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Abraão Vitoriano

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Menos pompa, mais talento

16/06/2015 às 13h18

Ah, todo mundo tem uma dorzinha, mas grande parte tem receio de falar. Receio não, vergonha, pavor, medo de parecer frágil, de que “mostrar as fragilidades permite o sucesso dos inimigos”. Sim, agora todos têm inimigos.

Não é mais coisa de histórias infantis, desenhos animados e novelas de Aguinaldo Silva. Inimigos no trabalho, na vida pessoal, nas redes sociais. Diretas e indiretas que chovem sem cessar. 

Mas do que estava falando mesmo? Do direito de sentir, seja dor, alegria, angústia, gozo. A sociedade de hoje nos obriga a ser felizes – e este papo vem me cansando. Se você fala de algo que incomoda, fulana corre com antidepressivo. Como assim? Quer dizer que não tenho direito de ser eu mesmo neste mundo? Quer dizer, nunca tive. Em tempos em tempos, os moldes da época vão emburrecendo a multidão de iguais. Os bens de consumo. As necessidades de fama, de carro do ano, de roupa de marca. Alma, que nada, esta pode esperar na UTI.

Porque é emergencial acreditar numa teoriazinha de botequim: “sonhos são perfeitos e as pessoas felizes”. Esta droga vicia na primeira calça da Calvin, ou na primeira viagem para a próxima esquina. Selfie. Termos da moda. Gente que come pouco e pensa menos ainda. Academias lotadas e bibliotecas fechando. 

Estou em pleno colapso. A minha cabeça dói e quero sentir a dor – do início ao fim – gota a gota – lábio a lábio. Nem sei mais o que pretendia expressar. O fluxo dos últimos acontecimentos tem me chamado atenção.

O secretário municipal fala em primeira pessoa no rádio: o meu convênio, a minha proposta. A mulher faz malabarismos com a boca, tudo para sumariamente dizer: eu uso aparelhos, gente. Sinto vontade de chorar com as suas mechas mal feitas de um loiro qualquer. Loiro qualquer? Como assim? Se o loro me incomoda, sou preconceituoso? O que tais fatos isolados têm a ver com o meu destrambelhado discurso? Discurso? Estou rindo para não chorar. Neste texto sem respostas. Nestas compilações de fomes e pontas de esperanças.

Posso ser triste, posso não falar erudito e mesmo assim ganhar respeito dos idiotas? A vida é tão simples e ser feliz nem é tudo isto que se imagina. Estar feliz é menos pompa, mais talento. 

Abraão Vitoriano

Abraão Vitoriano

Formado em Letras e Pedagogia. Pós-graduado em Educação. Escritor. Poeta. Revisor de textos. Professor na Faculdade São Francisco da Paraíba e na Escola M. E. I. E. F Augusto Bernadino de Sousa.

Contato: [email protected]

Abraão Vitoriano

Abraão Vitoriano

Formado em Letras e Pedagogia. Pós-graduado em Educação. Escritor. Poeta. Revisor de textos. Professor na Faculdade São Francisco da Paraíba e na Escola M. E. I. E. F Augusto Bernadino de Sousa.

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