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Josival Pereira

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O Sertão está excluído dos núcleos de poder no Estado

15/08/2025 às 20h04

Coluna de Josival Pereira

Por Josival Pereira – Com a pressa dos agoniados,  as principais lideranças políticas do Estado vão correndo, muito antecipadamente, para definir chapas para a disputa das eleições estaduais de outubro de 2026.

Já existem três chapas alinhavadas: 1) Lucas Ribeiro, candidato a governador, com João Azevedo e Nabor Wanderley como candidatos ao Senado; 2) Efraim Filho candidato a governador e Marcelo Queiroga como candidato a senador; e 3) Cicero Lucena candidato a governador, Pedro Cunha Lima candidato a vice-governador e Veneziano Vital do Rego como candidato a senador.

É perceptível que várias candidaturas ainda estão no campo das conjecturas, muito em decorrência do longo da lapso de tempo que falta para as eleições, mas todas estão nos mapas de probabilidades. E probabilidades concretas.

Qual o debate que a antecipada formatação de chapas para as eleições estaduais sugere?

Não é a prematuridade, nem a proeminência dos interesses individuais e de grupos ou a ausência de vínculo das candidaturas a projetos de desenvolvimento Estado.

O grave problema aí é a quase total ausência de nomes do Sertão do Estado, a falta de representação da grande região sertaneja nos núcleos de poder na Paraíba.

Não precisa nem se deter para mensurar a quantidade de eleitores espalhados pelos sertões de Patos, Vale do Piancó, Pombal, ampla região de Catolé do Rocha, Sousa, Cajazeiras, entre outros rincões sertanejos. O mapa e a menção às localidades dão bem a demissão de seu poder eleitoral.

Mas, como na economia, o poder está se concentrando nos grandes centros.

Há três eleições estaduais (2014, 2018 e 2022) praticamente não existem nomes de políticos com militância do Sertão nas chapas que disputaram o poder.  Pode-se lembrar de Efraim Filho, Pollyana Werton e Lucelio Cartaxo. O último não tem militância no Sertão, Efraim   faz a defesa da região, mas tem militância fluida em todo o Estado e Pollyana entrou sacrificada.

Sente-se a falta do que ocorreu entre 1982 e 1994, por exemplo. Nas chapas de 1982, disputaram Wilson Braga (governador eleito), Marcondes Gadelha (senador eleito) e Antônio Mariz; Marcondes foi candidato a governador em 1986; Mariz foi eleito senador em 1990, numa eleição da qual também participaram Wilson Braga e Marcondes Gadelha; Mariz foi eleito governador em 1994.

Em 1998, o Sertão ficou de fora das chapas majoritárias, mas marcou presença em 2002 com Efraim Morais (senador eleito) e Wilson Braga; em 2006, Zé Lacerda foi eleito vice-governador, e, em 2010, Wilson Santiago disputou o Senado e Deca do Atacadão foi eleito suplente de senador.

O Sertão quase sempre apareceu com força nas composições de chapas majoritárias. João Agripino, natural de Brejo do Cruz, foi eleito senador em 1962 e governador em 1966; Ruy Carneiro, de Pombal, foi eleito senador em três eleições seguidas (1958, 1966 e 1974) e ainda foi candidato a governador em 1965.

Na ditadura, o Sertão teve Ernani Sátiro (1970) e Ivan Bichara (1974) como governadores e Antônio Mariz ainda se meteu a candidato nas eleições indiretas de 1978.

Para ilustrar ainda mais, registre-se que os cajazeirenses Otacílio Jurema disputou o voto direto e foi eleito suplente de senador em 1954 (tendo assumido dezembro de 1955 e março de 1956 e dezembro de 1956 e abril de 1958) e Bosco Barreto disputou o Senado em 1978 por sublegenda do MDB (50.032 votos).

Qual a moral dessa história? O Sertão está sendo excluído dos núcleos de poder do Estado e parece não ter força para furar o bloqueio.

Nabor Wanderley pode ser a salvação da lavoura, mas sua liderança ainda não se espraia Sertão acima.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Josival Pereira

Josival Pereira

Jornalista com passagem em várias emissoras de rádio, TV e jornal da Paraíba.

Contato: [email protected]

Josival Pereira

Josival Pereira

Jornalista com passagem em várias emissoras de rádio, TV e jornal da Paraíba.

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