O estranho silêncio de Cajazeiras
Cajazeiras está anestesiada. Os seus lideres amordaçados e acovardados. Nunca vi esta cidade com tanto medo de falar, de cobrar e de exigir. Já vi esta cidade mais rebelde, mais valente, mais forte e mais impulsiva.
Por que tanto silêncio? Por que tanto medo? No passado, nem com baionetas e com fuzis escalados e encostadas nas costelas houve tanto silêncio e tanta covardia.
Quedamos-nos, que vergonha!
Ajoelhamos-nos, que covardia!
Não se ouviu um único grito ainda em defesa dos que agonizam e aguardam a hora de morrer, nem muito menos estamos tendo piedade de mães que choram e clamam por assistência para seus filhos que padecem nos casebres da periferia.
Nunca na minha vida vi um quadro de tanta degradação humana, de tanta tristeza e miséria. Um jovem de apenas 23 anos, já esquelético, quase sem fala e sem mais andar, depois da pouca assistência que teve no Hospital Regional de Cajazeiras, sua mãe o levou para casa e agora tenta salvá-lo, levando-o para João Pessoa, mas está encontrando dificuldades para transportá-lo.
O grito desta mãe não tem ecoado. É um grito no vazio, mas não perdeu a esperança de salvar o filho e tem feito uma peregrinação, de porta em porta, implorando a piedade dos homens. Ela se agarra ao pequeno fio de vida do filho para arranjar coragem e sua peregrinação ainda será muito longa e dolorosa.
Por onde andam os nossos homens públicos?
Tem sido estranho este silêncio em defesa de uma presença mais efetiva dos órgãos públicos em nossa cidade. Ainda não temos noticias quando os serviços do Hospital Regional serão ampliados; muito menos da retomada dos serviços do Aeroporto Regional; da conclusão das 70 (setenta) casas do Conjunto Vereadora Maria do Carmo; do inicio das obras da UPA; da ampliação do sistema de abastecimento d´água para acabar com o racionamento; da retomada do saneamento sanitário da Zona Norte e muitas outras obras.
Recordo-me de um fato que aconteceu quando João Agripino era governador e em uma de suas visitas a Cajazeiras foi cobrado de não está fazendo nada pela cidade e a resposta dele foi a seguinte: “a culpa é de vocês que nunca me pediram ou cobraram nada”. Foi um silêncio geral.
Mesmo o Estado, como se divulga, estando quebrado e desmantelado, este fato não nos impede de pedir e cobrar do novo governador ações e obras para o nosso município. Já é tempo, já é chegada a hora, principalmente na área de saúde, porque os filhos da miséria e da pobreza de nossa periferia clamam por socorro e não dá mais para esperar e não podemos ficar mudos diante de tanta degradação humana.
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