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Damião Fernandes

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O Intelectual fanfarrão

17/03/2015 às 19h27

Em toda sociedade, ou em quase todas, há homens e mulheres cuja função social é a de ‘intelectual’: escribas, padres, professores, quadros técnicos ou científicos, escritores, pesquisadores etc. Mas para que haja ‘intelectuais’, no sentido estrito do termo, é necessário que nessa sociedade exista um espaço público.

O intelectual é aquele que engaja sua competência particular para dar-lhe um sentido universal, é aquele que usa a autoridade do seu saber para dele fazer uma autoridade moral, é aquele que produz idéias com fatos e não a partir de vazias averiguações politicóides e aventureiras. Homens ditos “intelectuais”, usam de palavreados emancipados em defesa da honra, da ética, de valores sócias históricos. Mas que na verdade o que pretendem é induzir a consciência das pessoas em nome de pretensas novidades históricas.

Mas, em nome de quem o intelectual toma a palavra? Em nome de seu saber ou em nome dos seus interesses? É certo que o saber liberta, se comparado à ignorância ou à superstição. É o que todos os intelectuais modernos sempre proclamaram e proclamam. Mas é preciso muita atenção: É grande o risco de que esse saber seja instrumento de outro poder e acrescente o peso de sua própria dominação às servidões que ele pretende golpear. Para certos intelectuais, antes que ao saber, elas preferem estar a serviço da bajulação serviçal do poder. São os intelectuais fanfarrões. Fanfarrão é o nome dado àqueles que exibem pseudo capacidades e qualidades que não possuem. Na verdade, passam o tempo todo negando defeitos e inseguranças que possuem.

A quem serve um saber que sujeita-se em estar a serviço de um determinado engendramento político? quando muitas vezes essa mesma ideologia ou seus ideólogos tem se mostrado fanfarrões, medíocres e censuram-te da vontade individual das pessoas? A possibilidade de intelectuais estarem atrelados a certas estruturas políticas dominantes com o claro objetivo de justifica-las sendo seus avalistas é possível. Isso é comprovadamente possível. O teólogo Leonardo Boff está aí para provar esta estatística.

Na “cidade que ensinou a Paraíba a ler”, convivemos com esses modelos de intelectuais que apresentam posturas de homens das letras e do saber, que adotam um intelectualismo puramente serviçal de justificativa do status quo.  Estão preocupados em defenderem é suas bandeiras pessoais e as do seu grupo social. Um comportamento ético de um intelectual sério e comprometido com a verdade das coisas e dos fatos seria o comportamento da imparcialidade, da neutralidade enquanto ser político. A voz do intelectual compromissado com a verdade fala para todos e não apenas para um restrito grupo.

Para poder falar a todos, é preciso que o intelectual abra mão de seus objetos particulares e possa falar de tudo a fim de defender os valores universais (justiça, verdade etc) e não seus valores individuais. Como disse Sartre, o intelectual é em primeiro lugar ‘aquele que se mete naquilo que não é da sua conta’. Mas por que teria ele, mais do que outro, o direito de falar? À impossibilidade dessa pretensão totalizante de Sartre, Foucault opôs a modéstia do ‘intelectual específico’ que fala a partir do lugar que ocupa e não em lugar dos outros. Mas sobre quais valores partilhados por todos pode ele fundar sua ação? Das duas concepções de intelectual, o antagonismo de Sócrates e dos sofistas já é exemplar.

 Aos intelectuais que de forma emancipada de qualquer cor político-partidária, étnica, religiosa ou social contribuem com suas reflexões singulares, oportunas e corajosas os nossos parabéns. E àqueles tais intelectuais da corte, que por ventura são manobrados por seus interesses pessoais ou grupo político-social, o nosso sentimento de repúdio e rejeição.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

Contato: [email protected]

Damião Fernandes

Damião Fernandes

Damião Fernandes. Poeta. Escritor e Professor Universitário. Graduado em Filosofia. Pós Graduado em Filosofia da Educação. Mestre e Doutorando em Educação pela (UFPB). Autor do livro: COISAS COMUNS: o sagrado que abriga dentro. (Penalux, 2014).

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