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Damião Fernandes

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Kleber Lima e seus Fantasmas

19/08/2013 às 22h51

A cidade de Cajazeiras, justamente na semana em que completa os seus históricos 150 Anos, é aturdida por uma notícia cadavérica e assombrosa. Não por causa dos personagens, mas sim, devido aos seus imorais contextos artesanais. O nobre senhor Kleber Lima, que foi eleito Vereador em Cajazeiras pelo PTB, na coligação Cajazeiras de Mãos Limpas com a representatividade de 1.141 cidadãos que o elegeram para legislar pelas causas do povo e desta pólis está no epicentro do furacão.

Segundo matéria publicada no site www.diariodosertao.com.br no dia 19 de Agosto de 2013 ás 16h08, o Parlamentar mirim mantinha como um dos seus assessores especiais em sua labuta como vereador na Casa Otacílio Jurema, um cidadão por nome de Claudenor Soares da Silva. Até aqui, tudo bem, visto que todo e qualquer cidadão tem o direito de pela sua competência ser alçado á categoria de assessor parlamentar de toda e qualquer casa legislativa. Mas a grande questão – e aqui está o aspecto macabro da estória – é que o Sr. Claudenor não habita mais na terra dos vivos e somente quando o INSS emiti a certidão de óbito do falecido, descobriu-se que em vida ele assumia um cargo de grande pompa social, pelo qual era muito bem remunerado por sinal. A família enlutada afirma que Claudenor nunca viu um centavo do montante de 678.00 reais mensais. De acordo com a matéria, a família do Sr. Claudenor precisou recorrer à esmolas do poder executivo para ser enterrado com dignidade. A partir daqui, todos nós sabemos quais serão os primeiros passos da defesa: Primeiro, será negar peremptoriamente a veracidade da informação e depois desqualificar moralmente o Sr. Claudenor e talvez a família do mesmo.

Eu já estava determinado, depois do meu último artigo sobre temas políticos desta pólis, a não ocupar esse espaço com tais assuntos, visto que aqui em cajazeiras, todo e qualquer tema ganha cores partidaristas e faccionistas. Quem me conhece sabe, não alimento nenhuma das pretensões. O que escrevo, escrevo simplesmente na condição de um genuíno cidadão desta pólis que é ciente dos seus direitos, deveres e indignações. Sabe ainda, que os impostos pagos por cada cidadão cajazeirense, não é em hípose nenhuma, para ser usado para sustentar funcionários fantasmas de nenhuma localização geográfica: Terrestre ou muito menos extra-terrestre.   

A existência de "funcionários fantasmas" na Casa Otacília Jurema é uma ofensa aos inúmeros trabalhadores desta cidade que são obrigados por lei à apresentarem-se aos seus trabalhos cotidianamente ou então terão seus salários cortados. A existência de "funcionários fantasmas" na Casa Otacília Jurema é uma ofensa aos inúmeros trabalhadores desta cidade que mesmo sendo trabalhadores vivos, presenciais e honestos, ainda são obrigados a trabalhar em condições degradantes e humilhantes. A existência de "funcionários fantasmas" na Casa Otacília Jurema é uma ofensa a todo Pai e Mãe de família que labuta de sol a sol para sustentar seus filhos, não para lhe dar vida luxuosa, mas ao menos o necessário para a sobrevivência.

Em suma, a existência de "funcionários fantasmas" na Casa Otacília Jurema constitui uma prática abominável e perniciosa da máquina pública e fere diversos princípios constitucionais de observância obrigatória para toda e qualquer Administração Pública que tenha o mínimo de senso de moralidade, tais como: a moralidade administrativa, a eficiência, a impessoalidade, a finalidade administrativa e o da eficiência.

Para quem não sabe, “funcionário fantasma” é aquela pessoa nomeada para um cargo público que jamais desempenha as atribuições que lhe cabem. Ou seja, recebe sem trabalhar, se enriquece ilicitamente à custa do erário público e do suor do contribuinte, na maioria das vezes com remunerações muito superiores à da maioria da população brasileira, que não conta com o denominado "padrinho" ou "pistolão". Trata-se de experiência corriqueira, mas totalmente reprovável, tanto do ponto de vista da autoridade que nomeia – aqui no caso o nobre vereador Kleber Lima – quanto da pessoa que aceita ser favorecido por tal ilicitude.

Mais uma vez “A terra que ensinou a Paraíba a ler” ou “ A terra da cultura” leva mais uma rasteira em suas concepções conceituais e de tradicionalismo utópico, quando vemos se perpetuar em nossa cidade sob o silêncio omisso de autoridades políticas e/ou de intelectuais orgânicos, práticas nocivas e ultrajante, autoritárias e imorais. Alguem que foi eleito para defender as causas do povo, defende causas próprias. Alguém que foi escolhido para representar os vivos, usa dos mortos para se locupletar.

Quem sabe, essa não será a oportunidade do legislativo de Cajazeiras deixar claro para a população de que lado está sentado: Se do lado do corporativismo parlamentar ou do lado do povo em defesa dos seus legítimos direitos. Quem sabe, o Presidente da Casa ou algum heroico vereador não possa convocar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar e dirimir as dúvidas da população? È apenas uma ideia.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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