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Maria do Carmo

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O folclore nordestino em desfile

29/06/2025 às 09h45

Quadrilha de festa junina (Foto: Agência Senado)

Por Maria do Carmo – O Nordeste brasileiro, região de um grande tesouro folclórico; um imenso painel que talvez esqueceremos de falar sobre todos eles. A seguir delineia a descrição de um passado que hoje se tornou manifestações folclóricas do Nordeste, o berço da cultura junina, são costumes de um povo do passado, alicerces culturais das gerações atuais

A começar pelo mundo da poesia na Literatura de Cordel os livrinhos impressos que no passado eram vendidos nas feiras pendurados nos cordões, onde se aglomerava muita gente   compradores do folheto, diga-se de passagem, que onde tinha livros da Literatura de Cordel existiam também muitas gargalhadas dos admiradores em reação ao que era lido. No papel simplório estavam escritos uma infinidade de versos muito bem rimado; para os que liam com cuidado, cada estrofe transformava-se numa canção de versos cadenciados cuja sonorização fazia um elo cultural entre o autor do poema e a criatividade instantânea do leitor.

Na linguagem simples na Literatura de Cordel se encontravam temas: amorosos, sociais, políticos, catastróficos, críticos e engraçados, poemas com alto teor de ironia à pobreza, outros com zombarias e deboche de uma situação rotineira exemplo: a traição, alguns com uma pitada de safadeza: o oposto dos bons costumes, censurados por uns e aplaudidos por outros. Enfim; a magia do poema estava a efervescência de uma arte literária nascida na memória do repentista e poetas populares do Nordeste do Brasil.

Agora entra em cena o folclore dos santos juninos, no mês de junho a aura festiva inebria o Nordeste Brasileiro, talvez nem todo mundo perceba, no entanto, celebrar e realizar algo que enaltece as festas tradicionais nordestinas se tornam muito especial no ápice da modernidade.   Para tanto relatar um pouco sobre a meteorologia é conveniente mesmo existindo uma metáfora mesclada com o real, na verdade o clima no mês de junho tem oscilações entre quente e frio com chuvas espaçosas, pela madrugada bate um ventinho até com garoa. Muitas vezes as fogueiras são apagadas e os admiradores vão dormir; no passado muitos forrós paravam e os forrozeiros descansavam, depois a animação recomeçava.

Os espetáculos das quadrilhas com ritmos autênticos e tradicionais caipira: homens e mulheres vestidos de xadrez, listras, florais, alinhado aos passos bem ensaiados dos cavalheiros e damas realizadas nas residências rurais onde existia um “grande pavilhão” ao ar livre e os cordões com bandeirinhas de papel transparente cobriam o céu   e o teto colorido quase que imaginário se formava. A dança matuta acontecia com coreografia convencional ao som da sanfona, do triângulo e do zabumba e no ritmo de uma marcha assim dizia meu pai”; os diversos movimentos dos dançarinos formavam desenhos interessantes quando o marcador dizia “olha o parafuso”, “caminho da roça”, olha a chuva”, “olha o pai da noiva” e outras mais…

Chegada a hora do casamento matuto, entre o teatro do discurso do padre, dos noivos, dos pais dos noivos e das testemunhas o linguajar caipira muito presente, porém carregado de piadas maliciosas, porém a intensão era a comicidade a fim de provocar boas risadas no público que assistia. Terminado o casamento o dono da festa; um compadre fulano dava o grito de guerra “sanfoneiro puxa a sanfona” o artista tocava o dobrado triunfal repercutindo nas quebradas nos campos, nas serras: de longe se sabia que ali teria arrasta pé. Como a mola mestra do autêntico forró é o trio famoso e “hoje” onde há esta orquestra tocando há uma atmosfera de alegria, os embalos contagiantes da música forrozeira estimulam a alguém dançar nem que seja por uns segundos em algum lugar

Conciliado à festa dos “arraiás” estavam os autênticos pratos saborosos, comida gostosa e original, uma gastronomia de fino gosto. Nas festas de São João e São Pedro os agricultores já tinham colhido o milho, o feijão e outras culturas, mesmo “com um inverno fraco” assim dizia o sertanejo, contudo existia pamonha, canjica, milho assado e cozinhado, bolo com cravo, erva doce e canela untado com folhas de banana ou de palha de milho assado num forno à lenha, somado ao baião de dois, carne de porco ou de bode assado nas brasas da fogueira.

O artesanato nordestino tem origens que dar interesse saber, pois as peças de renda foram fabricadas inicialmente pelas mulheres nordestinas quando já tinha feito a luta da cozinha. O   algodão, “o ouro do Nordeste” se tornava um fio fino esfregado no cotovelo e o fuzo girava velozmente, uma vez torcido se transformava em linha utilizado para fazer redes, cobertas, rendas desenhadas feitas nas almofadas de bilros, bordados feitos à mão.  Neste cenário tinha também as famosas “louceiras”, ou seja, as mulheres que preparavam a argila e fabricavam lindas peças: panelas, tampas, pratos, tigelas e o gigante prato de barro que ficava na boca do pilão no canto da cozinha. O artístico pote com desenhos bem trabalhados apoiado no pé de pote também feito de barro com bordados nas bordas fruto da imaginação da artista onde se colocava água bem fria para beber.

Nesta passarela se apresenta a arte da xilogravura símbolo que destacam os cenários nordestinos: mandacarus, outros cactos, o lavrador, fauna e flora divulgam através da tinta e dos pincéis os panoramas campesinos, os costumes e raízes da vida do sertão de um Nordeste rico e belo nas tradições e na resistência das conservações folclóricas. A Xilogravura de Cordel se tornou uma marca registrada   na literatura de cordel do Nordeste sendo associada aos folhetos de cordel. Somando a estas manifestações estão os repentistas populares figuras marcantes na arte do “repente improvisado” ao som da viola na qual há grandes nomes em destaque tantos homens como mulheres do Nordeste.

Onde há Festa Junina, Forró, Cordelismo, Xilogravura e Repentistas, com certeza tem criação nordestina de raiz. Que as evoluções aconteçam, que a mentalidade juvenil não se esqueçam de que zelar estas riquezas culturais é torná-las sempre presentes estes  ingredientes tradicionais formadores do folclore nordestino,  é também prova de sensibilidade e amor às marcas da vivência das raças formadoras do povo brasileiro.

Professora Maria do Carmo de Santana

Cajazeiras, 27 de junho de 2025


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

Contato: [email protected]

Maria do Carmo

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Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

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