. Daí porque as cenas do resgate dos morros do Rio animam o mundo inteiro, pois lá fora também se anseia pela construção de um sólido modelo de combate às drogas, que congregue os demais países da América Latina e suas imensas fronteiras abertas ao narcotráfico.

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

Edivan Rodrigues

Edivan Rodrigues

Juiz de Direito, Licenciado em Filosofia, Professor de Direito Eleitoral da FACISA, Secretário da Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB

Contato: [email protected]

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