KANT e a educação para a autonomia
Kant é por excelência o pensador da modernidade. É impossível falar ou escrever sobre a filosofia moderna e não mencionarmos o nome de Immanuel Kant (1724-1804), devido à grande importância e do impacto que seu pensamento teve para o desenvolvimento do conhecimento ocidental. O conjunto da obra kantiana traz em si o método da crítica sobre as possibilidades e capacidades da razão em conhecer ou estabelecer princípios absolutos sobre a realidade. Kant nasceu no dia 22 de abril de 1724 em Königsberg, pequena cidade da Prússia. Morre em 12 de fevereiro de 1804, ás vésperas de completar 80 anos, sem nunca ter abandonado sua cidade natal. Como fruto da sua maturidade intelectual, as principais obras do seu criticismo e um dos eixos centrais do seu pensamento são: Crítica da Razão Pura (1781), a Crítica da Razão Prática (1788) e a Crítica da Faculdade de Julgar (1790). Suas teses foram consideradas causadoras de uma revolução copernicana.
O pensamento kantiano é considerado como o iniciador de uma grande revolução na estrutura do pensamento moderno. Tal qual Copérnico que substitui o sistema geocêntrico – teoria do universo geocêntrico, onde a terra está parada no centro do universo e o Sol e outros astros giram no seu entorno – milenarmente aceito como verdade absoluta desde às construções teóricas aristotélicas e ptolomaicas pelo sistema heliocêntrico – teoria do universo Heliocêntrico, onde o Sol está parado no centro do universo e a terra e outros astros giram no seu entorno. Portanto, Kant em sua Crítica da Razão Pura lança os fundamentos para a construção de novas configurações sobre o conhecimento humano ou uma nova revolução copernicana no campo da epistemologia. Primeiro, afirmando que o objeto não se constitui como ente absoluto na relação do conhecimento entre sujeito-objeto, como vinha sendo afirmado pelo conhecimento metafisico.
Porém, buscaremos um olhar sobre o pensamento educacional de Kant, estabelecido em seus escritos do período 1776 a 1787, que na ocasião foram produzidos para a ministração de um curso de pedagogia realizado na Universidade de Königsberg e oportunamente foram recolhidas por Theodor Rink, discípulo de Kant e publicadas pela primeira vez no ano de 1803.
A obra Sobre a pedagogia de Immanuel Kant, surpreende pelo texto conciso e por uma clara oscilação entre conselhos práticos no que refere aos cuidados físicos com a criança e a exposição de princípios pedagógicos e educacionais no decorrer interno da obra. Para uma melhor compreensão do corpo da obra, torna-se fundamental estabelecer que muitos dos princípios expostos no Sobre a Pedagogia, Kant discute amplamente em outras obras, tais como Crítica da Razão Pura, Metafísica dos Costumes, entre outras. A obra Sobre a pedagogia, apresenta um Kant pedagogo que estabelece o sujeito moral como princípio basilar da educação. “O homem é a única criatura que precisa ser educada”, assim inicia Kant em sua obra Sobre a Pedagogia. Esta é considerada uma obra menor, que está dividida em três partes: Introdução, Sobre a Educação Física e Sobre a Educação Prática.
A visão do filósofo Immanuel Kant sobre a educação é uma arte que não é posse privilegiada de uma sociedade, mas que pelo contrário, deve ser feita e refeita, construída e aprimorada pelas gerações que se seguem no percurso cultural do tempo. Esta educação deve estar para promover o desenvolvimento das disposições naturais do homem, ou seja, as disposições naturais para o bem que é parte constitutiva do indivíduo. O homem deve, antes de tudo, desenvolver as suas disposições para o bem. Essas disposições naturais para o bem ainda não constituem uma marca distintiva da moral, ou seja, elas não se desenvolvem por si mesmas, mas estão na natureza como um ato benevolente da providência. Caberá, então, à uma educação raciocinada e não puramente mecânica, a força para desenvolver a natureza de tal modo que ela possa seguir o seu destino na busca de produzir em si a moralidade.
Segundo o pensador de Königsberg “não se devem educar as crianças segundo o presente estado da espécie humana, mas segundo um estado melhor, possível no futuro, isto é, segundo a ideia de humanidade e da sua inteira destinação. Esse princípio é da máxima importância. O estabelecimento de um projeto educativo deve ser executado de modo cosmopolita. Uma boa educação é justamente a fonte de todo bem neste mundo” (KANT, 2006, p. 22).
Poderíamos afirmar, que na obra Sobre a Pedagogia de Immanuel Kant, a educação do homem está sustentada sob o fundamentos de quatro pilares, a saber, a disciplina, o tornar-se culto, a prudência e a moralidade. Conceitos estes, que serão amplamente abordados na segunda parte da obra que terá como título Sobre a Educação Prática. Para poder dar resposta ao conjunto das suas exigências fundamentais, a pedagogia kantiana sustenta-se sob quatro princípios fundamentais de uma educação em vista da autônoma dos sujeitos.
PARA SABER MAIS
KANT, Immanuel. Sobre a Pedagogia. Trad. Francisco Cock Fontanella. 2ª ed. Piracicaba: Ed. UNIMEP, 2002.
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