O Pacto e o projeto
O Pacto ensaiado pelo deputado Ruy Carneiro pode morrer no primeiro vôo de volta de Brasília, entre ruminações de episódios, ainda quentes na emoção dos protagonistas. Acordo se faz entre contrários, por isso, nada a estranhar na insistência de Ruy em tentar juntar, sem discriminação partidária, a bancada paraibana no Congresso, unindo-a em torno de objetivos bem definidos e delimitados com clareza. Do contrário, o Pacto se esvai. Ou vira dança de caranguejo no mangue. Muito pior, na lata, alguns puxando os que tentam subir nas paredes.
Para ser realista, o Pacto Pela Paraíba deve focar lutas concretas. Por exemplo, captar recursos da União para viabilizar gigantesco programa de saneamento básico. Nada de obras polêmicas, é o próprio deputado federal quem esclarece, elas dividem. Melhor deixá-las fora do Pacto, para que a energia advinda da união das elites políticas não se dissipe, deixando a Paraíba nesse patamar humilhante, lá embaixo, no conjunto dos estados nordestinos, fonte de frustração dos paraibanos.
Após o balanço, seguido do anúncio de obras e serviços, feito pelo governador Ricardo Coutinho, no dia 11, é fácil selecionar projetos para dar substância ao Pacto. Fácil, bem entendido, desde que se tenha consciência de que uma das causas da fraqueza econômica política da Paraíba se enraíza no nosso jeito caranguejo de ser. Intervenções pontuais só adquirem sentido de impulso quando resultam de projeto de desenvolvimento bem estruturado, em sintonia com uma estratégia global, ajustada aos reclamos da Paraíba. Inclusive, pela incorporação de peculiaridades de cada região do Estado. Só assim, recuperaremos o tempo perdido em questiúnculas políticas, as eleições transformadas em intermináveis pendências judiciais.
O Pacto representa um avanço, sem dúvida, merecedor do apoio de todos. Mas é insuficiente. Por quê? Porque ações tópicas não apontam o rumo capaz de tirar a Paraíba do atraso relativo. O norte precisa ter amplitude, visão global. E deve partir de quem recebeu delegação do povo em outubro de 2010. Além disso, Ricardo Coutinho ostenta a pesada responsabilidade de ser o único governador na história da Paraíba não gerado nas oligarquias e com trajetória política forjada nos movimentos sociais. E mais, a legitimidade do mandato atual vem do reconhecimento do acerto do seu jeito de governar. Longe de tapinhas nas costas, e próximo das reivindicações coletivas, expostas sem subterfúgios, em debates e decisões nas plenárias do Orçamento Democrático.
Ao assinalar os cem primeiros dias de governo, Ricardo Coutinho não disse, com a simplicidade e a nitidez dos sábios, aonde quer levar a Paraíba, como tratar, por exemplo, as diversidades regionais, de modo a barrar o avanço dos desequilíbrios econômicos e sociais dentro do Estado. Este aspecto, fundamental na montagem dos eixos de desenvolvimento da Paraíba, deve aflorar nas discussões que Ricardo pretende iniciar com a população das principais comunidades paraibanas. Aí, sim, o Pacto se completa. E Ricardo salda promessa de campanha. E a Paraíba, quem sabe, pode dar um grande salto.
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