O melhor de Cajazeiras
Outro dia fiquei um bom tempo conversando com um velho amigo e conterrâneo, que vive pelo mundo, queria saber as novidades de Cajazeiras. Foi um encontro casual, numa das minhas andanças, também pelo mundo. E me dizia: – “sinto saudades de Cajazeiras. Não há vida boa a não ser na minha terrinha”. Fiquei matutando: …pensei que só quem queria bem e sentia saudades de Cajazeiras era eu. Dizia Monsenhor Vicente que o bicho que se parecia mais com gente era matuto em cidade grande. E era o que parecíamos.
Conversa vai, conversa vem e começamos a fazer uma relação do que existia de bom em nossa cidade. Resolvemos não lembrar as nossas mazelas. Basta de conversar sobre o que ruim. E listamos:
A sombra da cajazeira da biblioteca e dos pés de oiticica ao lado câmara;
A cerveja e o bate papo do bar do Hilário;
A pipoca de Lira, na rodoviária velha;
O picolé de cajá da sorveteria de Walmor;
Comprar frutas fresquinhas na feira do sábado, na Praça Coronel Matos;
Comprar carne de bode e "fuçura" no açougue da Camilo de Holanda;
Comer tucunaré e pirão de peixe no bar do Ernesto;
Dançar toda quinta feira o “forró das enfermeiras", no bar de Mazinho;
Paquerar e dançar nos finais de semana no Leblon;
Sentar nos bancos do balde do açude e contemplar o por do sol;
Assistir as partidas do Atlético contra o Sousa, no Perpetão;
Tomar banho no pé das comportas do Açude do Boqueirão;
Comer galinha de capoeira no bar de Seu João, no parque de exposição;
O pirão de galinha de capoeira do “Boizinho da Kipão”, no jardim Oásis;
Tomar banho na piscina do Campestre;
Tomar uma cachaça bem "friinha" no Bar do Bigode, na Praça do Espinho;
Comprar carne de porco no açougue de Cazuza, na rua Dês. Boto;
Ser ou ter sido aluno de Carmelita Gonçalves;
Rezar na igreja Nossa Senhora de Fátima;
O forró de pé de serra do Sitio Cocos;
Comer "rubacão" com bode cozinhado e pão de milho no bar de Dada;
Comer fava no “bar da Fava”, com torresmo de couro de porco;
Conversar com Nestor Braga e Eudes Cartaxo no calçadão da Tenente Sabino;
Tomar chope gelado à sombra das cajazeiras no Teatro Ica;
Ver as “meninas” de João de Manezim desfilando no dia da cidade;
Tomar caldo de cana com pão doce no Mercado Central;
Comer quebra-queixo feito por Zé do Doce;
Andar no Táxi de Ratinho, o mais antigo da Praça Coração de Jesus;
Participar do café e do papo, todos os sábados, na Hort-frut de Diniz;
Tomar uma geladinha e falar da vida alheia no Bar de Toinho Bibiano;
Contemplar a cidade do alto morro do Cristo Redentor;
Ouvir Frei Damião rezando o Pai-nosso, as seis da tarde na Alto Piranhas;
O queijo de manteiga da “bodega” de Tiquinho, na Camilo de Holanda;
Ouvir a Banda Santa Cecília, conduzida pelo Maestro Dedé e
Ouvir as conversas sem pé nem cabeça de Bocão.
Depois de tanta conversa sentamos em uma mesa do shopping, pedimos um sorvete de cajá, para de longe, sentirmos o gostinho de nossa terrinha. É nisso que resulta quando dois cajazeirenses apaixonados por sua cidade se encontram: falar e falar de sua terra, feito dois adolescentes.
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