Os avanços de Cajazeiras
Não resta duvidas das inúmeras conquistas de Cajazeiras nos últimos 17 anos, inclusive, se sobrepondo às suas “concorrentes” no Sertão, a exemplo de Patos e Sousa.
Lembro-me que este jornal, quando Josival Pereira era o editor, abriu uma série debates com as lideranças políticas, empresariais e sociais da cidade de Cajazeiras, com o intuito de descobrir qual a vocação da cidade para alavancar o seu desenvolvimento, e lógico, a Educação era a unanimidade. O desafio era trabalhar essa questão no campo político e empresarial para que a cidade se transformasse no que é hoje.
Patos se encontrou com o calçado; Sousa sempre teve vocação para a questão industrial e produção agrícola, principalmente a fruticultura, em função das terras baixas e do Perímetro Irrigado de São Gonçalo.
Cajazeiras era apenas um “grande pote d’água”, juntamente com São José de Piranhas, onde está localizado um dos maiores mananciais do Estado, Boqueirão de Piranhas, sem maiores investimentos na agricultura irrigada nas margens do Rio Piranhas e na piscicultura. Tudo sempre foi feito de forma muito rudimentar e doméstico. Mesmo diante de toda aquela riqueza até os assentados pelo Dnocs no povoado que leva o mesmo nome enfrenta até hoje, enormes dificuldades.
Cajazeiras, acanhada, parada, deu passos largos para o seu crescimento, a partir da criação dos investimentos feitos, principalmente depois do ano 2.000 pela iniciativa privada, com o apoio, lógico, da gestão municipal e classe política de uma forma em geral, com a implantação da Faculdade Santa Maria; depois da São Francisco e da reestruturação da FAFIC e fortalecimento do único campus universitário público federal, a UFPB e depois, UFCG, que era apenas um Centro de Formação de Professores, mas importantíssimo para formação profissional de milhares de jovens da região e de parte do Ceará e Rio Grande do Norte.
Outra conquista fundamental para acelerar ainda mais esse crescimento foi a conquista do Curso de Medicina no campus da UFCG, após uma disputa acirrada com Sousa e Patos; depois, todo esse trabalho coroado com o segundo curso de medicina, desta feita, na Faculdade Santa Maria. Cajazeiras passava a ser de fato uma cidade universitária e isso puxou vários outros segmentos, principalmente, da construção civil, estimulado pelo programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal; surgiram os edifícios com apartamentos para alugar aos estudantes; o número de mototaxistas aumentou; ainda hoje praticamente toda semana abre-se um novo restaurante ou marmitaria na cidade; até o mercado da diversão cresceu com a abertura de choperias que promovem festas toda semana. Enfim, uma coisa foi puxando a outra.
No mesmo do caminho veio a federalização do Hospital Infantil que melhorou consideravelmente o atendimento à população, com perspectiva de ampliação dos serviços e o grande projeto na área de saúde que seria a construção de um grande hospital universitário. Cajazeiras também se transformou em um polo importante de prestação de serviços na área de saúde, com a abertura de várias clínicas médicas, que talvez até tenham sido beneficiadas com a deficiência do setor público, que não conseguiu acompanhar os avanços tecnológicos, principalmente na questão dos exames por imagem; o nosso HRC não consegue fazer as cirurgias eletivas que a população precisa, entretanto, essa crise, infelizmente, é nacional; até as cirurgias de catarata estão sendo feitas em regime de mutirões. Tentando amenizar essa deficiência no setor público em relação aos exames por imagem, o prefeito municipal buscou recursos para implantação de um Centro de Diagnóstico por imagem.
Paralelo a tudo isso outra conquista importante de Cajazeiras foi a construção e homologação do aeroporto e seu balizamento noturno, graças a uma articulação e luta da sociedade civil organizada, principalmente, lideranças empresariais, aliás, esse tem sido o diferencial de Cajazeiras nos últimos tempos destacado por jornalistas da capital do Estado em vários artigos publicados. Foi assim também com a conquista do IML. Nessas duas questões também deixamos Sousa para trás.
Soma-se a tudo isso, a construção de um prédio amplo e moderno para o funcionamento da 6ª Ciretran; a Escola Técnica Estadual que já está funcionando; a Estrada do Amor. A briga agora é pela implantação de linhas aéreas regionais.
Sousa, que continua apostando na indústria, tendo é verdade que mesmo diante de tantas adversidades da natureza, conseguiu frutificar o laticínio que fabrica os produtos ISIS, sucesso de vendas em todo Nordeste, mas foi penalizada por algumas questões: gestões municipais desastrosas, que entraram em conflito com o poder estadual; a seca que destruiu as plantações do Perímetro Irrigado de São Gonçalo e o fato de ter pedido força no campo político: a cidade que já contou com nomes como Marcondes Gadelha e Antonio Mariz, hoje não tem um único representante na Câmara ou no Senado.
Para se ter uma ideia, tem uma verba para modernização do Perímetro Irrigado de São Gonçalo e até agora, sem liberação. Uma conquista foi a Rodovia da Produção, que em função da seca, não cumpriu totalmente sua finalidade; outra, o açude de São Gonçalo está sendo recuperado, inclusive, com comportas automatizadas. A volta de bons invernos e principalmente a chegada das águas do Rio São Francisco abrem um flanco de desenvolvimento para Sousa e até para Cajazeiras e região, incluindo, lógico, São José de Piranhas, principalmente na questão da produção agrícola, piscicultura, agropecuária, turismo e indústria, já que nesse contexto, Cajazeiras só regrediu nas últimas décadas.
Apesar de todos os avanços a impressão que temos é que Cajazeiras caiu um pouco no esquecimento: a recuperação do Açude de Engenheiro Ávidos, que vai receber as águas do Rio São Francisco, não saiu do papel; a homologação do balizamento noturno também não se ouviu mais falar; o asfaltamento da estrada de Boqueirão, também não. Na contramão dessa situação, o prefeito José Aldemir corre para Brasília em busca de recursos para o recapeamento asfáltico da cidade outra obra importante e necessária.
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