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Maria do Carmo

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História, paralelos e controvérsia

21/08/2023 às 20h29

Cidade de Cajazeiras. (Foto: reprodução/internet).

Por Maria do Carmo – Cajazeiras, de uma magnífica paisagem ao cair da tarde com os raios avermelhados do sol refletindo nas águas do Açude Grande, formando um espetáculo natural no sertão da Paraíba. Seu nome é uma referência à existência de pés de cajás onde foi construída os marcos originários da cidade: a Fazenda das Cajazeiras. A complexidade geopolítica da “Terra do Padre Rolim” é caracterizada por uma série de fatos ordenados e oficializados da sua origem sendo que um deles precisa de mais exatidão e divulgação, uma vez que se trata de um marco oficial de extrema importância na História de Cajazeiras.

A cidade está localizada no extremo oeste do estado, ocupando uma área de aproximadamente 563 km quadrado, pertence à região metropolitana do estado da Paraíba com uma distância de 475km da capital João Pessoa. Com mais de um século de existência, não é uma cidade tão antiga, no entanto os avanços e o crescimento em todos os setores impulsionam, o progresso do estado. Cidade hospitaleira, abrigo para todos; do próprio município, quanto os imigrantes de outros lugares: quem vem para Cajazeiras geralmente fica em Cajazeiras; é uma espécie de um refúgio, é o acreditar que há o encontro de uma vida urbana mais digna e um jeito das pessoas “se darem bem” na linguagem popular.

Entre emoções e realidades, segue a descrição desta cidade que se enquadra no cenário do desenvolvimento e modernidade, mas oferece um clima pacato, seus habitantes são pacíficos, gentis e alegres. Se há o fantasma da violência, porém é bastante combatido e os caminhos da paz estão sempre abertos na “Grande Cajazeiras”. Se há escassez quanto as fontes de emprego e insuficiência financeira para mantença de uma boa parte das famílias, contudo o desejo de morar em Cajazeiras é mais forte e tantos cajazeirenses buscam emprego em outro lugar, entretanto a base familiar, sua residência permanece em Cajazeiras.

Segundo relatos históricos, o início de Cajazeiras começou no século XVIII, nas terras localizadas à margem da Lagoa São Francisco cedida pelo governador da capitania Paraíba do Norte, Luís Antonio Lemos Brito, aos proprietários Francisco Gomes Brito e José Rodrigues da Fonseca por meio de uma sesmaria: lote de terreno que os reis de Portugal sediam aos novos povoadores para o cultivo (Dicionário Aurélio). Em 07 de Fevereiro de 1767 outro governador da capitania, José Jerônimo de Melo, doou parte da terra para o pernambucano Luís Gomes de Albuquerque, pai de Ana Francisca de Albuquerque que em forma de “dote” presenteou sua filha com uma gleba de terra ao contrair matrimônio com Vital de Sousa Rolim natural de Jaguaribe estado do Ceará.

Conforme registros oficiais, a partir do dia 29 de Agosto de 1859 através da lei provincial Nº 5, Cajazeiras tornou-se um distrito pertencente ao município de Sousa. A elevação do distrito à categoria de Vila, aconteceu no dia 23 de Novembro de 1863 pela Lei provincial Nº 92 sancionada pelo governador Francisco Araújo Lima, através deste decreto Cajazeiras passa a integrar o quadro dos municípios da Paraíba na condição de “Vila Cajazeiras”. Com a criação do município foi instalada uma câmara municipal comum   sendo o governo municipal representado pelo  sacerdote Padre José Tomaz sendo  oficializada a instalação  em 20 de Junho de 1864; Cajazeiras foi elevada à categoria de “cidade” no dia 10 de Julho de 1876 pela lei 616.

Cajazeiras tem registrado o seu passado-raiz deve ser reconhecido pela população, afinal são vários “fatos” datados oficialmente que são relatados sobre a ótica dos historiadores: o “aniversário de Cajazeiras”seja sua fundação ou emancipação política. Há um lapso de memória na interpretação da expressão “Dia da Cidade” criada pelo vereador do passado que enaltece Cajazeiras associando ao seu principal fundador, o Padre Inácio de Sousa Rolim, nascido aos 22 de Agosto, trata-se da sua memória viva nos dias atuais. A confusão acontece quando se atribui esta data ao aniversário da cidade, faltando exatidão deste fato oficial e ao mesmo tempo o ícone fundador de Cajazeiras estar se tornando esquecido pelos cajazeirenses, salvo os desfiles e apresentações das escolas que ainda transmitem o sentimento de respeito à perpetuação da lembrança do “sábio sacerdote” para a atual e futuras gerações cajazeirense e aos visitantes.

O padre Rolim filho de Ana Francisca de Albuquerque “Mãe Aninha” e Vital de Sousa Rolim nasceu no Sítio Serrote no dia 22 de Agosto de 1800 vindo morar no Sítio Cajazeiras na residência construída por seus pais. Em 1804 foi erguida uma Casa grande e o Açude Grande onde cresceu o futuro padre que se ordenou sacerdote em Setembro de 1825, constrói a Escolinha de Serraria atraindo estudantes locais e da região. Em 1843 o padre Rolim funda o colégio Salesiano, hoje Colégio nossa Senhora de Lourdes. A célula desenvolvimentista de Cajazeiras é marcada através das escolas de padre Rolim, o mentor da fé, protagonista da educação e da cultura sendo também a principal alavanca do progresso e crescimento na formação inicial da atual cidade: Cajazeiras.

A população e os visitantes do berço da cultura precisam comemorar os fatos históricos de acordo com o que está comprovado na história oficial, permitir que o equívoco continue é negligenciar verdades documentadas. Mediante a História de Cajazeiras há três fatos oficializados: em qual deles há viabilidade para as comemorações alusivas a fundação e emancipação da “Terra que ensinou a Paraíba a ler”? Com a palavra: os historiadores, o poder executivo, o poder legislativo, representações da sociedade civil, a imprensa falada e escrita, enfim, os cajazeirenses e cajazeirados.

Comemorar com júbilo o dia 22 de Agosto é fazer manter vivo o grande legado do padre Inácio de Sousa Rolim, educador e combatente do analfabetismo, motivador da formação profissional aos homens e também às mulheres. ”Padre Inácio, perseverante na ação de educar o bom semeador, o Anchieta do Sertão”.

 

Professora Maria do Carmo de Santana

Cajazeiras, 21 de Agosto de 2023


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

Contato: [email protected]

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Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

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